Bolsonaro é pressionado a não assinar prêmio Camões de Chico Buarque

O presidente Jair Bolsonaro pretende analisar uma questão delicada no Palácio do Planalto assim que voltar da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), da qual participa nesta terça-feira (24), em Nova York.
Bolsonaro vai decidir se assina o diploma que será concedido ao cantor e escritor Chico Buarque pelo Prêmio Camões, o principal troféu literário da língua portuguesa. O total concedido ao brasileiro é de € 100 mil, valor pago, em parcelas iguais, por Brasil e Portugal, que criaram o prêmio.
A parcela da condecoração que cabia ao governo brasileiro já foi depositada em junho, segundo informou à Folha a assessoria de imprensa da Biblioteca Nacional. O diploma do prêmio, no entanto, ainda não foi assinado por Bolsonaro.
O documento, que já foi firmado pelo governo português, está nas mãos do ministro da Cidadania, Osmar Terra, que, segundo assessores palacianos, deve tratar a questão com o presidente até o final desta semana. A cerimônia de entrega será promovida em Lisboa.
O assunto tem rachado a cúpula do governo. Para integrantes do setor moderado, como o valor já foi liberado, a assinatura do diploma seria apenas uma iniciativa protocolar e, por isso, o presidente deveria seguir a tradição, evitando criar um constrangimento com o governo português.
Na avaliação de membros do núcleo ideológico, no entanto, ao não assinar o documento, o presidente faria um gesto político, posicionando-se contra o uso de recursos públicos em ações não prioritárias e demonstrando que seu mandato representa uma ruptura em relação aos governos anteriores.
No mês passado, o ex-secretário especial de Cultura Henrique Pires disse à Folha que correu o risco de ser demitido em maio quando Chico foi anunciado como vencedor, já que ele havia escolhido os dois representantes brasileiros do júri da premiação.
Segundo ele, Terra foi convencido na época de que não havia motivação política na escolha depois de conversar diretamente com o escritor Antônio Hohlfeldt, um dos jurados brasileiros da premiação. O outro brasileiro que participou do júri foi o escritor Antonio Cícero.
Chico é crítico de Bolsonaro e apoiou a campanha do petista Fernando Haddad na eleição presidencial do ano passado. Na semana passada, o musico visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba e defendeu a sua liberdade.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, não há uma obrigatoriedade para que Bolsonaro assine o documento. Em 30 anos, no entanto, nenhum presidente brasileiro deixou de firmá-lo. O cantor pediu que a cerimônia seja feita em abril, mas o governo português ainda não deu uma resposta.
(Com informações da Folha de São Paulo)

Itamaraty censura filme sobre Chico Buarque no Uruguai

A JBM Producciones do Uruguai comunicou ao diretor Miguel Faria Junior que seu filme “Chico: Artista Brasileiro”, 2015, sobre o grande músico brasileiro, foi censurado pela Embaixada brasileira em Montevideo.
A Embaixada, uma das patrocinadoras do Festival Cine de Brasil 2019, a ser realizada em outubro, avisou aos produtores do evento que o filme, que narra a trajetória musical de Chico nos últimos 50 anos, estava proibido de integrar a mostra. Leia abaixo a carta enviada pela produtora ao diretor Miguel Faria: ”
“Querido Miguel
Quiero informar cómo van las cosas camino al estreno, finalmente, de CHICO en Uruguay. Junto a nuestra asociada ENEC quien además de distribuidores son exhibidores, habíamos planificado estrenar el filme en el Festival de Cine de Brasil 2019 que se lleva a cabo en octubre y entre otros es auspiciado por la Embajada de Brasil en Montevideo. Esta mañana recibo un sorpresivo mensaje del exhibidor diciéndome que los llamaron de la embajada para “pedirles” que NO se exhiba el filme de CHICO en ese festival. Si bien es lógico debido a la situación política de Brasil, en Uruguay es muy grave que se censure la exhibición de una película siendo que en este caso JMB Filmes de Uruguay es el distribuidor y este acto afecta nuestros intereses. Adjunto mas abajo copia del mensaje oficial de ENEC (dueños socios de la sala ALFA/BETA) comunicándomelo y un archivo adjunto de audio de la llamada de una señora, suponemos desde Brasil, que avisa a la sala de la desición de la embajda de Brasil en Uruguay.”
(Com informações do O Globo)