EUA devem perdoar 86% dos empréstimos do programa de proteção de empresas e trabalhadores

O Congresso dos Estados Unidos está estudando a possibilidade de perdoar automaticamente os empréstimos do “Paycheck Protection Program” (PPP). Um programa de concessão de crédito comercial de US$ 669 bilhões estabelecido pela Lei de Ajuda, Alívio e Segurança Econômica do Coronavírus do governo federal em 2020 (Lei Cares). O objetivo é ajudar certas empresas, trabalhadores independentes, proprietários únicos, determinadas organizações sem fins lucrativos e outras a manter o salário seus trabalhadores.

O secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin, disse nesta sexta-feira (17), durante reunião do Comitê de Pequenas Empresas da Câmara dos EUA, que poderia apoiar uma proposta de bancos americanos que disseram que o programa deve fazer com que empréstimos abaixo de US$ 150 mil sejam automaticamente transformados em doações. Isso representaria 86% dos cerca de 4,9 milhões de empréstimos do PPP emitidos até o momento.

Isso que Estados Unidos estão a caminho de registrar o maior déficit anual desde a Segunda Guerra Mundial. O déficit orçamentário dos EUA ultrapassou US$ 3 trilhões nos 12 meses até junho, com o aumento dos gastos com estímulos e a queda na receita tributária. Desde março passado, o Congresso americano aprovou US$ 3,3 trilhões em novos gastos para mitigar o impacto econômico do coronavírus, incluindo ajuda a famílias americanas e subsídios para empresas.

Enquanto isso, no Brasil de mais de mil mortos por dia pelo novo coronavírus, os programas de empréstimo a micro e pequenas empresas criados pelo governo durante a pandemia concederam R$ 12,489 bilhões, segundo dados do Ministério da Economia. Isso representa apenas 6,18% do volume total de crédito que as pequenas empresas devem precisar neste ano, conforme o estudo “Crédito para os pequenos em tempos de pandemia”, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A demanda por crédito não atendida deve somar R$ 202 bilhões em 2020.

Apesar dos bancos terem recebido do Banco Central em março passado R$ 1,2 trilhão dos depósitos compulsórios para emprestar a pessoas e empresas, de março a maio eles apenas aumentaram as suas concessões de empréstimos em R$ 50,4 bilhões, em relação ao mesmo período de 2019.

Na quarta semana de junho, o IBGE estima que 170,1 milhões pessoas estavam em idade para trabalhar, mas somente 82,5 milhões estavam ocupadas. Ou seja, menos da metade (48,5%) estava trabalhando na quarta semana de junho. A taxa de desocupação subiu para 13,1% na quarta semana de junho, em relação à semana anterior. Isso corresponde a 12,4 milhões de pessoas desocupadas.

Essa é a maior taxa desde o início de maio, quando começou a PNAD COVID19, e resulta da queda de 84 milhões para 82,5 milhões (-1,5 milhão) de pessoas ocupadas na semana. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (17) pelo IBGE.

Como resultado da crise provocada pela pandemia da COVID-19, a população em condições de extrema pobreza na América Latina e Caribe pode chegar a 83,4 milhões de pessoas em 2020, o que implicaria um aumento significativo nos níveis de fome, devido à dificuldade que essas pessoas enfrentarão no acesso aos alimentos, apontaram esta semana a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Com mais de R$ 1 trilhão no caixa único do Tesouro apenas para o pagamento da dívida pública, que nunca foi integralmente auditada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, quer criar mais um imposto, o velho conhecido CPMF. Ele disse, ainda, que o Brasil está tecnicamente pronto a autorizar a emissão de moeda, mas no atual cenário isso não é necessário. Viver no andar de cima realmente é outra coisa.