Introdução a Metodologia de Dança Afro-Gaúcha, com Iara Deodoro

O Feminino Sagrado - Foto: Bruno Gomes/Divulgação

Iara Deodoro é uma referência no Sul do Brasil quando se fala em dança afro-gaúcha. Fundadora do Grupo Afro-Sul de Música e Dança, criado em 1974, é a mulher à frente do Afro-Sul Odomode, um renomado espaço que acolhe e difunde a arte dos tambores, o maracatu, as manifestações populares e boa parte da cultura Porto-alegrense, que converge para lá em rodas de samba, shows musicais, apresentações e oficinas de música e dança. Ela é a responsável pelo Curso de introdução a Metodologia da Dança Afro-Gaúcha

 

Segundo o material de divulgação, o curso pretende difundir o trabalho que essa grande artista presta a sociedade com muita dedicação, inclusive com importantes premiações. O conteúdo integra conhecimentos sobre fatos e personalidades históricas da cultura afro-brasileira e vai além da metodologia de dança desenvolvida por Mestra Iara Deodoro há cerca de 50 anos. As aulas teóricas e práticas serão ministradas de forma remota, por meio das plataformas digitais, e o objetivo é instrumentalizar praticantes, bailarinos e professores negros e não negros sobre saberes e traços culturais do povo afro-gaúcho, conforme proposta de ensino de história e cultura prevista na Lei 10.639 de 2003, fortalecendo a identidade negra através da ampliação do conhecimento e da técnica, valorizando, assim, a pluralidade histórica e cultural do Estado do Rio Grande do Sul.

Irene Santos, importante fotógrafa gaúcha autora de ‘Quilombos e quilombolas’, um livro dedicado à memória fotográfica das colônias africanas de Porto Alegre afirma que ‘engana-se quem pensa que o sul [do Brasil] é branco, que nós negros teríamos sido assimilados a ponto de esquecermos nossas valorosas civilizações, dos sons dos atabaques do Batuque, da Umbanda, não perceptíveis a qualquer ouvido que guardam as raízes africanas e fazem desabrochar, a cada toque, nossa alma afro-gaúcha e afro-brasileira’. Essa tentativa sistêmica de apagamento do conhecimento do povo negro tem o intuito de torná-lo invisível, de tirar dele a perspectiva de ser intelectual e construtor de conhecimentos.

O projeto de Iara vem ao encontro dessa valorização da cultura herdada desse povo e se propõe a buscar nas memórias toda a riqueza transmitida de pai para filho. Reconhecer a intelectualidade do povo negro gaúcho a partir de um embasamento teórico sobre temas, fatos e personalidades históricas, mas também pela emoção, pelo corpo, pelo gesto. Assim, utilizando a metodologia de dança de Iara, instigar os participantes a uma reflexão sobre ancestralidade, história e cultura negra gaúcha e movimentos populares que envolvem não apenas a trajetória da Mestra, mas a própria caminhada do povo negro do Rio Grande do Sul.

 

Introdução a Metodologia da Dança Afro-Gaúcha será composto por aulas gratuitas, além de disponibilizar material didático complementar de forma virtual. As cidades escolhidas para as atividades têm uma marca histórica forte de comunidades negras, onde será possível movimentar e fomentar a cultura local. Serão ministradas por bailarinas negras que acompanham e estudam a técnica Deodoro há cerca de 20 anos, além da própria Mestra Iara. São educadoras com formação acadêmica em educação física, fisioterapia, dança, assistência social e publicidade. O curso está organizado em módulos teóricos e práticos, com carga-horária total de 14 horas.

Este projeto está sendo realizado com o financiamento da Lei Aldir Blanc, Secretaria de Estado da Cultura do RS, Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo do Governo Federal.

Sobre o curso/inscrições

Serão realizadas cinco edições transmitidas a diferentes cidades do RS: Porto Alegre, Pelotas, Santa Maria e Nova Prata. As aulas utilizarão a plataforma Zoom e as inscrições estão abertas até dia 11 de março. As primeiras aulas se iniciam dia 13 e 14 de março e serão transmitidas a dez cidades gaúchas simultaneamente: Viamão, São Leopoldo, Caxias do Sul, Osório, Cachoeira do Sul, Erechim, Bagé, Venâncio Aires, Santana do Livramento e Uruguaiana. Dias 20 e 21 de março estarão em Pelotas, 27 e 28 de março em Santa Maria, 10 e 11 de abril em Nova Prata e, para encerrar, o curso será transmitido aos moradores da capital nos dias 17 e 18 de abril.

 

Os dois primeiros módulos são teóricos e abordam a Construção Social e Teoria da Dança e a História da Dança e à Metodologia da dança Iara Deodoro. O módulo prático também contará com acompanhamento de música ao vivo, o que auxilia o entendimento rítmico musical e proporciona aos participantes conectarem-se com a ancestralidade. Didaticamente as aulas práticas serão divididas a partir das principais bases técnicas do método Iara Deodoro, sendo três ritmos diferentes para percepção da diferença de movimentação em acelerações rítmicas. São elas: Contração; Dança de memória ancestral – Suave e Forte; Dança Afro Gaúcha – Contratempo; Yabás – Conexão de energias; Relação da música com o corpo.

Responsável pelas diretrizes do projeto, Iara Deodoro fará o momento griot, auxiliando na reprodução da linha do tempo que deu origem a metodologia. Camila Camargo será responsável pelo conteúdo teórico do curso, apresentando fatos históricos e conceitos que gerem reflexões sobre a intelectualidade do povo negro gaúcho. Natália Dornelles traçará um panorama sobre as danças negras no Brasil, trazendo personalidades que marcaram a história da dança afro-brasileira e que formaram uma identidade sobre os estudos das corporalidades negras. Taila Santos e Edjana Deodoro são responsáveis pela parte prática das oficinas, demonstrando e auxiliando os alunos na execução dos passos e aplicação da parte teórica do curso, respeitando as valências físicas dos praticantes de forma a proporcionar um exercício eficiente, agradável e muito divertido. Leciane Ferreira discorrerá sobre temas referentes a tradição, cultura, popular, ancestralidade e diversificação de saberes. Paulo Romeu acompanhará as aulas de dança práticas, dando ritmo para a execução dos movimentos que serão ministrados pelas professoras.

Todo o material didático utilizado no curso será disponibilizado aos alunos, através da ferramenta Google Drive e/ou e-mail, conforme necessidades e conveniência. Para obter o certificado, o aluno deverá ter no mínimo 75% de participação nas aulas. A divulgação do curso será feita através das redes sociais do Grupo Afro-sul Odomodê (Instagram, Facebook e Whatsapp).

Sobre os professores

Iara Deodoro, fundadora do Grupo Afro-Sul de Música e Dança (1974), formou-se na Escola de Danças Folclóricas da Professora Nilva Pinto, em Porto Alegre, no período de 1968 à 1978. Graduada em Serviço Social, focada em famílias negras monoparentais, Iara tem pós-graduação em Educação Popular e Gestão em Movimentos Sociais. É Coordenadora pedagógica do grupo de Escolas Preparatórias de Dança (EPD’s) e está à frente do ponto de cultura Afro-Sul Odomode.

Camila Camargo é bailarina com formação em balé clássico pela escola Elisabeth Santos e em dança afro pelo Grupo Afro-Sul. Integra diferentes grupos de dança como Ògúndábède Dança Yorubá e Mate Masie, e é parte do Grupo Afro-Sul de Música e Dança há 15 anos, com o qual participou de inúmeros espetáculos, entre eles, Reminiscências, Memórias do Nosso Carnaval (2019), Feminino Sagrado: um Olhar Descendente da Mitologia Africana (2014/2016), Três Marias: Mari Mariô (2016), em que atuou como bailarina e também produtora. Publicitária pela ESPM-Sul, especialista em Design Estratégico, foi colunista de dança no portal Todos Negros do Mundo, produtora de eventos na Revista Donna do Grupo RBS e hoje atua como consultora e palestrante de diversidade na Think Eva e Think Olga.

Natália Dornelles é graduada do curso de licenciatura em dança da Universidade Federal do Rio Grande Sul. Atua como Educadora Social na Fundação de Educação e Cultura do S.C / FECI e no Centro de Referência e Assistência Social (CRAS/Glória). Integra os projetos de extensão Coletivo Corpo Negra e Brincantes do Paralelo 30, ambos desenvolvidos na UFRGS, é bailarina do grupo de Música e Dança Afro-Sul e professora do projeto Nossa Identidade. Natália é ainda pesquisadora das corporalidades negras na área da dança e das práticas e ações educacionais pautada nas questões étnico-raciais.

Taila Santos de Souza é bailarina e coreógrafa do Grupo Afro-Sul de Música e Dança desde 1994 até os dias atuais. É graduada em Educação Física pelo Centro Universitário Metodista IPA (2011) e pós-graduada em Ética e Educação em Direitos Humanos Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UFRGS (2013).

Edjana Deodoro é bailarina do Grupo Afro-Sul de Música e Dança desde 1990 e desde 2001, é também coreógrafa. Atua como professora de dança-afro com técnicas voltadas para os públicos adulto e infantil. Formada em Fisioterapia pelo Centro Universitário Metodista IPA (2011). É instrutora de Pilates habilitada pelo Instituto Voll Pilates (2012).

Leciane Rodrigues é bailarina do Grupo Afro-Sul de Música e Dança desde 2007 até os dias atuais. Facilitadora de Círculos de Construção de Paz e Justiça. Graduada Bacharel em Serviço Social pela Universidade Luterana do Brasil- ULBRA (2012). É Pós-Graduada em Ética e Educação em Direitos Humanos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UFRGS (2014).

SERVIÇO:

Curso de Introdução a Metodologia de Dança Afro Gaúcha : Iara Deodoro

Inscrições entre 15 de fevereiro e 11 de março/ nos formulários abaixo conforme sua região:

10 cidades – http://tiny.cc/cidades

Pelotas – http://tiny.cc/pelotas

Santa Maria – http://tiny.cc/stamaria

Nova Prata – http://tiny.cc/prata

Porto Alegre – http://tiny.cc/midpoa

Edições do curso:

13 e 14 de março em 10 cidades simultaneamente: Viamão, São Leopoldo, Caxias do Sul, Osório, Cachoeira do Sul, Erechim, Bagé, Venâncio Aires, Santana do Livramento e Uruguaiana

20 e 21 de março em Pelotas

27 e 28 de março em Santa Maria

10 e 11 de abril em Nova Prata

17 e 18 de abril em Porto Alegre

Financiamento:

Secretaria de Estado da Cultura do RS, Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo do Governo Federal # LEI ALDIR BLANC – edital 09/2020 da SEDAC RS para ser realizado com recursos da Lei n. 14.017/2020

Redes sociais:

Facebook:  @afrosul.odomode

Instagram: @afrosul.odomodeoficial

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