Derrota dos candidatos apoiados por Bolsonaro acende o alerta para 2022

O fiasco de Celso Russomano, quarto colocado na eleição em São Paulo, é demonstração mais clara do desgaste que o presidente Jair Bolsonaro sofreu nestes dois anos de governo.

Candidato do Republicanos, Russomano liderava no início da campanha, quando teve o apoio explícito de Bolsonaro, empenhado em derrotar o candidato Bruno Covas, do PSDB,  aliado do governador João Dória.

Na reta final, Russomano começou a despencar, repetindo a trajetória das eleições de 2012 e 2016, quando saiu na frente e derreteu pelo caminho.

Para se desvincular do desgaste do presidente – principalmente por causa de suas manifestações negacionistas em relação à pandemia – Russomano parou de mencionar o apoio de Bolsonaro e até suprimiu as fotos em que ambos apareciam juntos.

Não adiantou, acabou com pouco mais de 10% dos votos, superado largamente por Guilherme Boulos, do PSOL, que chegou a 22% e vai para o segundo turno, consagrado com o desempenho mais surpreendente desta eleição.

Em Belo Horizonte, outra eleição que Bolsonaro tentou influenciar, o prefeito Alexandre Kalil, do PSD, se reelegeu no primeiro turno com 63% dos votos válidos, enquanto o bolsonarista Bruno Engler (PRTB) não passou dos 10%.

O mesmo aconteceu no Ceará, onde Oscar Rodrigues (MDB), que recebeu apoio de Bolsonaro em Sobral, um dos maiores colégios eleitorais do Estado, foi derrotado por Ivo Gomes (PDT), irmão do presidenciável Ciro Gomes. Ivo Gomes se reelegeu no primeiro turno com 59% dos votos.

Nas seis capitais em que Bolsonaro deu apoio explícito a candidatos, quatro deles cairam no primeiro turno e os dois que ainda permanecem na disputa – Capitão Wagner (PROS), em Fortaleza, e Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio, estão em desvantagem.

No Rio, base eleitoral de Bolsonaro, o prefeito Marcelo Crivela fez 21% dos votos, enquanto o favorito Eduard Paes, do DEM, superou os 37%. Os dois vão disputar o segundo turno, mas as chances de Crivela, que tem a maior rejeição, são reduzidas.

No total, entre capitais e cidades do interior Bolsonaro chancelou explícitamente 13 candidatos a prefeito. Apenas dois – Mão Santa (DEM), prefeito reeleito em Parnaíba (PI), e Gustavo Nunes (PSL), que ganhou em Ipatinga, se sairam bem.

Bolsonaro tratou de minimizar as derrotas. Em publicação nas redes sociais após os resultados, ele disse que sua ajuda aos candidatos “resumiu-se a 4 lives num total de 3 horas”, e alegou que “partidos de esquerda sofreram uma histórica derrota”.

Para cientistas políticos os resultados indicam um acelerado desgaste na imagem de Bolsonaro, que dificilmente poderá ser recuperado até a eleição de 2022, quando o presidente pretende tentar a reeleição.

 

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