Rio homenageia Mignone, o compositor paulista que botou samba na ópera

Exposição virtual no site do Theatro Municipal do Rio de Janeiro homenageia o compositor e maestro Francisco Mignone, um dos mais importantes nomes da música brasileira.

“A música como luz da existência”, reúne peças de um dos mais importantes do acervo de Mignone que ao morrer em 1986 deixou mais de mil composições, entre óperas, bailados, músicas instrumentais e trilhas para filmes.

Filho de imigrantes italianos, Mignone nasceu em São Paulo mas sua carreira esteve intimamente ligada ao Theatro Municipal do Rio, que agora o homenageia pelos 35 anos de sua morte, em 19 de fevereiro de 1986.

Sua primeira ópera O contratador de diamantes, foi escrita na Itália e conta a história de Chica da Silva, a escrava que seduziu o contratador João Fernandes de Oliveira, no Arraial do Tijuco, em Minas Gerais.

Para a estreia da ópera, em 1924 no Rio e o compositor teve que recorrer à mãe de santo Tia Ciata, em cujo terreiro se reuniam os pioneiros do samba, para encenar um bailado de negros escravos.

Tia Ciata  pediu ajuda ao sambista Donga e este arranjou as passistas que dançaram no palco do Municipal, causando sensação. Pela primeira vez se via um bailado afro numa ópera.

A obra de Mignone no entanto já chamava atenção dos grandes mestres da música da época. Em 1923, Richard Strauss, quando veio ao Brasil com a Orquestra Filarmônica de Viena, fez questão de só tocar Mignone.

Da mesma forma, Arturo Toscanini, quando se apresentou no Municipal do Rio, em 1940, tocou “Congada”, de Mignone, com a Orquestra de Nova Iorque, da qual era regente.

A  “africanidade” é uma das características da música de Francisco Mignone. Os ritmos africanos estão presentes em sua obra.

As composições de Mignone refletem os ritmos da diversidade brasileira, como em “Maracatu de Chico-Rei” (bailado considerado a sua obra-prima), O Espantalho, Leilão, Quadros Amazônicos, Hino à Beleza, Iara, Quincas Berro D ´Água e das histórias musicadas do cotidiano do país, como é o caso das óperas O Contratador de Diamantes, O Chalaça e O Sargento de Milícias.

Mignone começou a estudar música com o pai,, o flautista Alferio Mignone. Completou os estudos no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde se formou em flauta, piano e composição, seguindo, posteriormente, para estudar composição em Milão, Itália, no Conservatório Giuseppe Verdi.

Ainda em vida, recebeu vários prêmios, como o Shell, em 1982, pelo conjunto da obra.

A exposição pode ser conferida pelo público interessado nas plataformas oficiais do Teatro Municipal: Instagram, Facebook, e Youtube.

 

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