Colagem artística de Graça Craidy cria máscara para Covid- 19 igual ao rosto

Foto: Arquivo pessoal/ Divulgação

O uso de máscara facial como forma de proteção ao contágio pelo novo coronavírus é, entre os cuidados recomendados pela área da saúde, o que mais afeta a vida das pessoas. Necessária e em muitas situações sociais até obrigatória na nova realidade imposta pela pandemia, a máscara esconde parte do rosto de quem a usa e interfere na identificação física de cada um. Seu uso gera uma coletividade de iguais, transformando as ruas das cidades num típico grande salão de baile dos mascarados.

Inconformada com o aspecto estético e, sobretudo, além do físico, com os efeitos existenciais da questão, a artista visual Graça Craidy, crítica de qualquer forma de homogeinização e, como toda artista, antena do seu tempo, teve a ideia de “devolver a identidade das pessoas nestes tempos de pandemia em que todo mundo fica com a mesma cara, a cara da máscara”, diz ela. “É fundamental que as pessoas mantenham suas identidades claras, nítidas”, acrescenta.

Adelinda Allegretti/ Divulgação
Alfredo Fedrizzi/ Divulgação
Britto Velho/ Divulgação
Clara Pechansky/ Divulgação

Para isso, a artista pegou retratos já pintados ou desenhados por ela e – utilizando-se de recursos da arte digital – recortou no computador em forma de máscara a parte do rosto que a peça encobre, do nariz até o queixo. Feito isso, colou digitalmente o recorte sobre uma foto do retratado, que passou a ter uma máscara à sua semelhança. “Esse trabalho pretende não apenas revelar, como desvendar o que está por trás da máscara. Desvendar aquilo que vem sempre num retrato que é pintado ou desenhado, que é a alma da pessoa”, diz ela.

Eduardo Vieira da Cunha/Divulgação
Eleone Prestes/ Divulgação
Erico Santos/ Divulgação
Francisco Marshall/Divulgação

Na primeira etapa do seu projeto, intitulado Minha Cara Máscara, imbuída do espírito do tempo que move a arte a registrar a história, Graça produziu 45 colagens, quase a totalidade delas envolvendo artistas visuais e figuras expressivas da cultura gaúcha, entre os quais Clara Pechansky, Fernando Baril, Zoravia Bettiol, Britto Velho, Regina Galbinski Teitelbaum, Maria Tomaselli, Erico Santos, Eduardo Vieira da Cunha, Patrícia Langlois, Paulo Amaral, Zé Adão Barbosa, Juremir Machado da Silva, Francisco Marshall, Moisés Mendes, Eleone Prestes e Alfredo Fedrizzi.

Fernando Baril/Divulgação
Juremir Machado/ Divulgação
Maria Tomaselli/ Divulgação
Moisés Mendes/ Divulgação

A artista também incluiu nessa primeira etapa do projeto a curadora italiana Adelinda Allegretti, que assinou a exposição Guardami, Italia, montada ano passado por Graça na região da Perugia, sobre seus ancestrais italianos, e mais o publicitário e professor norte-americano Ron Travisano (Ronald Donato Travisano), ex-sócio de Jerry Della Femina, que inspirou a famosa série televisiva Mad Man. Ron acolheu Graça como aluna de Criatividade em Nova York, na School of Visual Arts, em 1983, quando ela ainda era publicitária, bem antes de se tornar artista visual.

Patricia Langlois-/ Divulgação
Paulo Amaral/ Divulgação
Regina G. Teitelbaum/ Divulgação
Ron Travisano/ Divulgação
Zé Adão Barbosa/ Divulgação
Zoravia Bettiol/ Divulgação

Na segunda etapa do projeto, Graça Craidy vai atuar sobre trabalhos que fez retratando ícones internacionais das artes visuais, da música, da literatura, que inclusive já foram objeto de exposições realizadas por ela.

“A ideia, além de documentar a pandemia com arte, é dedicar aos amigos nesse trabalho todo o meu amor e todo o meu humor”, declara a artista.

 

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