Na próxima sexta-feira, 24, às 19h, a livraria Taverna sediará um bate papo de lançamento do livro “Nós não caminhamos sós – histórias de isolamento no antigo Leprosário Itapuã”, da jornalista e escritora Ana Carolina de Oliveira. O livro é resultado de dois anos de pesquisa sobre a história do hospital, da doença e da vida das pessoas que foram isoladas no Leprosário depois do diagnóstico de Lepra (doença hoje em dia curável e chamada de hanseníase).
Entre os anos de 1940 e 1985, mais de 2,4 mil pessoas foram segregadas compulsoriamente no Leprosário Itapuã, uma minicidade construída artificialmente para isolá-los no município de Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre. Em comum, apenas o diagnóstico de Lepra. Partindo da história de duas mulheres que tiveram a vida atravessada por esta política segregacionista de profilaxia da doença, o livro reportagem busca registrar como era a vida no local, resgatar o histórico da doença – conhecida como a mais antiga da humanidade – e recordar a mobilização da sociedade gaúcha para a construção do Leprosário.
O bate-papo contará com a presença da autora Ana Carolina de Oliveira, da jornalista Mariana Oselame e de Magda Chagas, coordenadora do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase de Porto Alegre e Região Metropolitana (Morhan MetroPoa), e falará sobre o processo de construção o livro-reportagem e sobre a atual situação do hospital, que está em processo de fechamento pelo Governo do Estado. O lançamento tem apoio do Morhan e do Morhan MetroPoa, e é realizado pela Livraria Taverna e pela Editora Sulina.
A Livraria Taverna fica na Rua dos Andradas, 736 – Casa de Cultura Mario Quintana, Centro de Porto Alegre).
Leia também:
Três pacientes travam o fechamento do último hospital colônia do Brasil: “Nós não caminhamos sós”
Depoimentos sobre o livro:
Luís Augusto Fischer: “Tudo isso é contado aqui com mão segura, após pesquisa documental e reportagem certeira, por Ana Carolina de Oliveira. Seu texto é tão primoroso quanto pode ser, pela fluência da frase e por uma outra virtude, superior ainda, a extrema discrição com que as palavras se comportam para dar protagonismo a quem de fato importa aqui, os internados em Itapuã, especialmente Eva e Marleci.
O livro de Ana Carolina não tem poucos méritos. No correr dos capítulos, vão sendo trançadas a história de duas mulheres com a história da cidade, do estado, do país e do mundo, e ainda com a história quase infinita da lepra, da hanseníase, doença velha como o mundo conhecido.”
Jane Tutikian: “Com inteligência e sensibilidade, a autora nos coloca diante de uma sociedade a um só tempo simples e complexa: simples porque resolve seus problemas, complexa porque, ao resolvê-los, revela vidas que foram roubadas em plenitude. É como denuncia e reage à indiferença e à injustiça social a que foram submetidos os habitantes do Leprosário Itapuã, reconstituindo as trajetórias de Eva e Marleci. Trata-se de uma leitura instigante e, por isso mesmo, prazerosa, onde a articulação do conteúdo gera uma modulação textual singular: a de Ana Carolina, fazendo, já, do seu texto uma referência e iluminando, como poucos conseguiram, uma parte esquecida das cidades de Porto Alegre e Viamão, que se pode ampliar incontavelmente mundo afora.”