RODRIGO MARONI/ Transgêneros, epidemia?

Que doença teria um evangélico, ou melhor, evangélica? Acredito que nenhuma.

No entanto, muitas deixam seus cabelos até a bunda, saias até os pés e, reza a lenda, muitas  não se depilam.

Na minha opinião, nada demais. Absolutamente nada, são escolhas.

Aí me pergunto: imaginem uma psiquiatra querer explicar por que algumas pessoas se reúnem para adorar alguém que não conhecem?

A “epidemia dos evangélicos” soa estranho, não é?

E as pessoas que se tatuam, raspam ou, ainda, pintam os cabelos, como eu?

Enfim, nosso presidente tem um corte para o lado, que lembra Hittler. Problema? Nenhum.

Embora o estilo do nosso atual presidente me remeta a lembranças terríveis, a escolha é dele.

Um outro presidente do Brasil deixava a barba grande na década de 80. Sujeito sujo? De forma alguma.

São meras escolhas. Do que te faz feliz. De como se sente confortável. Ponto.

Pois não é que fiquei surpreso ao ver que na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul haverá a seguinte palestra no dia 18 de março, às 19h:

“Epidemia de Transgêneros”.

E o mais incrível: a psiquiatra, dra. Akemi Shiba, é a principal convidada!

Observando mais atentamente o convite que chegou às minhas mãos, a palestra – no mínimo – infeliz na escolha do título, uma suposta “escola sem doutrinação” é a responsável pelo evento.

Então ser transgênero seria uma epidemia? Uma doença infecciosa?

Eu respeito a opinião de todos.

Agora, ministrar uma palestra intitulada como “epidemia de transgênero” é duro de engolir.

Gostaria de saber quem irá sair de suas casas, ir até a Assembleia Legislativa, em uma quarta-feira à noite, para ouvir sobre a “epidemia” de quem faz escolhas diferentes para viver as SUAS vidas?

Será que não seria mais fácil as pessoas se preocuparem em ter saúde mental? E entenderem seus desejos ao invés de reprimi-los?

Vejo muitos religiosos se segurando para não explodir em desejo. Nem por isso os julgo. Cada um tem seu tempo.

Vejo que até mesmo na carreira militar, não há como deter a tal “epidemia” e, dentro da corporação, alguns não conseguem esconder seus ímpetos sexuais pelos seus pares. Não vejo nada de mal.

Então, como faço parte da casa legislativa que promoverá o debate, pondero: Será que vale a pena perder algo precioso como o tempo analisando a vida dos outros?

Se acharem que sim, sugiro debatermos homens com barba, bigode, mulheres morenas, brancas, pretas, solteiros, casados…

E, por fim, chegaremos à conclusão de que há um universo individual dentro de cada ser humano e, em todas épocas – de alguma forma – queremos interferir nas escolhas do outro.

Ainda não aprendemos a respeitar as diferenças, mesmo após lutas históricas da humanidade para garantir o direito de escolha.

Como sou uma pessoa otimista, quem sabe entendi mal, e o teor da palestra é chegar à conclusão de que a liberdade de escolha é o que nos diferencia, e que escolher diferente não tem nada a ver com doença infecciosa?

Caso contrário, é muita falta do que fazer.

*Rodrigo Maroni (Podemos/RS)  é deputado estadual.

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