A tradição cultural cigana no RS, em livro da pesquisadora Débora Soares Karpowicz

Débora Karpowicz em frente à Fonte Talavera, na Prefeitura, onde as ciganas costumam ficar para ler a sorte. Foto Luis Ferreirah/ Divulgação

 

A pesquisadora Débora Soares Karpowicz escolheu o dia 24 de maio, data em que se comemora, em todo o mundo, o dia de Santa Sarah Cali ou Kali (que significa “negra”), padroeira do povo cigano, para lançar seu livro de estreia, “Ciganos – História, Identidade e Cultura“. A obra analisa em que medida a longa tradição cultural cigana e sua condição de povo nômade, ágrafo e excluído social e politicamente de várias formas, em vários continentes, há vários séculos, se preserva na vida cotidiana de quatro grupos de ciganos que viveram – e ainda vivem – em localidades diferentes do Rio Grande do Sul, a partir do início do Século XXI.

O projeto é uma iniciativa da Associação Clube ArteparaTodos, que venceu o Edital 21/2016, obtendo o financiamento do Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e Cultural (Fumproarte), ligado à Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre. Devido às medidas temporárias de prevenção ao contágio pela COVID-19 (novo Coronavírus), o lançamento ocorrerá de forma virtual, por meio de um live que contará com a participação da autora e será mediada pela jornalista e produtora cultural Silvia Abreu. O evento será transmitido em tempo real, simultaneamente enquanto ocorre, por meio das redes sociais do projeto: http://www.instagram.com/ciganoshistoria e http://www.facebook.com/CiganosHistoria

– Pensar a história dos ciganos é perceber que tudo aquilo que reproduzimos, que escutamos, muitas vezes, não é verdadeiro, então, quando nos apropriamos da real história desse grupo, da sua identidade, da sua cultura, constatamos o quanto temos a aprender com esse povo, avalia Débora Soares Karpowicz. E acrescenta: – Eu diria que o meu maior aprendizado com os ciganos, particularmente os quatro grupos que analisei nestes dois anos de convivência, em que estive presente em seus acampamentos, foi a resiliência, afirma.

Segundo Débora, desde o Século XVI, particularmente no Brasil, os ciganos vêm sofrendo constantes ataques. – São discriminados, perseguidos pela polícia e por grande parte da população. A despeito disso, eles continuam lutando, observa. – Eles lutam para garantirem sua identidade, por pertencimento, para manterem-se e para serem ciganos. Portanto, temos muito que aprender com eles, com sua cultura, que é diversa, que é una, que é plural. A resiliência e a luta cigana ainda são os principais valores que eu aprendi com este povo”, conclui.

“Ciganos – História, Identidade e Cultura” foi escrito a partir de sólida pesquisa e de entrevistas com grupos de ciganos de Porto Alegre e Região Metropolitana e não ciganos em diferentes bairros de Porto Alegre, além de observações junto à comunidade cigana que trabalha no Centro de Porto Alegre e, em grande parte, mora na Região Metropolitana, ao longo de dois anos. Tal estudo é fruto do trabalho de conclusão de mestrado no curso de História, desenvolvido na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), por Débora Soares Karpowicz, hoje doutora na mesma área.

Débora conta que os motivos que a fizeram se dedicar ao tema iniciaram, primeiramente, da observação de um grupo de ciganas, atuando no Centro de Porto Alegre, e da forma como as pessoas se relacionavam com aquelas mulheres. A partir de aí, decidiu iniciar o estudo visando o seu mestrado em História. Foi quando constatou a escassa bibliografia existente sobre o assunto a ser investigado. – Ao iniciar minha pesquisa, há cerca de 10 anos, não havia na minha faculdade nenhum estudo científico sobre este grupo étnico. Eu encontrei, apenas, um livro na área de Filosofia e alguns apontamentos, bem dispersos. Existem, sim, pesquisas relevantes sobre o tema, mas não no Rio Grande do Sul, pelo o menos no período em que eu fiz minha investigação. Provavelmente, já tenha outras pesquisas de relevância, mas nas últimas vezes que eu procurei, de fato, não tinha absolutamente nada, então isso foi uma das razões que me fizeram pesquisar, explica a autora.

Sobre a autora:

Débora Soares Karpowicz é doutora em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Mestre em História (PUCRS-2011). Graduada em História (PUCRS-2009). Desenvolveu pesquisa de doutorado relacionada à História da Penitenciária Feminina Madre Pelletier de Porto Alegre (RS-Brasil). Atua, principalmente, nas seguintes linhas de investigação: História do Brasil, História do Rio Grande do Sul, História das Ideias, História das Instituições, Etnicidade, Identidade, História dos Ciganos.

Sobre o ArteparaTodos:

O ArteparaTodos é uma associação de artistas, fundada em 2006, sem fins lucrativos, que tem como objetivo estimular, valorizar e divulgar as artes em seus mais variados gêneros, estilos e formas de expressão. A associação visa à colaboração entre artistas, propondo encontros e trocas de experiências, ajudando na produção de exposições e auxiliando na organização profissional dos artistas. As parcerias entre os artistas, outras associações, empresas públicas e privadas, completam os objetivos da associação. O ArteparaTodos divulga e colabora com todas as formas de arte, manifestações culturais e movimentos artísticos.

Acesse: http://www.arteparatodos.art.br/

Lançamento do livro “Ciganos – História, Identidade e Cultura”. Live no Instagram e Facebook, com Débora Soares Karpowicz. Mediação: Silvia Abreu

Quando: 24 de maio de 2019, 18h

Redes Sociais:

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