Empresas precisam avançar nas práticas ambientais

A Agenda ESG (do inglês Environmental, Social e Governance) gira em torno dos investimentos aderentes às práticas ambientais, sociais e de governança. Muito comentada, mas ainda com um longo caminho para estar definitivamente incorporada na pauta de empresas e bancos brasileiros. A sigla define um conjunto de padrões que os investidores usam para avaliar seus projetos. Um critério, uma nova métrica, para avaliação das empresas.

Um levantamento da consultoria Luvi One, divulgado pelo jornal Valor Econômico, mostra que até abril passado, 17% das empresas listadas na B3 – Bolsa de Valores do Brasil – tinham metas específicas relacionadas à redução de impactos ambientais. Entre as empresas ouvidas, 78% ainda não têm um comitê de diversidade e inclusão e 82% não possuem orçamento específico destinado a essa área.

Os dados da Europa mostram como as empresas da região estão mais avançadas em relação ao tema. Segundo a pesquisa, 81% das companhias europeias apresentam metas de redução de emissões e 61% têm objetivos para utilização sustentável de água. O número sobe para 90% quando se trata de redução de desmatamento.

A introdução de critérios ESG nas decisões de investimento pode ser entendida como uma ampliação do foco dos acionistas para todas as partes interessadas. Com isso, as decisões de investimentos e concessão de crédito passam a levar em consideração o impacto destes nos funcionários, consumidores, fornecedores e comunidade – e não somente o lucro potencial para a instituição financeira e seus acionistas.

A mudança não é trivial, já que cada uma das dimensões ESG é composta por uma variedade de fatores. No critério ambiental estão presentes, entre outros, aspectos como emissão de carbono, consumo de água, geração de resíduos e desflorestamento. No critério social, condições de trabalho, políticas de inclusão e diversidade, segurança e impactos sobre a comunidade. No critério de governança, questões como programas anticorrupção, lobby político, estrutura e diversidade dos conselhos e colegiados, comunicação e transparência.

A Agenda ESG é tema de diversas matérias na mídia e lideranças empresariais têm se manifestado sobre o assunto. A empresária Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho do Magalu e do Grupo Mulheres para o Brasil, defende a causa. De acordo com ela, o presidente de uma empresa que ainda não pensa em diversidade precisa mudar a chave o quanto antes ou não vai conseguir se manter. “O CEO que não se preparar não vai permanecer na sua posição por muito tempo, no máximo em três ou quatro anos sai”, ressalta. “A direção geral da empresa precisa querer fazer, se não for assim, você até pode melhorar um pouco, mas não será o suficiente.”

O 3º Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental divulgado em 2021 pela Pipe.Social – plataforma-vitrine que conecta negócios com quem investe e fomenta o ecossistema de impacto -, informa que Brasil já possui 227 startups de gestão de resíduos, segmento que inclui logística reversa e economia circular. É o maior contingente de negócios de impacto socioambiental, que somam 1.272 startups.

Apesar do longo caminho a percorrer, as empresas sabem que podem não ter capacidade de crescer e perder mercado se essas questões não forem tratadas. Por isso, no Brasil, são elas que estão puxando a agenda da diversidade. Apenas iniciativas pontuais nos estados e municípios, e o governo federal fala disso, mas para polarizar e criar conflitos, e não para propor políticas públicas.

Apesar do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmar que o Brasil tem condições de liderar uma “onda verde” na economia mundial, na prática o governo federal libera agrotóxicos e fica inerte ao desmatamento, grilagem de terra, exploração ilegal de madeira em área Indígena e que o mercúrio contamine as águas, sendo um dos principais problemas ambientais nos rios da Amazônia provocados pela mineração.