A lei da "ficha-suja" e a moralização da política

(Christopher Goulart, especial para o JÁ)
Motivo de preocupação para muitos deputados do Brasil inteiro, o avanço no Congresso Nacional do projeto de Lei que dificulta a candidatura dos chamados “ficha-suja”, é uma realidade. Claro, para que o mesmo tenha andamento, era de se esperar alterações mais brandas a respeito do julgamento sobre inelegibilidade dos políticos criminosos. Restou definido que não basta a condenação de um juiz singular. Tal decisão deve ser firmada por um colegiado. O fato de o Ministério Público antes oferecer a denúncia sobre o ato criminoso do político e a mesma ser aceita pela autoridade judicial, não é sequer considerado pelo Congresso, que assim acaba sempre concedendo uma sobrevida aos Parlamentares desonestos.
Eis um dado importante. A decisão condenatória de um juiz singular não pode ser considerada como “solitária”. Antes dela, ocorre a investigação de um Promotor Público. Por outro lado, é inquestionável o princípio Constitucional de que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”. Mas o que se verifica é que em outros casos, como na admissão no serviço público, havendo problemas na “vida pregressa” o interessado pode restar inabilitado.
Dois pesos e duas medidas diferentes servem para uma reflexão sobre o tema. Além do mais, a ninguém cabe desconhecer a morosidade genérica do Poder Judiciário, e, assim sendo, quantos políticos criminosos cumpririam seus mandatos de 4 anos enquanto a “decisão do Colegiado” não é proferida? Muitos advogados habilidosos em protelar demandas judiciais garantiriam os mandatos de seus clientes, esgotando intermináveis recursos e instâncias.
Há que se frisar que este projeto partiu de uma iniciativa popular, subscrito por um milhão e seiscentos mil cidadãos, que têm ainda o respaldo um país inteiro que não suporta mais imoralidade na política. Aliás, “imoralidade” é uma palavra tênue demais para classificar contraventores e criminosos. Então, uma solução poderia ser a suspensão temporária do mandado cassado em primeiro grau, até a decisão do tal “colegiado”. Dessa forma a sociedade fica protegida de votar em um candidato que no mínimo é considerado suspeito.

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Comentários

  1. Avatar de Marco Godoy
    Marco Godoy

    Tenho insistido em comentar em várias matérias relativas a esse projeto, meu temor em relação a eficácia de todo esse movimento.
    Em primeiro lugar, as um milhão e seicentas mil pessoas (nas quais eu me incluo) que assinaram a petição em favor da “ficha-limpa”, no universo de eleitores brasileiros é pífio. É o suficiente para pressionar pela aprovação de tal lei, mas demonstra que a imensa maioria do eleitor não está nem aí para os mandos e desmandos dos políticos. Esses senhores, mesmo não podendo se eleger, vão lançar mão do execrável “jeitinho brasileiro” e vão eleger filhos, irmãos, genros, empregados e outros laranjas para continuar a roubalheira por eles.
    Acho sim que se deveria fazer uma grande mobilização pelo voto consciente, para que o eleitor de qualquer nível aprenda a votar em pessoas que realmente tenham comprometimento com o país em qualquer esfera da administração pública.
    O voto é uma coisa seríssima, e uma imensa parcela da população vota por uma camiseta, um chaveiro ou pior, por pura gozação. Já ouvi da boca de muita gente até muito esclarecida que disse que votou nessa ou aquela figura folclórica só pra ver o cara zoar no congresso. É isso que tem que acabar.
    Enquanto o brasileiro continuar elegendo pagodeiros, forrozeiros, pessoas de reputação duvidosa e celebridades falidas da mídia nada vai mudar nesse nosso cenário político desesperador.

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