A vitória do democrata Joe Biden na eleição americana, confirmada no início da tarde deste sábado, corta a escalada autoritária e irresponsável de Donald Trump na presidência da nação mais poderosa do mundo.
A derrota, porém, não vai eliminar o trumpismo e suas ramificações fascistas e belicistas.
Os norte-americanos saem dessa eleição irremediavelmente divididos, embora o novo presidente fale que sua prioridade é “unir o país”.
Não é a divisão formal e histórica entre Republicanos e Democratas.
São as várias divisões que fracionam a sociedade americana: a distância que se aprofunda entre pobres e ricos, o racismo que remexe em feridas históricas, na discriminação aos imigrantes, na exacerbação da violência policial, no estímulos aos grupos armados. Todos os conflitos que a “presidência profundamente divisiva” de Trump alimentou para sustentar seu projeto político-eleitoral.
Para o Brasil, cujo governo se declarou num alinhamento total às políticas de Trump, a mudança nos Estados Unidos traz desafios, mas o desafio maior é para o presidente Jair Bolsonaro que desde o início se mirava em Trump como um espelho.
Além de ter que realinhar suas atitudes na política externa, o presidente fica sem a referência para suas atitudes mais chocantes.
Biden tornou-se o 46º presidente, exatamente 48 anos depois de ter sido eleito pela primeira vez para o Senado dos Estados Unidos.
Aos 77 anos, Biden ganhou a presidência ao conquistar a Pensilvânia e seus 20 votos eleitorais. A vitória na Pensilvânia, anunciada às 11h25 no sábado com 99% dos votos contados, elevou a votação do colégio eleitoral de Biden para 284, superando os 270 necessários para ganhar a Casa Branca.
Trump é o primeiro titular a perder a reeleição desde 1992, quando Bill Clinton derrotou George HW Bush.
Trump se recusou a reconhecer a vitória de Biden e disse que buscará a Justiça para contestar o resultado.
“Os votos legais decidem quem é o presidente, não a mídia de notícias”, disse o presidente em um comunicado, enviado enquanto ele jogava golfe no Trump National Golf Club, na Virgínia.
A vitória de Biden foi celebrada por milhões de americanos em todo o país como um repúdio a um presidente “que quebrou as normas democráticas e alimentou a divisão racial e cultural”.
O resultado também marcou a ascensão histórica de Kamala Harris, que será a primeira mulher e a primeira mulher negra a servir como vice-presidente na história americana.