JOSÉ MANOEL FERREIRA GONÇALVES/ O resgate de Engenharia

O resgate da Engenharia como motor do crescimento em 2022

José Manoel Ferreira Gonçalves*

O ano que começa será emblemático para a democracia e o desenvolvimento econômico e social. Teremos a mais importante eleição de todos os tempos da nossa República, e as discussões sobre o modelo de país que desejamos para os próximos anos já estão acaloradas.

A Engenharia não pode se eximir desse debate. Ela precisa ocupar seu papel, não apenas protocolar, mas participando e formulando propostas de políticas públicas de efetivas mudanças.

Um exercício não menos importante nesse quadro é desvendar as inúmeras falácias que o atual governo tentará disseminar, a fim de iludir o eleitor. Vejamos, a título de ilustração do que está por vir na corrida presidencial, a proposta orçamentária encaminhada pelo Executivo para apreciação do Congresso referente aos valores destinados ao investimento em ciência e tecnologia. Nominalmente, está previsto um aumento de 138% para as despesas com o financiamento de bolsas, projetos e infraestrutura de pesquisa. O que mereceria aplausos, no entanto, é apenas uma cortina de fumaça para iludir a sociedade.

Isso porque o orçamento para pesquisa no Brasil sofreu nos últimos anos seguidos cortes. Mesmo com esse reajuste anunciado, estamos longe de atingirmos o mínimo necessário para sustentar o trabalho científico que um dia já foi responsável por elevar o nome da tecnologia brasileira mundo afora. O desenvolvimento tecnológico está completamente desamparado do incentivo do Estado. O mesmo estado de penúria e abandono pode ser observado em outras áreas estratégicas – a defesa do meio ambiente, por exemplo, é tratada como algo irrelevante, provocando espanto na comunidade internacional e enxovalhando a imagem do Brasil entre potenciais investidores globais.

A via crucis da pesquisa no governo Bolsonaro é apenas um retrato do quanto regredimos nos últimos anos. É preciso dar um basta nesse cenário de profundo retrocesso. Devemos reagir de forma contendente contra as trevas em que a Engenharia – tanto quanto outras notórias atividades que outrora nos enchiam de orgulho e contribuíam para a grandeza da nação – se embrenhou.

Precisamos iniciar um trabalho de resgate do papel da Engenharia no contexto nacional. A oportunidade está posta. Os ventos de 2022 já estão soprando a favor da mudança. Depois de um longo período sem investimentos, é hora de uma nova atitude, que nos permita alavancar a retomada da economia pós- pandemia, no novo contexto da democracia, consolidado nas urnas.

O Brasil que desejamos não pode ser o da gestão simplista, míope e acomodada, que entrega as ferrovias à iniciativa privada por décadas, sem um projeto de integração nacional por meio dos trilhos, que pudesse conectar a mais ampla diversidade de produtos aos centros de consumo, e ainda conseguisse resgatar o transporte de passageiros sobre trilhos. Não pode ser a nação agrária, exportadora de comodities, com ferrovias escoando unicamente soja, milho, açúcar e minério de ferro pelos nossos portos. Não pode ser o país onde prevaleçam os interesses do lucro e da especulação predatória.

A Engenharia não deve ficar a reboque desse processo de colônia dos novos tempos de escravidão. Temos capacidade para projetar e executar uma missão muito mais nobre, com criatividade, ousadia e coragem. Queremos (e temos a capacidade para tanto) estabelecer novos polos de desenvolvimento e pesquisa de materiais e métodos construtivos.

Entendo que nossas diversas áreas da Engenharia estão prontas para esse resgate, mas precisam dizer isso à nação. Sem medo, acreditando em nosso potencial e exigindo investimentos robustos em ciência, tecnologia e inovação.

É uma missão que devemos abraçar para o bem de nossa gente e para o mundo, nesse 2022 que se aproxima.

*José Manoel Ferreira Gonçalves é engenheiro e presidente da FerroFrente (Frente Nacional pela volta das Ferrovias), da Associação Guarujá Viva (Aguaviva) e do PDT em Guarujá, São Paulo; é também diretor da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU)

Um comentário em “JOSÉ MANOEL FERREIRA GONÇALVES/ O resgate de Engenharia”

  1. Vejam só. O novo marco legal das ferrovias, aprovado no último mês de dezembro, já trouxe 64 requerimentos ao governo federal. Entre eles, há 60 pedidos para instalação de linhas férreas e outros quatro para a instalação de pátios ferroviários. As propostas foram protocoladas por 22 empresas e têm 16 unidades da Federação como origem e destino: Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Bahia, Tocantins, Pará e Roraima. A previsão é de investimentos de aproximadamente R$ 180 bilhões, ou seja, 23 vezes o orçamento total do ministério da infraestrutura, para não só ferrovias mas também portos, aeroportos, rodovias e hidrovias. E mais, a partir de agora, para a exploração do setor basta autorização e não mais os processos de licitação, canais preferenciais de corruptos e corruptores como temos visto “nestepaíz”. Além de não termos mais o dinheiro dos contribuintes enchendo os bolsos de corruptos, não veremos mais os tão famosos “aditivos” que faziam a alegria de maus empreiteiros e políticos sem vergonha na cara. Agora as empresas assumirão o risco do investimento. É óbvio que pelegos como este Sr. José, que quer a volta de estatais ferroviárias ao país, aquelas que quando foram extintas geravam prejuízos da orde de R$ 2 milhões POR DIA. Com certeza o Sr. José quer a continuação de empresas como a EPL (Empresa de Planejamento e Logística), que tem sede no Distrito Federal, 132 funcionários e consome R$ 100 milhões por ano. Seu objetivo? Implementar o trem bala idealizado pela quadrilha do PT em 2010 e implementado pela Dilma em 2011 com o pomposo nome de Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade S/A – (ETAV). É… é isso mesmo. E para esta “empresa”, o ex presidente condenado afirmou que a união garantiria um orçamento de R$ 20 bilhões via BNDES. Não vou nem comentar que o “trem bala” tinha a promessa dos corruptos que a conclusão da obra seria em 2016, quando o Brasil seria a sede das Olimpíadas. Pessoas como o Sr. José , com seu pensamento velho, ultrapassado, doentio, e existem milhões delas, são as responsáveis pelo atraso que permanece o Brasil. Infelizmente nem meus netos verão um Brasil desenvolvido ou em desenvolvimento, e ao que indicam as pesquisas eleitorais, vamos continuar a ser um paraíso de ladrões.

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