Bíbi Jazz Band apresenta “Parla piu piano” na paisagem idílica de O Butiá.

Foto: Divulgação

 

No próximo domingo , dia 15, Bibi Jazz Band apresenta o show “Parla Piu Piano”, em referência à clássica trilha sonora do filme O Poderoso Chefão (1972). No repertório clássicos italianos da década de 60 e 70, como  Via Con Me, do pianista cantor e compositor de jazz, Paolo Conte, considerado um dos artistas mais importantes e inovadores de sua geração. Acompanham a artista André Viegas (guitarra), Rodrigo Arnold (baixo) e Mateus Mussatto (bateria).  Bíbi é considerada pela crítica gaúcha a melhor cantora de jazz do Estado.
O show ocorre às 18h, tendo como cenário o pôr do sol do Guaíba. Os ingressos custam R$ 30,00 e é necessário fazer reserva pelo sitewww.obutia.comO público poderá desfrutar da privacidade de uma praia particular e de mais de dois hectares de jardins com vistas inesquecíveis do entorno, bem como de diversas trilhas nos mais de 80 hectares de mata nativa. A localização da fazenda e como chegar são informadas por e-mail, apenas depois da reserva.
Fotos: Divulgação
SERVIÇO
Jazz na Beira com Bíbi Jazz Band
Quando: 
15 de março | Domingo | 18h
Ingresso: R$ 30 | Crianças até 10 anos não pagam | Consumação mínima: R$ 30
Reservas somente pelo site www.obutia.com
Cão são bem-vindos, desde que em suas guias

 

Foto HenriqueTheo Möller/ Divulgação

Bíbi Blue em seis perguntas:

Higino Barros

Pergunta: Como você veio morar na capital gaúcha, depois de morar em outros lugares do Brasil, sendo   uruguaia?

Bíbi: Não tenho um motivo exato, ou pontual, uma linha traçada diretamente. Simplesmente teve uma identificação, uma estranha raiz que criou um vínculo, sem nunca ter vivido na cidade. Deve ser a famosa “estética do frio”, que fala o Vitor Ramil, na canção Ramilonga. Senti essa singularidade e diferenças marcantes sendo e estando no sul. Porto Alegre não somente me traz essa sensação, mas o sul em geral, os sul –riograndenses são primeiros gaúchos, depois brasileiros. Semelhante na cultura uruguaia e argentina, um povo de pampa, de serra, de indígenas, nativos, imigrantes, rural e urbano. Todas as formas artísticas, o clima e esse contingente sócio cultural me trouxeram para cá.

Pergunta: Como a música apareceu na sua vida?

Bíbi: Aconteceu de uma maneira indireta. Primeiro eu queria ser advogada. Depois quis ser atriz. Não vou dar a resposta clássica, clichê, de que eu quis sempre cantar, quis sempre ser cantora, que eu brincava com música. Não. Isso aconteceu comigo bem mais velha, já era mãe e tinha outros planos, outros projetos e a vida vem e te dá uma lambada.

Eu tinha amigos músicos que frequentavam minha casa e eles me diziam que eu era afinada, quando a gente fazia cantorias domésticas. Daí fui para São Paulo, trabalhava na Folha de São e o Coral da USP estava selecionando cantores. Fiz o teste e passei. Foi um grande aprendizado. Acho que os coros são grandes domadores de egos, uma coisa comum no meio. Porque você aprende a trabalhar em grupo. Hoje em dia dou aula em um coro em Caxias do Sul e costumo dizer isso para seus integrantes. Os coros são uma grande escola. Você não aprende só a parte técnica, de trabalhar em naipes, da afinação, e do conhecimento rico que o coro pode trazer, mas também a questão de aprender a trabalhar em conjunto. Que é o mais importante.

Acho que a música veio ao meu encontro e não eu vou ao encontro dela. Foi um encontro mútuo, afinal. Porque eu não sonhava trabalhar com isso, não era uma coisa que eu queria. Não foi uma coisa que aconteceu quando eu tinha 16 anos, que é a idade onde maioria começa. Eu comecei a cantar com 26 anos e só me decidi com 28. Ou seja, são só 12 anos de profissional. Foi um encontro, mais do que uma procura.

Pergunta: Porque a opção por cantar jazz?

Bíbi: Por paixão. E paixão não se explica. Ela não tem um motivo direto. Sou movida a paixão e tudo que levanta meus pelinhos do braço eu me entrego. Cantei outros estilos. Passei por canto lírico, participei de montagens de óperas quando morei em Florianópolis. Depois fui cantar rock, o que me deu uma base para cantar na noite. Mas nunca que deixei de escutar jazz. Minha mãe tinha muitos discos, incluindo clássicos, blues, rock’in’roll, música tradicional uruguaia. A música uruguaia flerta muito com o jazz, o candombe, que é música afro uruguaia,  tem uma levada assim. Exemplo disso é a produção dos irmãos Faturoso que fizeram isso muito bem.

Pergunta: Como vê a cena de jazz no sul. Como vê a predominância masculina nela?

Bíbi:  Tenho essa banda há quatro anos e uns meses, tendo ela iniciado em Caxias do Sul. E apesar de reconhecer mesmo a predominância masculina quero ser enfática, mas não quero ser a chata. Mas é inegável essa predominância e uma certa postura de que quem faz música instrumental é melhor do que vocalista. Há uma postura um pouco superior. Quem canta acaba sendo menos reconhecido. E predomina a presença masculina. Tanto que não lembro de banda de jazz feminina aqui.  Mas vejo que há muitas produtoras aqui em Porto Alegre; só que elas não têm voz no mercado. Sei que existem bandas femininas aqui, mas elas não aparecem, não são chamadas para festivais, não ganham visibilidade e coisas assim. Isso incomoda um pouco. Falo diretamente de uma coisa que me afeta. Os produtores dos festivais de jazz são homens. E produtores homens assistem somente bandas instrumentais masculinas.  Há bandas de jazz femininas muito boas tanto na parte instrumental como na parte de canção. Porque elas não aparecem? Elas acabam indo para outros lugares do Brasil.

Pergunta: Qual a história da Bíbi Jazz Band?

Bíbi: Nos conhecemos em Caxias do Sul e o grupo existe há quatro anos e já participou de festivais internacionais e alguns nacionais. Temos quatro vídeos lançados e vamos lançar alguns em espanhol, para ampliar nosso circuito de apresentação. É formado por André Viegas, guitarra; Rodrigo Arnold, contrabaixo acústico, Mateus Mussato, bateria e Bíbi Blue, voz.

Pergunta: O que o público que for ao Butá vai ver no “Parla Piu Piano”?

Bíbi: É um espetáculo que traz o cancioneiro da música italiana para o universo do jazz. Tem Paolo Conte, Pepino de Capri, além de outros clássicos de uma fase mais romântica que o público brasileiro se acostumou a ouvir no passado. Em abril vamos nos apresentar em Caxias do Sul com nosso repertório tradicional.

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