Cassação tirou Ibsen Pinheiro do caminho para a Presidência

A morte do ex-deputado Ibsen Pinheiro, na noite de sexta-feira (24), mereceu trinta linhas n’O Globo e três parágrafos no site da revista Veja, os dois veículos que mais contribuíram, inclusive com informações falsas, para criar o clima que levou à cassação dele, há 25 anos.
A Veja sequer mencionou o episódio e ninguém referiu que ele foi alvo de uma campanha subterrânea para cortar sua trajetória.
Ibsen, que entrou aos 41 anos na política, teve uma carreira meteórica: em 15 anos foi da Câmara de Vereadores de Porto Alegre à Presidência da Câmara Federal.
Teve destacado trabalho junto a Ulisses Guimarães na Constituinte e, depois, ganhou notoriedade nacional, quando, já na Presidência da Câmara, conduziu o impeachment de Fernando Collor. Seu nome então entrou na lista dos candidatos à Presidência da República, visto como imbatível por alguns.
Uma denúncia urdida e uma cobertura sensacionalista o abateram em pleno vôo. Não foi escrita essa história, ainda.
Aos 84 anos,  Ibsen tratava de um câncer e estava hospitalizado quando teve uma parada cardiorrespiratória no Hospital Dom Vicente Scherer, em Porto Alegre. Foi velado na Assembleia Legislativa e cremado em cerimônia restrita aos familiares no sábado, 25.
Natural de São Borja, jornalista, promotor de justiça e advogado, começou na política em 1976, pelo MDB, quando elegeu-se vereador de Porto Alegre. Em 1978, elegeu-se deputado estadual e, em 1982, deputado federal. Em 1986, foi eleito deputado constituinte e, de 1991 a 1992, presidiu a Câmara Federal, tendo conduzido o processo de impeachment do ex-presidente Collor de Mello.
Foi novamente vereador de Porto Alegre (2004) e deputado federal (2006). É autor da Emenda Ibsen Pinheiro (2009), sobre a distribuição dos royalties do petróleo a estados e municípios.
Suplente na bancada do MDB na eleição de 2014, assumiu no ano seguinte, permanecendo até 2018.