O cinto e as geladeiras do necrotério

A imprudência no trânsito urbano ou nas rodovias não se resume no não beber antes de dirigir.
A partir da primavera, a temperatura se eleva e o comportamento no trânsito passa, mais do que nunca, para o nível da imprudência, pois todos querem chegar a qualquer lugar, sempre na frente, para se refrescar. Grande parte dessas pessoas terminam nas geladeiras do necrotério. Sobre a imprudência, que é um tipo de violência da maior gravidade, veiculo aqui a mensagem do perito criminal do Departamento de Criminalística do IGP (Instituto-Geral de Perícias do RS), Clovis Santos Xerxenevsky, Como o próprio Xerxenevsky diz, se a leitura dessa advertência salvar uma única vida, ele – e este humilde marquês – daremos por cumprida uma parte da nossa missão. Sigam-me.
O cinto de segurança
“Nas 24h do meu plantão deste ultimo sábado para domingo (de 22/11 para 23/11, atendemos três acidentes com morte em que, em dois deles três jovens perderam a vida. Tais perdas poderiam ser evitadas mesmo que seus condutores estivessem com velocidades acima de 100km/h. Os acidentes nunca são fruto de uma única causa, mas de duas ou mais combinadas. Sem considerarmos se houve ou não o uso de álcool por parte dos condutores, mas o fato é que nenhum dos três jovens usavam o cinto de segurança. As tragédias que enlutaram as famílias ocorreram em Guaíba, na estrada do Conde, e em Novo Hamburgo, em direção a Dois Irmãos. Em ambos os casos o excesso de velocidade numa saída de curva determinou o capotamento e as vítimas foram arremessadas para fora dos veículos. Se estivessem utilizando a cinto de segurança com certeza absoluta elas não seriam arremessadas para fora dos veículos e os traumas seriam minimizados, vidas seriam poupadas.
Não entendo como os órgãos responsáveis pelo trânsito não dão ênfase em campanhas e fiscalização para o uso do cinto de segurança. Em acidentes que atendemos, 50% das vítimas morrem por não o estarem utilizando. O uso dos cintos não vai reduzir o número de acidentes, mas vai reduzir as mortes neste percentual absurdo. Quase sempre os acidentes deste tipo acontecem entre as sextas, sábados e domingos, quando até parece que não existe trânsito, pois os agentes em Porto Alegre e nas cidades da Região Metropolitana somem como que por encanto. Em verdade, trabalham de segunda a sexta no horário comercial.
Espero que as autoridades de trânsito tomem alguma providência a respeito, pois amanhã poderá ser um de seus filhos a vítima. Em estudo recente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo), constatou-se que 94% dos condutores utilizam o cinto de segurança; entre os passageiros ao lado do condutor 89% utilizam o cinto; e, entre os passageiros dos bancos de trás, somente 11% utilizam o cinto. É um grave engano de que quem está no banco de trás está protegido nos acidentes. Somente o cinto pode salvar sua vida. Não permita que seus familiares e seus amigos andem no seu veículo sem que antes coloquem o cinto de segurança, ele salva.”
Mortes
Onze pessoas foram assassinadas, nesse fim de semana, no Rio Grande do Sul. Este número não chega a alarmar ou, pelo menos, não assusta as pes-soas que estiveram longe dessas tragédias. A proximidade do fim do ano, no entanto, sempre é preocupante para os profissionais que trabalharam na área da violência e da criminalidade.
Ponto cortado
Segundo o presidente da Ugeirm/Sindicato, Isaac Ortiz, o chefe da Polícia Civil, delegado Pedro Rodrigues, informou ontem que 272 agentes terão o ponto cortado no mês de novembro, seja porque aderiram a paralisação de três dias da categoria, seja porque participaram da Marcha da Polícia Civil, na semana passada. A maioria dos policiais relacionados são do interior do Estado. Isaac Ortiz, acusa o governo de fraudar a efetividade dos policiais civis, apoiando-se em informação “sabidamente falsa”.
Descabelo
Os policiais militares estão enfrentando uma luta insólita que está sendo prioridade no trabalho do deputado Marquinho Lang. Ocorre que o governo esqueceu dos brigadianos no projeto de lei que amplia a licença maternidade e paternidade dos “servidores”. A posição do governo é um tando descabelada, pois é sabido que mulheres e homens da Brigada Militar ainda não são proibidos de terem filhos.

2 comentários em “O cinto e as geladeiras do necrotério”

  1. Esses dois rapazes que faleceram na madrugado do dia 22 para 23 na estrada do Conde em Guaiba eram meus primos e foi constatado que ele Jefferson não estava bebado. E sim realmente se estivecem de cinto de segurança talves estaria agora aqui com nós para mais um final de ano feliz. Mas por imprudencia ou acaso do destino foram tirados de nós de uma maneira brusca e horrivel. Sentiremos falta dos dois.

  2. Cara Andreza
    Fiz a perícia do acidente lamentável dos dois jovens teus primos. Constei que se os mesmos estivesem com o cinto de segurança, com certeza, não terim morrido, pois o interior do veículo ficou preservado. Recentemente minha sobrinha, seu esposo e um menino, seu anteado, sofreram uma capotagem com seu veículo, no interior, e rolaram cerca de 14om num penhasco e estavam de cinto. Sofreram tão somente escoriações. Somente nos resta lamentar a morte de teus primos e fazermos um alerta para que usem o cinto, nem que for para dar uma volta na quadra.
    Um abraço solidário
    do clovis

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