CRIMES DIGITAIS: Delegado Emerson Wendt diz que seu nome foi usado em tentativa de golpe pelo Instagram

Delegado Emerson Wendt foi o primeiro titular da delegacia especializada em crimes virtuais, e agora é também vítima de golpe. Foto Reprodução/Facebook

O delegado Emerson Wendt registrou na quinta-feira, 20/08, uma ocorrência inusitada na delegacia virtual da Polícia Civil do Rio Grande do Sul: seu nome foi usado numa tentativa de golpe digital no Mato Grosso.

“É um exemplo da multiplicação e banalização dos crimes digitais”, disse ao JÁ o delegado, ex-secretário de Segurança do RS e professor de direito, especialista em cybercrimes.

A tentativa de golpe foi feita pelo Instagram: um homem de meia idade recebeu mensagens de uma moça, que lhe mandou fotos e insinuou intimidades. Ele “mordeu a isca” e forneceu elementos comprometedores.

Aí entrou o suposto “delegado Emerson Wendt”, dizendo que o “pai da moça”, menor de idade, está na delegacia de Crimes Digitais para registrar uma ocorrência, com provas de vários crimes, que levam à prisão. O homem se assusta. Conciliador, o “delegado” sugere uma indenização por “dano moral” ao “pai da moça”.

No caso, embora assustada, a vítima decidiu checar antes de depositar o valor pedido pelo “pai da moça”: localizou e ligou para o verdadeiro delegado Emerson Wendt, descobrindo o golpe.

Wendt foi titular da “Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos” quando ela foi criada no Rio Grande do Sul, em 2010.

Ficou dois anos no cargo, e hoje está licenciado da polícia para concorrer a vice-prefeito de Canoas, pelo PSDB. Mas, no site da Secretaria de Segurança, quando se procura pela Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos, ele aparece como titular, num texto de 2010.

Foi dali, provavelmente, que o estelionatário, de Porto Alegre, tirou o seu nome para tentar o golpe numa vítima “fisgada” do Mato Grosso.

O delegado diz que a impunidade é a causa principal do aumento de crimes digitais e o mais grave é que a maioria das vítimas sequer registra a ocorrência.

Quando ele foi titular da delegacia, recém criada, em 2010, mal começavam o Facebook, o Twitter, ainda predominava o Orkut. O mais comum eram as fraudes bancárias, a invasão de contas por hackers.

Na justificativa para a criação de uma Delegacia Especializada em Porto Alegre apontava-se o crescimento explosivo desse tipo de delito nas estatísticas sobre a criminalidade no RS: de 2004 a 2009 os “crimes cibernéticos” cresceram 6.500 por cento no estado.

Não há atualmente uma estatística específica sobre  os crimes digitais. É evidente, no entanto, que eles crescem e se diversificam.

O delegado André Lobo Anicet, atual titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos, diz que as dificuldades começam pelas estatísticas que dariam a verdadeira dimensão do problema.

Estelionato, por exemplo, está em segundo lugar no ranking dos crimes mais comuns no Rio Grande do Sul: 28,9 mil casos nos primeiros seis meses de 2020. Nesse total estão os estelionatos por via online, mas ainda não há nas estatísticas da Polícia Civil uma sub-categoria com o número deles.

Fora isso, lembra o delegado, o crime digital não é uma atribuição exclusiva da delegacia especializada. Crimes contra a honra, por exemplo, mesmo cometidos na internet, vão para outra delegacia.

Com cinco agentes para atender todo o Rio Grande do Sul, a polícia procura concentrar seus esforços nos casos mais graves e com maior número de vítimas ou envolvendo facções criminosas.

 

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