Coronavírus: taxa de mortalidade é de 2,4% no Brasil

O Ministério da Saúde  informou nesta quarta-feira que em 24 horas os casos confirmados da Covid-19 passaram de 2.201 para 2.433 e o número de mortes, de 46 para 57, o que representa uma taxa de letalidade de 2,4%.

Foram registrados 48 óbitos em São Paulo, seis no Rio de Janeiro, um no Rio Grande do Sul e, pela primeira vez foram registradas mortes no Norte e Nordeste, uma no Amazonas e outra em Pernambuco.

A primeira morte no país foi registrada em São Paulo, dia 17 de março.

Os casos confirmados se concentram em São Paulo (862), Rio de Janeiro (370), Ceará (200), Distrito Federal (160), Minas Gerais (133), Rio Grande do Sul (123), Santa Catarina (109), Bahia (84), Paraná (81) e Pernambuco (46).

Na apresentação dos números, o ministro Luiz Henrique Mandetta ressaltou que o dia 26 de março marca 30 dias do aparecimento do primeiro caso da COVID-19 no país.

Com base nos dados coletados neste primeiro mês de epidemia, será elaborado um balanço nos próximos dias para projetar as ações para as próximas semanas.

“Do meu ponto de vista, temos uns números dentro do esperado. Mas vamos trabalhar até o fim da semana para ver quais são as projeções. A partir de amanhã, teremos nossa plataforma (online) disponível com mais detalhes para que a população entenda a maneira como essa virose se desenvolve em nossa sociedade”, afirmou o ministro Luiz Henrique Mandetta.

Ele disse que os números estão crescendo em um ritmo aproximadamente igual nos últimos dias e que a preocupação está nos estados mais populosos.

“São Paulo e Rio de Janeiro, além de Minas Gerais, são os estados que mais nos preocupam, pois é onde estão concentrado os casos. Os três estados somam 100 milhões de pessoas, quase a metade da população do Brasil”, destacou o ministro.

Bolsonaro semeia confusão no momento crítico do combate à epidemia

No momento em que se prevê a aceleração da propagação da Covid 19 no Brasil, o país amanheceu nesta quarta-feira dividido entre a orientação seguida pelos governos estaduais e as autoridades médicas e a posição do presidente da República, expressa em polêmico pronunciamento na noite de terça-feira.

Alinhados às recomendações seguidas no mundo inteiro, os governadores e os especialistas da área de saúde adotam medidas para evitar a circulação de pessoas e as reuniões ou aglomerações para reduzir o ritmo do contágio.

Na direção oposta, Bolsonaro disse em rede nacional  que não faz sentido suspender aulas, restringir transportes e manter as pessoas confinadas em casa, porque isso vai agravar as consequências da epidemia, provocando uma crise econômica e social de proporções incalculáveis.

O presidente brasileiro se alinha com Donald Trump, que resiste à orientação de confinamento de toda a população como forma de conter a propagação da doença, como vem sendo adotado em todos os outros países. Trump diz que isso vai provocar uma crise econômica que pode “destruir os Estados Unidos”.

Bolsonaro recomenda que os governadores revoguem as medidas de contenção já decretadas e seu posicionamento provoca uma reação em todas as áreas.

No meio desse embate, está a população que revela perplexidade pois a posição do presidente da República contraria até a linha que vinha sendo seguida pelo Ministério da Saúde desde o início da crise.

Neste contexto, o país perde uma condição que é apontada pelos especialistas como essencial no combate à doença que é a união de esforços e a solidariedade entre todos.

A crise política que se acirra com esta situação pode ser mais danosa ao país do que a própria pandemia.

Especialistas da área médica criticam desde o início a falta de iniciativa das autoridades brasileiras.

A contenção, que é a primeira fase do combate a uma epidemia,  deve começar antes mesmo das primeiras notificações no país, com o controle de pessoas vindas de países ou regiões onde já há contaminação.

O Brasil, assim como  Europa e os Estados Unidos , se encontra na fase de mitigação, que é quando as transmissões tem forma comunitária, sem possibilidade de saber a origem da contaminação. Segundo o Ministério da Saúde, há transmissão comunitária em todo o país.

É o momento em que os infectologistas recomendam medidas que possam reduzir a transmissão: cancelamento de eventos, fechamento de locais públicos e comércio, diminuição da circulação de pessoas e quarentena.

Quando o ritmo do contágio se acelera é preciso adotar medidas de supressão, para impedir o colapso dos serviços de saúde pelo grande número de pessoas contaminadas e os casos graves e as mortes.

No Brasil, a primeira morte aconteceu no dia 17 e nesta quarta-feira, oito dias depois,  já são 48 mortes (40 em São Paulo, quatro no Rio, uma em Porto Alegre e outra em Manaus).

O posicionamento do presidente Bolsonaro, agora, dissemina a confusão, reforçando a conduta errática que se percebe no governo federal desde o início, apesar das atitudes do ministro da Saúde, Henrique Mendetta, que agora ficou sem o que dizer.

No início do mês de março, em visita aos Estados Unidos, o presidente Bolsonaro disse que o problema vinha sendo “superdimensionado”. E em nenhum momento assumiu a coordenação da estratégia de combate ao surto.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mendetta, vinha quase na contramão da posição do presidente e foi o único apoio que tiveram governadores e prefeitos que tomaram no início do mês as primeiras iniciativas.

Os próximos dias serão decisivos no desdobramento desta crise.