Lula confirma negociações para ter Geraldo Alkmin como vice em 2022

O ex-presidente Lula, pré candidato à presidência pelo PT,  aproveitou uma entrevista no parlamento europeu, nesta segunda-feira (15), para fazer um aceno público ao ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), cotado nos últimos dias para ser um possível vice-presidente na sua chapa em 2022.

“Eu tenho uma extraordinária relação de respeito com o Alkmin. Eu fui presidente quando ele foi governador, e nós conversamos muito”, disse Lula. “Não há nada que aconteceu entre eu e o Alckmin que não possa ser reconciliado.”

Em coletiva de imprensa no Parlamento Europeu, em Bruxelas, na Bélgica, Lula disse não temer que o tucano, que concorreu contra Lula nas eleições de 2006, o traia, como se costumou a definir a atuação de Michel Temer, vice de Dilma Rousseff (2011-2016), que assumiu seu cargo após um processo de impeachment.

“O vice é uma pessoa que tem que ser levado muito a sério na relação com o presidente – porque o vice pode ser presidente, e podem acontecer muitas coisas. Depois, ele tem que ser uma pessoa que soma, e não que diverge com o presidente.”

O que antes era apenas especulação já começa a tomar contornos de uma possibilidade real: uma chapa entre Lula e Geraldo Alckmin na eleição presidencial de 2022.

As conversas entre lideranças partidárias neste sentido, já noticiadas desde abril, se tornaram destaque na mídia nos últimos dias, confirmadas por Luiz Marinho (PT), presidente do PT paulista.

“O momento é de conversas, diálogo, construções de pontes. Para o primeiro e o segundo turnos. Assim é a política. Sabemos identificar quem são nossos adversários para a retomada do Brasil da esperança”, disse o petista, que é ex-prefeito de São Bernardo do Campo, ao jornal Diário do Grande ABC.

Marinho, assim como outros correligionários que têm falado sobre o assunto, porém, procurou ponderar: “Tem muita água para correr sob a ponte das eleições. Aguardemos”.

Outras lideranças petistas do estado que são próximas a Marinho têm visto a possibilidade de uma aliança entre Lula e Alckmin com bons olhos. “A elaboração de uma chapa desse porte também sinalizaria ao centro político, que é um movimento importante. Sei que ainda estamos no campo da especulação, mas sou simpático a ideia”, afirmou, também ao Diário do Grande ABC, o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira.

Apesar dos embates políticos do passado, Lula diz que “sempre” gostou do ex-governador e que Alckmin seria “o único tucano que gosta de pobre”.

Ambos já teriam se encontrado ao menos três vezes este ano para discutir a possibilidade. A maior rejeição de Lula está justamente em São Paulo, estado que Alckmin já governou por 12 anos, em mandatos diferentes. Uma ida do tucano para o PSB seria uma das condições para viabilizar a chapa.

Alckmin teria dito a aliados que Lula não é uma ameaça à democracia como Bolsonaro e que a “atitude extrema” de estar ao lado dele seria justificada pela oposição ao presidente. A maior dificuldade para o avanço dessas conversas, no entanto, seria o fato de que o ex-governador teria interesse em, mais uma vez, disputar o Palácio dos Bandeirantes.

De saída do PSDB e flertando com o PSD de Gilberto Kassab, a articulação para que Alckmin fosse candidato a vice na chapa de Lula passaria por sua filiação ao PSB, legenda historicamente aliada ao PT.

Essas articulações vão ao encontro do que o pré-candidato ao governo de SP, Fernando Haddad (PT), declarou em encontro com trabalhadores da saúde de que, apesar de gostar de Guilherme Boulos (PSOL), os seus programas políticos são distintos e que tem conversado com Alckmin nos últimos tempos.

Em entrevista recente ao programa Fórum Onze e Meia, o deputado federal José Guimarães (PT-CE) afirmou que existem conversas sendo feitas em São Paulo, mas que ainda é muito cedo para se falar em candidaturas à vice.

 

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