As “Deusas do Mundo” da artista visual Susane Kochhann, em Santa Maria

"Tara" obra da exposição "Deusas do Mundo".

Higino Barros

No período de sete a 30 de junho, o Museu de Arte de Santa Maria apresentará no espaço Iberê Camargo a exposição “Deusas do Mundo” da artista visual Susane Kochhann.

Ao JÁ Porto Alegre ela explicou: “Essa exposição surgiu da minha busca de trabalhar com esse arquétipo feminino de mulher selvagem que tenho e toda mulher possui também. Em geral, as deusas conhecidas são as gregas. Pesquisei sobre deusas celtas, chinesas e etnias diferentes, inclusive uma índia brasileira. Na mostra cada uma terá um texto explicativo. Todas têm uma lado selvagem,  que a gente se identifica, que está sendo confrontado agora por essa pandemia”.

No texto de divulgação da mostra Susane escreve:

  “A exposição Deusas do Mundo é uma instalação artística múltipla e inquieta. O processo criativo possibilitou experimentos nas mais diversas formas de expressão – pintura, desenho, bordado, modelagem, corte e costura, cerâmica e escultura – e pouco a pouco gerou e ocupou espaços plurais, mentais, físicos, afetivos, entre outros.

Susane Kochhann. Foto: Divulgação

A instalação de arte têxtil possui 20 peças vestíveis criadas a partir de representações de arquétipos femininos. A instalação como modo de apresentação dos trabalhos permite a contemplação da obra de arte, não como objeto, mas como uma situação, tornando o espaço expositivo possível para ser percorrido e sentido, valendo-se da experiência, onde o espectador poderá encontrar a sua própria vivência introspectiva.

O ofício artístico feito à mão é uma parte importante do trabalho e a história contada propõem uma reflexão sobre a nossa própria identidade, muitas vezes calada e abafada e por vezes, prejudicada por séculos de patriarcado e machismo, somadas a absorção das mais diversas problemáticas experiências do mundo e da vida contemporânea.

Cada peça representa uma leitura interpretativa e intuitiva a partir de uma ampla pesquisa bibliográfica de algumas deusas, – Baba Yaga, Lillith, Deméter, Perséfone, Iemanjá, Freya, e outras – materializadas no tecido, nas linhas e em diversos materiais encontrados na natureza.

E assim, convido o público a apreciar as obras com a mente livre de preconceitos e a se permitir um reencontro com o Self, com o Eu interior, pois o conjunto da obra permite que a observação seja múltipla, individual e sensível”.

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Instagram: susanekochhann

Susane Kochhann, na montagem da exposição. Foto: Divulgação
`Por email, a artista visual concedeu essa entrevista: 
PERGUNTA:  Quem é Susane Kochhann?

RESPOSTA:  Susane Kochhann, nascida na cidade de Boa Vista do Buricá-RS em 1974 (47 anos). Formação acadêmica: Ciências Contábeis (2007), Artes Visuais (2016), Mestre em Engenharia de Produção na área de Qualidade e Produtividade (2011), realizou inúmeras exposições individuais e coletivas nacionais e internacionais. Atua profissionalmente como artista, gestora cultural e curadora.

PERGUNTA: – O que caracteriza essa exposição? e seu trabalho?
RESPOSTA:  Ela representa uma expressividade a partir de materiais diferentes – tecido, cerâmica e outros materiais –  e a temática relacionada a arquétipos femininos no formato de uma instalação de arte textil, com peças vestiveis.
PERGUNTA:  Os suportes usados na exposição: pintura, desenho, bordado, etc. Como chegou a essa solução, a essa opção artística?
RESPOSTA: Sou uma artista multifacetada. Não me percebo utilizando uma única linguagem para a criação. Acredito que na produção artística a liberdade é fundamental. Em meu processo criativo não vejo como me limitar unicamente num determinado tipo de material ou linguagem.
PERGUNTA: Há uma pegada feminina e feminista no trabalho. O que as deusas representam e significam na exposição?
RESPOSTA: Porque deusas? A partir de uma pesquisa sobre arquétipos femininos. Encontrei nas histórias contadas um significado interessante sobre luta, resistência e determinação das mulheres em sua pluralidade étnica. A criação das peças aconteceu através da pesquisa, técnicas (corte e costura, modelagem e outras), materiais diferentes e uma interpretação poética, sensível e íntima.
PERGUNTA: Como é fazer arte fora do circuito de porto Alegre?
RESPOSTA: significa ir ao encontro de um público diferente que anseia pelo conhecimento teórico, técnico, sensível e poético que a arte proporciona.
PERGUNTA: Como tem sido trabalhar com arte em tempos pandêmicos?
RESPOSTA: Trabalhar com arte em tempos pandêmicos tem sido uma imersão no fazer e na pesquisa. O isolamento social proporcionou essa imersão que em outros tempos talvez não fosse possível.

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