Repórter fotográfico grava a própria detenção

Ao final do ato que repudiou o encerramento de uma exposição no Santander Cultural na tarde de terça-feira, em Porto Alegre, a Brigada Militar deteve duas pessoas – um morador de rua e um repórter fotográfico, Douglas Freitas, que com uma câmera na mão registrava a cena.
A BM ainda usou spray de pimenta para afastar do local outras pessoas e acertou uma borrifada no rosto de uma repórter da Zero Hora, Isadora Neumann.
Douglas e o morador foram levados de camburão a um posto da BM no Centro e tiveram que assinar um termo circunstanciado para serem liberados, pouco depois das 20h. O jornalista foi acusado de desobediência civil.
Douglas conta como tudo aconteceu: “Por que vocês estão prendendo ele? Qual o motivo da detenção? Para onde ele vai ser levado?” Estes foram os questionamentos que fiz, com a câmera em mãos, e que provocaram a ordem de prisão. Fui colocado no chão por 5 homens, recebi spray de pimenta no rosto (com toques de sadismo: o soldado do choque que lançou a borrifada, pediu para quem me segurava pelo pescoço me desmaiasse para que conseguissem me imobilizar e se postou na minha frente, calmamente, e esfregou o líquido nos meus olhos). No camburão, fui levado eu e o companheiro da rua que foi detido antes de mim. Foi ele que tentou me tranquilizar: “Já passei por isso, fica calmo e respira pela boca, vai passar”. Me concentrei nisso, mas não amenizou muito. Sou claustrofóbico, parecia que não encontraria ar dentro daquele camburão. Minha cara me agoniava, cheia de ranho e lágrimas. Ao chegar no cubículo da Companhia (com marcas de sangue nas paredes), não sabia o que esperar, mas esperamos. Só queria limpar meu rosto, não consegui por causa das algemas. Nos fotografaram frente ao banner da Brigada Militar, eu inchado, com a cara toda suja, sem conseguir abrir os olhos”.
Acompanhe o vídeo feito por Douglas da sua prisão:


“Eu não estava identificado como jornalista, mas repeti diversas vezes que estava trabalhando e que meu trabalho era acompanhar o trabalho da Polícia. Além de que é um direito de todo o cidadão filmar e registrar, direito à livre informação. Por que a polícia tem tanto receio de ter suas ações filmadas?”, relata Douglas. “É um agravo eu ser comunicador e ser detido por estar exercendo minha profissão”, lamenta.

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