Alemanha cancela Oktoberfest 2020; prejuízo será de 1 bilhão de euros

Festa pode ser considerada o Carnaval dos alemães. Foto: Agência DPA

Mariano Senna, de Berlim, especial para o JÁ

Agora o bagulho ficou sério! O governador da Bavária, maior e dos mais importantes Estados da federação alemã, Markus Söder (CSU) anunciou nesta terça-feira, 21 de abril, o cancelamento da Oktoberfest 2020.

É como se o Brasil cancelasse o carnaval. O prejuízo mínimo estimado é de um bilhão de euros, segundo Dieter Reiter (SPD), prefeito da capital Munique, sede da festa.

“Não há como garantirmos as regras de higiene e prevenção para os visitantes de todo o mundo que vêm para Munique por causa da festa”, justificou Söder, ressaltando a extrema cautela com que as autoridades do país estão conduzindo o processo de retomada das atividades.

“Estamos prontos para acelerar ou reduzir o ritmo do relaxamento das restrições de acordo com os resultados das medidas já tomadas”, declarou em referência ao acompanhamento da pandemia por instituições como o Robert-Koch Institut (RKI), que aconselha e ajuda no embasamento técnico da política de prevenção do governo federal.

Mesmo com o inicio da reabertura do comércio, para grandes festividades não há perspectiva de ocorrerem de forma segura este ano. “Já estamos focados no Natal”, conforma-se Hugo Seybold, que há 30 anos produz pães de mel e doces de amêndoa queimada em Munique.

O ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas (SPD), também adiantou que a temporada de verão será restringida. “Não temos ideia ainda das regras para permitir a entrada de turistas ou a viagem de cidadãos alemães para outros países, mas seguramente não será uma temporada normal”, garantiu o social-democrata.

A boa notícia é que cultos e missas estão permitidas a partir de 04 de Maio, desde que respeitadas as regras de prevenção como o limite de até 50 participantes e a distância mínima de 1,5 metro entre eles. Partidas de futebol também poderão ocorrer a partir do dia 09, mas sem público.

E os jogadores deverão ser testados para o corona antes de cada jogo. Também continuam proibidos qualquer tipo de comemoração em grupo, no que tange os jogos. Tudo parte de um plano de segurança epidemiológico elaborado em tempo recorde pela Federação Alemã de Futebol (DFB).

No desenrolar da infecção, pouco a pouco se torna obrigatório o uso de máscaras de proteção. Já são nove dos 16 Estados da Alemanha que adotaram a medida.

Em paralelo se acumulam estudos que contestam até mesmo os dados do governo. Oficialmente são 148 mil casos registrados, 4.948 mortos e 95.200 pacientes curados. Cerca de 87% dos mortos pelo Corona vírus no país possuíam mais de 70 anos de idade.

O professor Klaus Püschel, diretor do Instituto de Medicina Legal da Universidade de Hamburgo-Eppendorf, examinou pessoalmente vários dos mortos pelo Covid-19 na cidade. “Alguns deles haviam na realidade falecido por ataque cardíaco, isso sem mostrar nenhum sintoma de infecção pulmonar”, denunciou ele. “Outros doentes estavam praticamente mortos, como dizemos no jargão médico, por conta de um longo histórico médico”, acrescentou.

Em contra-ponto, o presidente da Federação Alemã de Patologia, professor Karl-Friedrich Bürrig, aponta para diversos casos documentados em diversas cidades como Dresden, Stuttgart, Leipzig que desafiam essa regra.

“Há relatos de esportistas, na metade dos quarenta anos que surpreendentemente acabaram morrendo da infecção causada pelo Covid-19”, lembra ele.

Detalhe importante, até agora não existe obrigatoriedade de autópsia em todos os mortos, muito menos dos diagnosticados com corona vírus. “Em todos os institutos de patologia do país o percentual de autopsias em relação ao número de mortos varia entre 1 e 4%, ou menos”, informa o professor Johannes Friemann, diretor do Instituto de Patologia de Lüdenscheid.

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