Tag: dilma rousseff

  • Dilma tenta seduzir investidores em Nova York

    A presidente Dilma Rousseff, que hoje de manhã falou na abertura da Assembleia Geral da ONU, está sendo esperada amanhã em Nova York para encontrar-se com cerca de 350 investidores no seminário The Brazil Infrastructure Opportunity, promovido banco de investimento americano Goldman Sachs, pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação e o Metro Jornal.
    Além da presidente, estarão no evento o ministro da Fazenda, Guido Mantega; do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel; do presidente do BNDES, Luciano Coutinho; e do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Também estarão presentes os presidentes da Band, João Carlos Saad; do Metro Internacional, Per Mikael Jensen; e do Goldman Sachs.
    “Essa é primeira vez que se reúne tantas autoridades brasileiras em um seminário com o objetivo de atrair investimentos para o país”, disse o vice-presidente da Band, Frederico Nogueira, a veículos do grupo. “Hoje somos a sétima economia do mundo, mas em nível de investimento e infraestrutura estamos abaixo da centésima posição, temos que suprir essa necessidade”, acrescentou.
    O seminário vai reunir investidores americanos, canadenses e europeus. O evento será transmitido na íntegra pelo Portal da Band, pela BandNews TV e pelo site do Metro Jornal. O jornal trará também uma edição especial sobre o seminário e flashs ao vivo serão transmitidos ao longo da programação da Band,Rádio Bandeirantes e BandNews FM.

  • Dilma já sonha com a primavera

    Na sua passagem por Porto Alegre, a presidenta Dilma Rousseff retomou as rédeas do seu governo, abalado recentemente pelas manifestações populares que varreram o país de norte a sul.
    Falante e otimista, a presidenta garantiu que o dragão da inflação finalmente se acalmou e que a recente queda de 0,1% do nível do emprego não é nada nesse momento de maré baixa da economia mundial.
    Olhando por outro lado, a taxa de desemprego em torno de 6% seria um fenômeno quando comparada, por exemplo, aos 25% da Espanha ou aos 12% dos EUA. Pois bem, retomando o fio da meada econômica – sem a emergência marqueteira que ronda os passos da presidenta –, devemos reconhecer que ainda estamos longe de um bom diagnóstico da situação, pois os dados são muito contraditórios.
    Numa entrevista coletiva “improvisada” no saguão do edifício em que se hospeda em Porto Alegre, a presidenta Dilma Rousseff retomou as rédeas do seu governo, abalado pelas manifestações populares, mas dando sinais de recuperação nas últimas pesquisas (o índice de aprovação subiu 8 pontos no Ibope).
    Aos repórteres que tentaram extrair-lhe uma declaração típica de quem está em campanha pela reeleição, Dilma disse estar com todo o gás para trabalhar “até o dia 31 de dezembro de 2014”.
    Falante e otimista, a presidenta garantiu que o dragão da inflação finalmente se acalmou e que a recente queda de 0,1% do nível do emprego não é nada nesse momento de maré baixa da economia mundial.
    Olhando por outro lado, a taxa de desemprego em torno de 6% seria um fenômeno quando comparada, por exemplo, aos 25% da Espanha ou aos 12% dos EUA.
    Pois bem, retomando o fio da meada econômica – sem a emergência marqueteira que ronda os passos da presidenta –, devemos reconhecer que ainda estamos longe de um bom diagnóstico da situação, pois os dados são muito contraditórios.
    Primeiro, onde a coisa vai mal? Como sempre, o maior nó aparece no fronte externo: dólar em alta, exportações em queda, importações crescendo, dívida governamental realimentando os juros básicos da economia.
    Desconexão
    No front interno, marcado pela estagnação do consumo e o aumento do endividamento das pessoas, a pressão inflacionária recolocou no horizonte o risco do desemprego, mas nesse campo o jogo se encaminha para o empate. Mesmo com a supersafra 2012/13, o aquecimento do mercado da construção civil e a desoneração fiscal de vários setores, a indústria brasileira viu cair o volume de encomendas. É uma situação desconexa. Até parece que de nada valeu o refresco da redução das tarifas de energia em fevereiro.
    Refresco? Nada disso, a redução das tarifas elétricas foi vitamina na veia, mas parece não ter funcionado, pois a economia havia sofrido o aumento dos derivados de petróleo. Mas é lógico pensar que sem as reduções de tarifas e impostos a situação teria ficado muito pior. Isso só vamos saber depois que baixarem totalmente as águas do tsunami de junho/julho.
    O que sabemos é que, combinando descontentamento político com insegurança econômica, as manifestações populares comandadas pelas redes sociais levaram 30 pontos percentuais da credibilidade de Dilma Rousseff, que já vinha disparando os primeiros tiros eleitorais contra Aecio Neves, Eduardo Campos e Marina Silva.
    Até José Serra saiu da cova para dizer que não morreu, como havia ficado mais ou menos claro em novembro de 2010. Aí veio o Papa pra dar uma folga ao bumba-meu-boi petista. Depois de lançar alguns projetos logo queimados pelos aliados e opositores de plantão, a presidenta volta ao ponto de origem, em Porto Alegre, em busca de uma primavera ainda distante.
    Um dos diagnósticos da crise diz que o governo federal errou ao apostar no consumo fácil. Esses críticos vinculados à ortodoxia acadêmica acham que na economia não pode haver rédea frouxa. Mas qual seria a alternativa? Os manuais da economia não têm receita para situações anômalas.
    Em artigo recente, o jornalista (formado também em economia) Luis Nassif atribuiu ao ministro Guido Mantega a culpa pela atual “crise” econômica brasileira. É muita crise para uma só pessoa. Sem brilho pessoal, Mantega não age sozinho, embora pareça bastante isolado na Fazenda.
    No fundo, no fundo, vem sendo fritado em pouca gordura, mas o PT não dispõe de nenhum economista realmente equipado para exercer o cargo mais pesado do Planalto, depois da Presidência. O veterano Paul Singer, por exemplo, é muito respeitado, mas não tem interlocução com as cúpulas empresariais nem se sujeita a usar gravata.
    Como solução para a “crise”, recomenda-se (ao governo) aumentar os investimentos em infraestrutura, como se à obrigação de ter uma política econômica austera a Presidência devesse somar o encargo de orientar e financiar os empreendedores privados.
    Estatal ou liberal
    A estes bastaria entrar com a gestão e, depois, desfrutar dos lucros, numa repetição de outros ciclos de crescimento da economia brasileira – lembremos apenas os governos militares, o tempo de JK e a longa época de Vargas. E acabamos na velha lenga-lenga: se o governo comanda, é estatizante; se deixa rolar, é liberal demais.
    O Programa de Aceleração do Crescimento está devagar não apenas porque faltam recursos, mas porque não há projetos executivos e demoram as licenças ambientais. Recursos, projetos e licenças: o tripé de ouro do desenvolvimentismo roussefiano funciona precariamente, mas a culpa não é só do governo federal.
    E aqui entramos numa discussão político-econômica aquecida pelas recentes manifestações populares: qual o modelo que queremos?
    Uma economia comandada por grandes investimentos público-privados em usinas, aeroportos, pontes, estradas, ferrovias – tudo isso com escasso controle ambiental?
    Ou uma economia ecologicamente sustentável centrada nos pequenos negócios?
    Os grandes empresários, os professores de economia e os políticos acham graça dessa última hipótese, mesmo sabendo que o capitalismo predatório não tem futuro. Mais 50, 100, 200 anos e o planeta estará na última lona. Quem vive preso no trânsito das grandes cidades sabe intuitivamente que “o carro está pegando”.
    O mais lógico seria parar de enxugar gelo, mas ninguém tem coragem de levantar as mãos e dizer: “Minha gente, está na hora de pormos a mão na consciência e iniciar um programa de desaceleração do crescimento.”
    Sendo ela a inventora do PAC, não será Dilma Rousseff quem provavelmente proporá esse pacto pela sustentabilidade. Quem está teoricamente mais próximo desse “basta ao crescimento predatório” é Marina Silva, que tenta construir uma nova alternativa partidária para um novo salto eleitoral em 2014.

  • Dilma inaugura aeromóvel, um projeto de 30 anos

    Foi preciso a Fifa marcar uma Copa do Mundo no Brasil para o engenheiro gaúcho Oskar Coester ver seu projeto tornar-se realidade, três décadas depois dos primeiros No próximo sábado, a primeira linha do aeromóvel, entre a estação Aeroporto do Trensurb e o Aeroporto Salgado Filho, será inaugurado pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff, que já está em Porto Alegre.
    O projeto foi totalmente desenvolvido no Brasil, com tecnologia 100% nacional. Os veículos suspensos, movidos a ar, permitirão integração e acesso rápido e direto dos usuários ao terminal aeroportuário.
    O trajeto de 814 metros, com duas estações de embarque, será percorrido em dois minutos. A linha contará com dois veículos – um com capacidade para 150 passageiros, outro para 300 -, que estarão em funcionamento conforme a demanda do período. Custou R$ 37,8 milhões e enfim vai começar a operar, inicialmente das 10hs às 16hs nos dias úteis.
    Desenvolvido pelo Grupo Coester, de São Leopoldo (RS), o Aeromovel é um meio de transporte automatizado, em via elevada, que utiliza veículos leves, não motorizados, com estruturas de sustentação esbeltas.
    Sua propulsão é pneumática – o ar é soprado por ventiladores industriais de alta eficiência energética, por meio de um duto localizado dentro da via elevada.O vento empurra uma aleta (semelhante a uma vela de barco) fixada por uma haste ao veículo, que se movimenta sobre rodas de aço em trilhos.

  • Morales: “Temos que nos descolonizar”

    “Se queremos mudar o mundo, temos que começar a mudar a gente e para mudar temos que nos descolonizar do fascismo, do racismo, do mercantilismo e do luxo. Juntos”, disse.
    Morales europeus disse ainda que é preciso avançar nas políticas voltadas para os segmentos “historicamente abandonados” e que os países latino-americanos precisam também descolonizar a Europa da “anarquia do mercado de capital”.
    “Descolonizá-los será outra tarefa que nós teremos”, disse. Para Morales, os partidos de esquerda têm a responsabilidade de defender o que chamou de “processos de libertação” na Venezuela, na Nicarágua, na Argentina, no Brasil, no Uruguai, no Equador e na Bolívia. Ele também falou da necessidade de enfrentamento da corrupção e que ele mesmo, inicialmente, não queria fazer política, pois a política era vista como uma atividade de traficantes e pessoas corruptas.
    “Nossos povos estão cansados de abuso de poder e de autoridade. A política não pode ser para quem a trata como negócio ou em seu [próprio] beneficio. A política é a ciência de servir aos nossos povos”, disse Morales.
    Morales criticou o sistema capitalista e as políticas neoliberais e falou sobre a situação da Bolívia antes de sua chegada à Presidência. “Tivemos que recuperar os nossos recursos naturais que estavam nas mãos de poucos e retorná-los para o povo. Antes [de nacionalizar os recursos] a gente tinha que pegar empréstimo no Banco Mundial. Depois da nacionalização não foi mais preciso”, disse.
    “Não é possível que nos países da América Latina quem governe sejam os banqueiros e empresários”, completou.
    No sábado, Morales se encontrou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com a assessoria do ex-presidente, durante a reunião, que durou uma hora e trinta minutos, foram discutidos temas como a situação política e econômica da América do Sul e a integração do continente. “Principalmente sobre a necessidade de uma integração que não só amplie as trocas comerciais, como aumente o intercâmbio político, cultural e universitário na região”, diz a nota.
    Outro tema debatido pelos dois foi o fortalecimento da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a ampliação do Mercosul. Em mensagem por vídeo aos participantes no evento, a presidente Dilma Rousseff disse que os governos de esquerda do continente “não se refugiam em um nacionalismo estreito” e buscam a integração regional.
    O 19º Foro de São Paulo reuniu cerca de 100 partidos de esquerda da América Latina. No domingo, os participantes aprovaram uma resolução de apoio à presidenta Dilma Rousseff e aos movimentos que convocaram os protestos que sacudiram o país em junho. “Avançou e pode avançar mais, foi a reivindicação das manifestações no Brasil, cujas vozes determinam um relançamento das lutas sociais no país”, diz o documento. O próximo encontro será realizado na Bolívia.
    Da Agência Brasil

  • Lei Anticorrupção vai valer a partir de março

    A Lei Anticorrupção, publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União, vai valer daqui a 180 dias. A lei, aprovada no Senado no início de julho, foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff ontem.
    Ela prevê novas punições, em outras esferas além da judicial, a empresas que corrompam agentes públicos, fraudem licitações e contratos ou dificultem atividade de investigação ou fiscalização de órgãos públicos, entre outros ilícitos.
    Dilma fez três vetos ao texto da Lei Anticorrupção publicada no Diário Oficial de hoje, segundo informações da Controladoria-Geral da União (CGU).
    No primeiro veto, a presidenta retirou do texto o trecho que limitava o valor da multa aplicada às empresas ao valor do contrato. Fica mantida a redação que prevê a aplicação de multa de até 20% do faturamento bruto da empresa, ou até R$60 milhões, quando esse cálculo não for possível.
    No segundo veto, o governo retirou da lei o trecho que tratava da necessidade de comprovação de culpa ou dolo para aplicar sanção à empresa. Segundo a CGU, diante do dano aos cofres públicos, não será necessário comprovar que houve intenção dos donos da empresa em cometer as irregularidades.
    Dilma também vetou o inciso segundo o qual a atuação de um servidor público no caso de corrupção seria um atenuante para a empresa.
    De acordo com a CGU, com a nova lei, na esfera judicial, poderá ser decretado perdimento de bens, suspensão de atividades e dissolução compulsória, além da proibição de recebimento de incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, por determinado prazo. As penas administrativas serão aplicadas pela CGU ou pelo ministro de cada área.
    A Lei Anticorrupção também prevê tratamento diferenciado entre empresas negligentes no combate à corrupção e as que se esforçam para evitar e coibir ilícitos. Empresas que possuem políticas internas de auditoria, aplicação de códigos de ética e conduta e incentivos a denúncias de irregularidades poderão ter as penas atenuadas.
    A nova lei determina ainda a desconsideração da personalidade jurídica de empresas que receberam sanções, mas tentam fechar novos contratos com a administração pública por meio de novas empresas criadas por sócios ou laranjas.
    Com informações da Agência Brasil

  • FHC evita criticar Dilma

    Repetindo a dose tucana, iniciada na semana anterior com José Serra, o RodaViva da TV Cultura de São Paulo entrevistou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que paira sobre o PSDB, o partido governante de quatro estados e administrador de 700 municípios brasileiros. Foi nesta segunda feira 1/7.
    Decepcionou-se quem esperava um ataque ao governo da presidenta Dilma. FHC falou pouco de política, preferindo manifestar-se como professor de sociologia, sua principal atividade na USP antes de ser cassado pelo AI-5 (1968) e de entrar para a política (pelo PMDB em 1978).
    O atual momento de turbulência social e política no Brasil é um prato cheio para um cientista social que chega aos 80 anos na plenitude de sua lucidez intelectual e já (relativamente) destituído das vaidades que o levaram a disputar pra valer o poder no Brasil. FHC elogiou os jovens pelas recentes manifestações, mas não pixou ninguém.
    Permitiu-se apenas algumas farpas indiretas. A maior delas foi uma alusão ao ex-presidente Lula: “Há pessoas que ficam em silêncio nesse momento rico porque talvez se sintam culpadas por alguma coisa ligada à corrupção”. Não citou nome algum, mas nas entrelinhas ficou claro a quem queria espicaçar. FHC e Lula vivem de pirraça.
    No fundo, disse FHC, as pessoas estão protestando contra a desigualdade, a pobreza, a corrupção. “O Brasil vai bem mas a maioria das pessoas quer mais”, disse ele, relacionando os atuais protestos brasileiros aos de outros países – Espanha, Egito, Islândia –, todos mobilizados pelas redes sociais. Até aí, nada de novo.
    À presidenta Dilma, ele recomendou humildade. “Se eu pudesse lhe dar um conselho, com todo respeito, eu lhe diria: ‘Ouça mais’ ”. Não foi um puxão de orelha, mas uma leve beliscadinha. De leve, como manda a boa educação: quando uma pessoa está caída no chão, não se deve chutá-la, mas estender-lhe a mão. “Vejam como sou gente fina…”
    Recém-eleito para a Academia Brasileira de Letras, Fernando Henrique acaba de lançar um novo livro sobre os grandes pensadores brasileiros: Oliveira Viana, Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Hollanda, Celso Furtado e outros – o último deles, Antonio Candido, que continua ativo aos 95 anos em São Paulo, foi citado por FHC como o melhor professor que conheceu no Brasil, comparável somente a Raymond Aron, da Universidade de Nanterre na França.
    LEMBRETE DE OCASIÃO
    “A democracia é o resultado de um encontro harmonioso entre o Estado, o Mercado e a Sociedade”
    Fernando Henrique Cardoso

  • População hostiliza jornalistas na Argentina – maioria acredita que eles mentem

    Vai passando quase despercebida – por estar sendo pouco comentada – matéria da Folha de São Paulo de segunda-feira que, por sua importância, chegou a ser publicada no site da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão).
    É de autoria da jornalista Sylvia Colombo, 39, correspondente daquele jornal na Argentina (Buenos Aires). Sob um título nitidamente partidarizado como “Cristina Kirchner faz cerco à imprensa independente”, Sylvia relata o clima político que vive a Argentina no âmbito da “guerra” entre governo, de um lado, e meios de comunicação do outro.
    Todavia, a jornalista faz isso sob a ótica de um dos atores envolvidos no processo, o que, de acordo com o seu próprio ponto de vista, não seria jornalismo. É imperativo ler esse relato porque, descartadas as opiniões e idiossincrasias da autora, revela como um governo de centro-esquerda com propostas e ideais muito parecidos com os do governo
    Dilma Rousseff está derrotando a filial argentina da franquia midiático-conservadora que governou ao menos a América do Sul desde sempre até a virada do século XX, e que está mantendo o governo brasileiro literalmente acuado. Se já leu essa matéria, releia (abaixo) e reflita sob a ótica que será proposta.
    Se não leu, há que ler.
    Cristina Kirchner faz cerco à imprensa independente
    Ter, 06 de Dezembro de 2011
    Folha de São Paulo
    Mundo – Mídia
    Governo usa veículos próprios para praticar “jornalismo militante”
    SYLVIA COLOMBO, DE BUENOS AIRES
    “Você trabalha no ‘Clarín’?”, pergunta mal-humorado o taxista ao repórter do jornal, depois que ele diz o endereço onde quer ir.
    Meu colega já vinha se irritando com esse tipo de patrulha. Chegou a dar nomes de ruas paralelas, preferindo caminhar até a redação, só para não ouvir agressões de apoiadores do governo, que está em guerra com a imprensa independente.
    Nesse dia, respondeu: “Não, estou indo lá só para entregar um envelope”. Depois, pensou no absurdo que tinha sido levado a dizer. Uma outra colega, que faz um curso de pós-graduação numa universidade local, havia se interessado pela aula de determinado professor. Um dia, foi pedir recomendações de leitura.
    Ele, simpático, a recebeu e perguntou a que se dedicava. Ela, orgulhosa, encheu a boca e disse: “jornalista”. Quem já está há algum tempo na profissão acostumou-se a ouvir comentários positivos depois de uma apresentação assim.
    Em grande parte do mundo ocidental, considera-se o jornalismo uma atividade nobre e importante para a sociedade. Pois o professor dessa minha amiga parou de sorrir quando ouviu essa palavra. “Aqui não gostamos de jornalistas”, disse.
    Comigo acontece também direto. Numa ocasião, numa barulhenta sala de espera de um dentista, enquanto preenchia minha ficha, a secretária perguntou minha profissão. Quando disse, fez-se silêncio, quebrado apenas pelo comentário desconcertante de uma senhora: “No seu país vocês são mentirosos também?”
    Em debate do programa “6,7,8?, atração da TV estatal cuja finalidade é malhar a imprensa crítica ao kirchnerismo, o comentarista Orlando Barone soltou a seguinte pérola: “O jornalismo é inevitavelmente de direita porque a democracia é de direita.
    O jornalismo nasce para defender a democracia, dentro dos cânones instituídos da propriedade privada”. O governo Cristina Kirchner, que começa um novo ciclo no próximo sábado, é louvável em alguns aspectos: tirou a Argentina da prostração econômica pós-2001, levou militares responsáveis pela repressão da ditadura (1976-1983) à prisão e aprovou o matrimônio gay.
    Porém, sua relação belicosa com a imprensa assusta. Para defender-se da imprensa, o governo montou um grande conglomerado. Seus veículos defendem as políticas do governo, mas, principalmente, atacam a cobertura de jornais tradicionais e, o que é mais grave, questionam a própria utilidade da mídia independente.
    A proposta dos meios kirchneristas é implantar o que chamam de “jornalismo militante”, que prega a ideia de que o compromisso do jornalismo deve ser com “causas”, citando explicações da professora da faculdade de comunicação de La Plata, Florencia Saintout. Intelectuais como ela se defendem dizendo que, como o jornalismo nunca é objetivo, é melhor escolher de uma vez um lado da trincheira.
    As “causas” do jornalismo militante, obviamente, não são quaisquer causas. Em essência, coincidem com as bandeiras do governo. O governo já anunciou que reforçará a execução da Lei de Meios, que tirará poderes de grupos como o Clarín e dará mais espaço a “meios militantes”.
    Os próximos quatro anos serão, portanto, um desafio para o jornalismo independente, essencial para o funcionamento das instituições da Argentina. Cristina, que dá sinais de que prefere se alinhar ao Brasil de Dilma, mais do que à Venezuela de Chávez, deveria baixar o tom contra a imprensa independente.
    Nada a fará mais parecida com o líder venezuelano do que acuar o jornalismo e fazer com que jornalistas tenham vergonha de declarar o que fazem em público.
    Do blog* www.blogcidadania.com.br

  • Quem derrubou Orlando Silva

    O ministro Orlando Silva é ou não é ladrão? Que informações e que razões políticas levaram a presidente Dilma a demití-lo?
    Estas serão as perguntas e elas levarão a uma discussão sobre o que é secundário, o que na verdade já não tem mais importância diante do que realmente aconteceu. E o que aconteceu foi o julgamento e a condenação de um ministro sem qualquer prova! Não é a primeira vez que isso acontece, mas agora temos um caso limite.
    A presidente parece ter seguido seu saudável princípio de que ministro suspeito é ex-ministro, mas no caso de Orlando Silva há uma situação muito peculiar – o que existe contra ele é a denúncia de um ex-policial, que esteve preso exatamente por ter desviado dinheiro dos programas do Ministério do Esporte. Só isso.
    “Reportagem investigativa”
    O que deu consistência a essa denúncia foi a sua publicação, como “reportagem investigativa” pela revista Veja, e sua total aceitação e difusão pelos demais veículos de comunicação filiados à ANJ. O que se acrescentou foi supérfluo.
    Um aluno do primeiro ano do curso de jornalismo aprende que não se pode publicar uma denúncia, ainda mais de uma fonte interessada, sem primeiro checar todas as informações recebidas.
    A Veja apostou que o ex-policial João Dias tinha as provas. Deu capa, repercussão nacional. Uma semana depois, quando ele disse que não as tinha, o que aconteceu? Como naquela piada do gaúcho, a mídia “bancou o peido da moça”.
    No Jornal Nacional daquela noite, o destaque foi o senador Magalhães Neto, num discurso estudado, batendo em Orlando Silva. “O senhor envergonha a nação, a população quer ver o senhor fora do ministério!”. Na Zero Hora do dia seguinte, a manchete decretava: “STF EMPAREDA ORLANDO SILVA”.
    Quem emparedou Orlando Silva foi a mídia. Sem informações, só com o troar de seus canhões. Nunca é demais lembrar que essa mídia, que na época se chamava imprensa, foi uma engrenagem decisiva na gênese e na vitória do golpe militar de 1964. Para prestar esse serviço, distorceu fato e omitiu informações.
    O nome disso que praticaram e estão praticando agora não é jornalismo. É lacerdismo. A pergunta que fica é a seguinte: a serviço de quem eles estão agora?

  • Dilma resiste aos ataques

    Tornam-ser a cada dia mais evidentes os sinais de que candidatura de Dilma Rousseff está vencendo o bombardeio midiático promovido pelo PSDB e seus aliados, para empolgar uma virada no segundo turno.
    O arsenal empregado não descartou sequer panfletos clandestinos ou e-mails anônimos com acusações caluniosas. Mas parece ter esgotado seus efeitos.
    Não apenas as pesquisas já mostram isso, nas ruas e na internet é possível perceber que os efeitos dos ataques estão se invertendo.
    Até na dita grande imprensa, alguns veículos já refletem isso. Quer dizer: se a artilharia serrista não tiver mais uma “arma secreta”, que a estas alturas pode ter o efeito contrário ao desejado, a eleição está decidida.
    Os grandes grupos da mídia, que desde o início negaram as possibilidades da candidatura Dilma, serão os principais derrotados.