Fórum da Cultura propõe medidas emergenciais em socorro à classe artística

Com teatros, casas de espetáculos e bares fechados, eventos suspensos e aglomerações proibidas, artistas e técnicos que vivem de bilheteria, cachê ou couvert artístico também viram secar suas fontes de sustento no período de quarentena preventiva à Covid-19.

A situação levou o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais da Cultura a encaminhar propostas emergenciais para à Secretaria Especial da Cultura do governo federal. As proposições foram elaboradas em reunião on-line na última quinta-feira (19), após encontro realizado por Skype entre os dirigentes estaduais e a secretária especial da Cultura, Regina Duarte.

Entre as propostas de fomento direto, estão: o lançamento de editais para os setores culturais e criativo no valor de R$ 500 milhões; o destravamento dos financiamentos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA); a contratação imediata dos projetos audiovisuais selecionados em editais do FSA; a retomada do programa Cultura Viva, e a elaboração de editais para a seleção de conteúdos on line.

As medidas se estendem por proposições como o lançamento de linhas de crédito para empresas do setor e instituições culturais, com juros reduzidos, carência de 12 meses e pagamento em 60 meses; e o adiamento do recolhimento dos impostos dos setores cultuais e criativo. O documento sugere ainda a adoção de medidas de fomento indireto e outras ações a serem realizadas a médio prazo.

Assinam o documento: a presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura, Ursula Vidal (PA), Beatriz Araujo (RS), Manoel Pedro (AC); Paulo Pedrosa (AL), Arany Santana (BA), Fabiano dos Santos Piúba (CE), Fabrício Noronha (ES), Edival Lourenço (GO), Anderson Lindoso (MA), Mara Caseiro (MS) Ana Lúcia Coutinho (SC), Marcelo Matte (MG), Damião Ramos Cavalcante (PB), Eliette Vilela (PR), Gilberto Freyre Neto (PE), Fábio Novo (PI), Danielle Barros (RJ), Crispiniano Neto (RN), Jobson Bandeira dos Santos (RO), Marcos Apolo Muniz (AM) e Sérgio Sá Leitão (SP). Confira a íntegra do documento:

PROPOSTAS EMERGENCIAIS COVID-19

1. FOMENTO DIRETO

• Lançamento de editais para os setores cultural e criativo e para a salvaguardado patrimônio imaterial do país com valor sugerido de R$ 500 milhões, oriundos da participação da Cultura nas loterias federais e do Fundo Nacional de Cultura-FNC;

• Destravamento dos financiamentos do Fundo Setorial do Audiovisual-FSA;

• Contratação imediata dos projetos audiovisuais selecionados em editais do FSA, no valor estimado de R$ 1 bilhão;

• Transferência imediata de recursos para a Secretaria do Audiovisual-SAV (previstos em atas anteriores);

• Reunião emergencial do Comitê Gestor do FSA para decisão sobre a pauta pendente (contratação de projetos selecionados, lançamento dos editais referentes aos PAIs até 2018) e nova pauta (criação de novos editais ou novas linhas de financiamento, a exemplo de linha de complementação para que projetos adiantados em sua viabilização possam começar a produção.

• Retomada do programa Cultura Viva e prorrogação dos prazos dos convênios já firmados;

• Acesso aos recursos do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, para investimentos no campo do patrimônio cultural do país;

• Editais para a seleção de conteúdos on line, incluindo licenciamento para exibição de filmes nacionais na TV Brasil e demais TVs públicas do país;

• Retomada dos editais de microprojetos culturais;

• Transferências Fundo a Fundo do FNC para os fundos estaduais para realização de editais;

• Desburocratização dos processos de contratação;

• Criação de um canal permanente de escuta pública.

2. CRÉDITO

• Lançamento de linha de crédito de capital de giro para as empresas do setor, pelo BNDES e pelos bancos estatais, com juros reduzidos, carência de 12 meses e pagamento em 60 meses;

• Lançamento de linha de crédito para as instituições culturais pelos BNDES e demais bancos estatais, com juros reduzidos, carência de 12 meses e pagamento em 60 meses.

3. IMPOSTOS

• Diferimento do recolhimento dos impostos e contribuições aplicáveis aos setores cultural e criativo por, no mínimo, 6 meses e pagamento posterior parcelado em até 24 meses, incluindo as empresas inscritas no Simples e em regimes diferenciados;

• Diferimento dos impostos e contribuições com pagamentos parcelados em curso, incluindo empresas inscritas no Simples e em regimes diferenciados;

• Suspensão temporária do pagamento das estimativas mensais e pagamento quando do ajuste anual, para contribuintes sujeitos ao regime de lucro real.

4. FOMENTO INDIRETO

• Negociação com empresas estatais para manutenção e ampliação dos respectivos programas de fomento à cultura, por meio de leis de incentivo, visando os projetos previstos para o segundo semestre (com liberação de recursos imediata);

• Flexibilização de prazos (captação, realização, prestação de contas) e de regras (sobretudo as relativas a contrapartidas) na Lei Federal de Incentivo à Cultura, com fast track para redimensionamento e adiamentos de realização;

• Produção de conteúdo educativo e preventivo contra o COVID-19, por meio de linguagens artísticas;

• Liberação das emendas parlamentares para a Cultura;

• Destravamento do Vale-Cultura para compras on line;

• Suspensão por 120 dias de protestos e cobrança de dívidas;

• Suspensão do veto 62 que impede as empresas de patrocinar projetos audiovisuais.

5. CÓDIGO DO CONSUMIDOR

• Não obrigatoriedade de devolução do valor dos ingressos em caso de adiamento dos eventos;

• Elaboração de nota técnica com esse teor para orientação dos órgãos de defesa do consumidor estaduais e municipais.

PROPOSTAS MÉDIO PRAZO

1. Retomada da PEC 421/2014, que vincula 2% do orçamento da União, 1,5% dos Estados e 1% dos municípios para a Cultura, de modo a minimizar os impactos no setor;

2. Incentivo e fomento do intercâmbio artístico;

3. Destravamento do Vale – Cultura;

4. Exclusão do FNC e FSA da PEC 187.