Compromisso ético

No dia 11 de outubro, a Fundação Gaia promoveu em Porto Alegre um encontro entre jornalistas, representantes de ONGs ambientalistas e sociedade civil. No evento, que teve a participação do Jornal JÁ, Correio do Povo, Jornal do Comércio e Ecoagência Solidária de Notícias, os jornalistas tiveram a oportunidade de discutir com o público a responsabilidade da mídia na formação de uma consciência ambiental e sua efetiva colaboração na difusão de questões sócio-ambientais. A presença de profissionais de jornalismo abriu um espaço de reflexão sobre o que efetivamente está sendo informado para a sociedade e o caminho que se está construindo na perspectiva do meio ambiente.
A humanidade chegou a um ponto decisivo, onde todos necessitamos fazer uma conversão de valores, realizando uma mudança substancial em nosso modo de vida. Se  continuarmos a ignorar despreocupadamente as tragédias que vêm acontecendo, toda a raça humana poderá ser aniquilada. Por isso, o papel fundamental da imprensa deve ser o de orientar as pessoas a abandonarem ideologias que criam confrontos e divisões entre os povos. “O Papel da Imprensa para as Questões Ambientais”, tema do encontro, vai muito além de dar atenção às tragédias somente quando as mesmas ocorrem. Urge alertar as pessoas para o fato de que ingressamos num período de transição, onde, ou abraçamos o conceito de uma Humanidade unificada, ou continuamos cada vez mais antagonistas, um em relação ao outro, engajando-nos em conflitos mútuos.
Atualmente enfrentamos uma grande crise devido à decadência moral do ser humano, à qual efetivamente levou ao aumento das anomalias climáticas e dos cataclismos, provocados pela destruição do meio ambiente. Durante várias gerações, os seres humanos têm buscado dinheiro e posses materiais passando por cima de tudo e de todos despreocupadamente – na maioria das vezes, justamente por perseguirem-nos dessa forma, é que lhes escapam. Devemos inspirar as pessoas a viver de acordo com os princípios ecológicos, pois essa é a única forma de encontrarem a verdadeira felicidade.
Conduzido pela escritora Lilian Dreyer, o evento oportunizou aos jornalistas presentes discorrerem sobre o que a imprensa gaúcha vêm fazendo para informar, conscientizar e sensibilizar a população sobre a importância da preservação ambiental. Segundo Jurema Josefa, do Correio do Povo, o Jornalismo Ambiental, deve ser pautado no compromisso ético de disponibilizar informação verídica. Para isso, a imprensa deve fortalecer as ações das ONGs e se valer da credibilidade das mesmas. O resultado é uma troca de conhecimento da qual o maior beneficiado é o leitor. Nesse sentido, Lorena Paim, do Jornal do Comércio, lembrou que o papel fundamental da imprensa é o de informar priorizando também os assuntos ecológicos. Isso se faz não só registrando as catástrofes ambientais, mas sim divulgando as ações desenvolvidas para evitá-las. O “ecojornalismo”, segundo ela, se faz dando vóz e direito à todos os que lutam pela causa ambiental.
Guilherme Kolling relatou a experiência diferenciada do Jornal JÁ, do qual é redator-chefe. Segundo ele, o jornal tem por tradição o foco nas questões que envolvem o meio ambiente. Esse trabalho é visto tanto na edição mensal, distribuída aos assinantes e vendida em bancas, quanto nas duas edições quinzenais, disponíveis gratuitamente em pontos estratégicos de Porto Alegre. Promover debates e fóruns também faz parte do trabalho do JÁ, como aconteceu em março deste ano, onde empresários e políticos puderam discutir com a população acerca do “Reflorestamento e Desenvolvimento Sustentável”, que tratou das perspectivas dos negócios com madeira no Sul do Brasil.
Estamos construindo uma civilização baseada no individualismo, e o resultado disso são as últimas catástrofes naturais, através das quais estamos experimentando severos desafios. Porém, com esses fenômenos temos também a oportunidade, com reflexão e diálogo, de demonstrarmos de que serve a sabedoria humana – ou será que vamos esperar que nossos caminhos fiquem repletos de desatres e sofrimento?
Numa época em que nos defrontamos com o esfacelamento da sociedade, com a deterioração do meio ambiente, e com outros problemas prementes; os representantes das ONGs lembraram que essas entidades foram criadas e existem não com o objetivo de travar o progresso e o avanço da humanidade, mas sim para permitir que todos os seres vivos existam e avancem no caminho da prosperidade.
Christian Lavich Goldschmidt
Escritor e ator

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