Balada Segura pegou seis por dia em 2018

Em 2018, foram flagrados 2.239 motoristas dirigindo sob o efeito de álcool em 249 operações, segundo a estatística da Operação Balada Segura, da EPTC.

Na média, resulta em seis motoristas por dia abordados sob efeito de álcool. Entre esses condutores, 74 se enquadraram na esfera criminal, com resultado do teste do etillômetro igual ou superior a 0,34.

Os dados são específicos das operações da Balada Segura, não contabilizam outras blitze e operações realizadas em 2018.

Números da EPTC – COE / Balada Segura
Operações – 249
Veículos abordados – 19.176
Autuadas – 8.801
Alcoolemia total – 2.293
Alcoolemia crime (igual ou acima de 0,34) – 74
Alcoolemia Administrativo (acima de 0,04) 341
Recusa – 1.878
CHN recolhidas – 2.179

Caravanas chegam a Curitiba para a virada do ano com Lula

Apoiadores de todo o país devem chegar a Curitiba nos próximos dias para passar os últimos momentos de 2018 e a chegada do Ano Novo próximos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Familiares, políticos e militantes vão se reunir na Vigília Lula Livre, que fica nos arredores da sede da Polícia Federal. Na próxima segunda-feira (31), completam 269 dias em que Lula é mantido como preso político.
O intuito dos apoiadores é oferecer calor humano ao ex-presidente, que tem o seu isolamento agravado por conta dos feriados das festas de final de ano, quando os presos são impedidos de receber visitas. Nos dias 24 e 25, cerca de 500 pessoas estiveram em Curitiba para celebrar o Natal com Lula.
No dia 1º, os organizadores da vigília planejam um ato simbólico de passagem da faixa presidencial. “O certo seria a Dilma passar a faixa para o Lula”, diz Ricardo da Silva, que participa de uma caravana que parte de São Bernardo do Campo, no ABC paulita, com destino à capital paranaense. “O que vamos ter em Brasília é um embuste, resultado de notícias falsas, de campanha com caixa 2, a posse que nós consideramos adequada vai acontecer em Curitiba.”
Também está sendo organizado o Lulabraço, às 15h do primeiro dia de janeiro: “um amoroso abraço gigante, formado por toda a militância, de mãos dadas ao redor do quarteirão, será a nossa forma de abraçar Luiz Inácio Lula da Silva”, informam os organizadores.

Confira a programação do dia 31

9h – Bom dia Presidente Lula com as Mulheres pela Liberdade do Lula
10h – Atividades artísticas, culturais e poéticas
14h30min – Boa tarde Presidente Lula
15h – Atividades artísticas, culturais e poéticas
19h – Boa noite Presidente Lula
19h15min – Ato político com representantes das Caravanas e convidados
20h – Ato inter-religioso
21h – Confraternização de final de ano
23h – Virada do ano Lula Livre
 
 

Desfile em carro aberto pode ficar só no ensaio

Sob um forte esquema de segurança, a equipe responsável pela cerimônia de posse de do presidente eleito, Jair Bolsonaro, realizou hoje (30), na Esplanada dos Ministérios, o último ensaio para a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro.
Após o ensaio, o atual ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, disse que os preparativos para a cerimônia estão prontos e que não houve grandes alterações em relação ao previsto no primeiro ensaio.
“A festa está pronta, será segura e certamente vamos ter um dia primeiro para coroar o processo democrático que se iniciou lá atrás no primeiro turno [das eleições] no dia 7 de outubro”, disse o ministro durante coletiva com jornalistas.
Questionado se já havia uma decisão sobre a utilização do desfile em carro aberto no tradicional Rolls-Royce, Etchegoyen disse não haver decisão sobre o uso do automóvel e que dependerá da vontade do presidente eleito.

Último ensaio para a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, com desfile em carro fechado. Fotos Agência Brasil

No primeiro ensaio, realizado no último domingo (23), o dublê que interpretou Bolsonaro fez o trajeto da Catedral Metropolitana até o Congresso em carro aberto. No ensaio deste domingo, o desfile foi realizado em carro fechado.
“A decisão do carro aberto ou fechado será decidida pelo presidente da República em conversa com o general [Augusto] Heleno [futuro comandante do GSI], já no dia da posse e conforme as circunstâncias indicarem”, afirmou. “A nossa responsabilidade, a minha e a do general Heleno, é garantir que a vontade de 58 milhões de brasileiros se concretize e para isso é preciso dar segurança”.
Etchegoyen voltou a afirmar que são esperadas para a posse entre 250 a 500 mil pessoas. O ministro disse também que não há confirmação sobre a realização de uma cerimônia ecumênica na Catedral de Brasília.
“Somos um país grande, com significado no mundo, uma democracia importante que vai comemorar a posse de um presidente eleito. A nossa responsabilidade é apenas garantir que a festa esteja segura”, repetiu. “Toda posse é um período de esperança, independente de quem esteja assumindo, a posse é sempre um momento de esperança. Essa festa tem que ser garantida com as melhores condições de segurança”.
(Com informações da Agência Brasil)

Esquema de guerra para a posse de Bolsonaro

Por Agência Brasil  
Quem for acompanhar de perto a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, na próxima terça-feira (1º), terá que seguir regras de segurança estabelecidas pela organização do evento.
O acesso da população à Esplanada dos Ministérios será exclusivamente pela Rodoviária do Plano Piloto. A partir deste ponto, as pessoas que quiserem assistir à posse terão que descer a Esplanada a pé. Não serão permitidos o acesso com bicicletas, skates e patins, por exemplo.
A lista de proibições também inclui guarda-chuva, objetos cortantes, máscaras, carrinhos de bebês, fogos de artifício, bebidas alcóolicas, garrafas, sprays, além de bolsas e mochilas.
Quatro linhas de revistas serão montadas a partir da Rodoviária do Plano Piloto, com fiscalização manual da Polícia Militar. Quanto mais próximo ao Congresso Nacional, mais rigoroso fica o controle.
Detectores de metais também serão usados, aleatoriamente, ao longo do percurso. A população só poderá passar pelas barreiras com frutas e pacotes de biscoitos, preferencialmente em sacola transparente.
A previsão da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal é que a Esplanada dos Ministério receba de 250 até 500 mil pessoas para a posse.
Mais de 2,6 mil policiais militares trabalharão na região da Esplanada. A Operação contará com ações conjuntas de órgãos federais e distritais, entre os quais Exército, Polícia Federal, Secretaria da Segurança Pública, as polícias militar e civil, o Corpo de Bombeiros e Detran.

Esplanada dos Ministérios fechada com  grades, para a posse do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Esplanada dos Ministérios fechada com grades, para a posse do presidente eleito Jair Bolsonaro. – José Cruz/Agência Brasil

Lago Paranoá e espaço aéreo

A navegação no Lago Paranoá também será limitada. Segundo nota da Marinha do Brasil, entre os dias 30 de dezembro de 2018 e 02 de janeiro de 2019, estará terminantemente proibida a permanência de embarcações a uma distância inferior a 100 metros da Ponte JK e 50 metros das demais pontes e barragem do Lago Paranoá.
Segundo o Comando do 7º Distrito Naval, quem não respeitar a advertência será tratado como “uma ameaça à segurança, consequentemente, um risco à navegação, estando sujeitas à rigorosa inspeção, seguida de apreensão’.
Também haverá um esquema especial para defesa aérea e o controle de tráfego aéreo na capital federal. Um decreto autoriza a interceptação e o abate de aeronaves consideradas suspeitas ou hostis pela Força Aérea Brasileira (FAB), que possam apresentar ameaça à segurança.
A medida tem validade de 24 horas e estará em vigor de a partir da zero hora do dia 1º de janeiro ao mesmo horário do dia 2 de janeiro.
Pelo planejamento haverá áreas de exclusão, com três níveis de restrição. Nesses locais, somente aeronaves autorizadas irão sobrevoar. Caças sobrevoarão a área de segurança delimitada para impedir que aeronaves não autorizadas se aproximem.

Ações na Justiça tentam impedir Ricardo Salles de assumir Meio Ambiente

A cinco dias da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), tramitam na Justiça pelo menos quatro ações populares para impedir que o advogado Ricardo Salles assuma o comando do Ministério do Meio Ambiente.
Em ação que tramita na 10ª Vara Cível Federal de São Paulo, o advogado Ricardo Nacle pede à Justiça que proíba a nomeação. Conforme o jornal O Estado de S. Paulo, “há sobre o futuro ministro um sombrio e desalentador cenário apto a comprometer, seriamente, o predicado da moralidade do indicado para o cargo de confiança”.
Na Vara Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, o advogado Felipe Ramos Vollkopf da Silva protocolou ação popular com pedido de liminar, para que Bolsonaro seja proibido de nomear e dar posse a Salles.
Entre os fatos elencados no pedido estão a similaridade do caso com o da deputada Cristiane Brasil, indicada por Michel Temer para o Ministério do Trabalho, que acabou impedida por pendências justamente com a Justiça do Trabalho.
E a inelegibilidade do indicado, conforme condenação pela Justiça paulista, por ter adulterado mapas de zoneamento e o próprio edital do plano de manejo da Área de Proteção Ambiental Várzea do Tietê, ao longo do percurso do rio Tietê na região metropolitana de São Paulo.
O advogado assina também ação popular que tramita na 1ª Vara Federal da Subseção de Três Lagoas, com pedido de liminar. “É inconcebível que uma pessoa condenada por improbidade administrativa por atos praticados enquanto secretário estadual de meio ambiente possa ser nomeada Ministro do Meio Ambiente”, argumenta na petição.
O perfil do escolhido de Bolsonaro para criar e gerir políticas para o meio ambiente, segundo o advogado, configura “quebra de confiança de Bolsonaro”.
A ação aponta ainda os conflitos de interesse que inviabilizam a posse de Salles. Além da proximidade com os ruralistas, há os laços de amizade com a família Viacava e Vilela Junqueira, diretamente associadas ao maior desmatamento já promovido na região Amazônica.
advogado e professor do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade de Fortaleza (Unifor) Antonio Carlos Fernandes entrou com ação na 6ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal.
“Ele não está no gozo dos direitos políticos para ser ministro do Estado, como consta na Constituição. Então, ele não pode tomar posse, além de afetar o princípio de moralidade”, diz o advogado Antônio Carlos Fernandes ao jornal O Povo. “A posse dele será mais que ilegal, será inconstitucional. É imoral que um ministro já condenado tome posse. Ainda mais sendo condenado por fraudar a legislação do meio ambiente como ele foi”. (Com informações da RBA)

Tempo para se aposentar aumenta um ano a partir de segunda

O cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição vai mudar a partir de segunda-feira (31), quando entra em vigor uma mudança na lei aprovada em 2015.
A regra exige um ano a mais para homens e mulheres se aposentarem. A atual fórmula, conhecida como 85/95, vai aumentar um ponto e se tornar 86/96.
Quem quiser se aposentar pela regra atual – e já cumpre os requisitos – têm até domingo (30) para fazer a solicitação.
Pela fórmula 85/95, a soma da idade e do tempo de contribuição deve ser de 85 anos para mulheres e 95 para homens.
O tempo de trabalho das mulheres deve ser de 30 anos e o dos homens, de 35 anos. Isso significa, por exemplo, que uma mulher que tenha trabalhado por 30 anos, precisa ter pelo menos 55 anos para se aposentar.
A partir do dia 31, para se aposentar com o tempo mínimo de contribuição, ela deverá ter 56 anos. A mesma soma precisará alcançar 86 e 96. A fórmula será aumentada gradualmente até 2026.
Aqueles que já cumprem as regras podem solicitar a aposentadoria pelo telefone 135, que funciona das 7h às 22h, no horário de Brasília. Pelo telefone, o pedido pode ser feito somente até sábado. Pelo site do INSS.o pedido pode ser feito até domingo (30).

Fórmula

A atual regra é fixada pela Lei 13.183/2015. Nos próximos anos, a soma voltará a aumentar, sempre em um ano. A partir de 31 de dezembro de 2020, passará a ser 87/97; de 31 de dezembro de 2022, 88/98; de 31 de dezembro de 2024, 89/99; e, em 31 de dezembro de 2026 chegará à soma final de 90/100.
Além de se aposentar pela regra 85/95, os trabalhadores podem atualmente se aposentar apenas por tempo mínimo de contribuição: 35 anos para os homens e 30 anos para as mulheres, independente da idade. Nesses casos, no entanto, poderá ser aplicado o chamado fator previdenciário que, na prática, reduz o valor da aposentadoria de quem se aposenta cedo.
(Com informações da Agência Brasil)

Netanyahu diz que mudança da embaixada "não é se, é quando"

Exposição "Adulteradas", no Margs, traz nova pesquisa fotográfica de Nilton Santolin

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli apresenta a exposição “Adulteradas – Fotografias de Nilton Santolin”, com abertura dia 10 de janeiro, às 19h, na galeria Oscar Boeira do MARGS. A mostra, com curadoria de José Francisco Alves, pode ser visitada até 10 de março, com entrada franca. Visitas mediadas podem ser agendadas no e-mail educativo@margs.rs.gov.br.
Serão apresentadas 19 fotografias impressas digitalmente, em adesivo vinil, sarja sintética e papel fotográfico, dentro da mais recente linha de pesquisa do fotógrafo porto-alegrense Nilton Santolin.
São imagens de Porto Alegre capturadas entre 2010 e 2018 com câmeras fotográficas e celular, as quais são trabalhadas em um software de smartphone Android, com tamanhos de exibição que variam de 60 x 60 cm a imagens enormes, de até 1 x 3 metros.
As fotografias originais foram submetidas a efeitos do software, que fez edições incríveis com as imagens, duplicando-as, espelhando-as, quadruplicando-as. Para o artista, estas distorções são adulterações, criando assim imagens diferentes, instigantes, que nos fazem viajar num mundo arquitetônico único.

Foto: Nilton Santolin/Divulgação

Sobre o artista e o projeto, pelo curador José Francisco Alves
“Nilton Santolin (Porto Alegre, 1964) é detentor de uma experiência de quase 35 anos de carreira em várias frentes da fotografia profissional. Desenvolveu nesse período também um trabalho autoral artístico próprio, criando uma obra incluída em várias mostras coletivas e individuais. A presente exposição é sua primeira individual no Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS, na qual expõe trabalhos da série Fotos adulteradas.
Como fotógrafo formado na fase final da longa era analógica da fotografia, Santolin adaptou-se muito bem à revolução digital, ao perceber as potencialidades das infinitas novas ferramentas oferecidas pelos softwares. A exemplo de muitos de sua geração, no início ele passou por uma normal resistência à manipulação pós captura das fotografias, antes imortalizadas definitivamente em filmes negativos ou positivos. Porém, esteve o artista ciente do que poucos se dão conta: mesmo na fotografia analógica, de que havia um certo nível de manipulação, por meio de lentes, inúmeros filtros e recursos dos mais diversos. Porque não ampliar estas possibilidades pelo meio digital?
O fotógrafo da era digital, assim, não mais fotografa, mas cria imagens. Uma só imagem capturada em CCD (o “filme” digital) é oferecida a um mundo de possibilidades e desdobramentos.
Por volta de 2001, Santolin começou as suas manipulações digitais na Escola de Criação da ESPM. Lá, utilizou em seus trabalhos os iniciais e já poderosos recursos de edição por software, os quais não só ofereciam ferramentas incríveis aos fotógrafos autores, mas à área publicitária como um todo. Dentro da era digital, outra revolução operou-se ao longo da segunda década do Séc. XXI  ̶  o avanço extraordinário dos smartphones  ̶  uma ferramenta que, para o bem ou para o mal, agora comanda a vida das pessoas. Para esses aparelhos, abriu-se também um infinito número de programas – aplicativos – para todo o tipo de tarefas úteis ou fúteis.
Nesse contexto, há cerca de dois anos, Nilton Santolin descobriu um App de smartphone Android para manipulações de imagens o qual passou a utilizá-lo na transformação de imagens capturadas com máquinas fotográficas profissionais, mostrando que o artista pode mesmo valer-se de todas as novidades, sem preconceitos. Nasceu assim a ferramenta para a mostra Fotografias adulteradas. O tema desta exposição  ̶  série surpreendente de um artista de longa carreira fotográfica  ̶  foca na possibilidade do App para Android em criar realidades impossíveis – imprevisíveis, visões incríveis da paisagem arquitetônica ou mesmo de detalhes da vida urbana. Imagens adulteradas: multiplicadas, duplicadas, quadruplicadas.
E não é qualquer paisagem, não são quaisquer locais. É a cidade de Santolin, a Porto Alegre de rica arquitetura e urbanidade – ainda que em uma não muito boa fase de bem viver urbano –, mas que o artista distorce, nos convida a brincar, a saber de tal imagem o que seria, qual o detalhe original é, qual o lugar de nossa urbe está ali, totalmente transformado, adulterado. Estamos diante de uma oportunidade também de pensar sobre as possibilidades da fotografia, hoje uma arte que está totalmente à vontade no museu, seu definitivo lugar.
Santolin brinca com as imagens e nos convida a entrar na brincadeira. Mas arte muito séria, eis que fruto do uso – inédito – de duas ferramentas poderosas: máquinas fotográficas profissionais e um específico App de smartphone. Este resultado só adquire sentido porque passa pelo crivo da experiência e do conhecimento da cultura visual de um artista: Nilton Santolin.”
José Francisco Alves
Doutor em Crítica e História da Arte, membro da Associação Internacional de Críticos de Arte – AICA e do Conselho Internacional de Museus – ICOM.
Foto: Nilton Santolin/Divulgação

SERVIÇO
Abertura: 10 de janeiro de 2019, às 19h
Curadoria: José Francisco Alves
Visitação: De 11 de janeiro a 10 de março de 2019, de terças a sextas, das 10h às 19h
Local: Galeria Oscar Boeira do MARGS
Entrada franca
 
 
 
 
 

Ataques à liberdade de imprensa

Novamente o ano encerra com notícias preocupantes para os profissionais da comunicação social de todo o mundo e para as sociedades democráticas em geral. Na França, a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), no balanço anual de ataques à imprensa que faz desde 1995, revela que, em 2018, a violência contra jornalistas aumentou em todo o mundo. De acordo com RSF, 80 profissionais de imprensa (jornalistas e colaboradores) foram assassinados, outros 348 estão presos e 60 são reféns. Considerando apenas os jornalistas, os assassinatos cresceram 15% (63 contra 55 em 2017). Os casos do saudita Jamal Khashoggi, colaborador do Washington Post, e do eslovaco Jan Kuciak, do site de notícias Aktualitaty.sk, onde trabalhava com jornalismo de dados, ilustram outra constatação importante do balanço: mais da metade das vítimas foram intencionalmente assassinadas. O Afeganistão, com 15 ocorrências, foi o país mais mortífero, seguido pela Síria (11) e o México (9), o mais perigoso entre as nações que não estão em guerra.

Do outro lado do oceano, nos EUA, o Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) denuncia que pelo menos 251 profissionais de imprensa estão encarcerados em todo o mundo por acusações ligadas à sua atividade profissional, reforçando, pelo terceiro ano consecutivo, o aumento da repressão à liberdade de imprensa. A Turquia aparece como o país com o maior número de detenções, com 68 jornalistas presos. A China ocupa a segunda colocação, com 47, seguida pelo Egito (25). Juntos, os três países são responsáveis por mais da metade de todas as ocorrências. No Brasil, o CPJ registra apenas Paulo Cezar de Andrade Prado, do Blog do Paulinho, preso desde 9 de novembro, em São Paulo (SP), por crime de difamação contra o também jornalista Milton Neves. O Comitê, da mesma forma, alerta para o número de prisões sem acusação. Na China, por exemplo, há pelo menos dez profissionais nesta situação.

Como se percebe, há muito a ser feito, no Brasil e no mundo, para que o artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos – esta septuagenária senhora – se consolide. Vamos continuar professando e lutando pelos seus ditames: “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independente de fronteiras”. Este é o papel do profissional da comunicação social, na sua essência, e de suas entidades de classe, na defesa da liberdade de imprensa.

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(Vilson Romero é jornalista, diretor de Direitos Sociais e Imprensa Livre da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) e conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

Novo chanceler diz que "Deus está de volta"

Do El País
Avesso a entrevistas, o futuro chanceler do Brasil, Ernesto Araújo, assina um artigo na revista norte-americana The New Criterion no qual diz que a “Divina Providência (em maiúsculas) uniu as ideias de Olavo de Carvalho à determinação e ao patriotismo do presidente eleito, Jair Bolsonaro“.
O texto, de três páginas, consta na edição de janeiro da publicação de tendência conservadora. Trata-se de uma pouco usual manifestação de Araújo, diplomata que foi indicado ministro das Relações Exteriores de Bolsonaro por recomendação do filósofo Olavo de Carvalho, maior ícone intelectual da nova direita brasileira.
O homem que comandará a partir de 1º de janeiro as relações exteriores do maior país da América Latina inicia seu texto defendendo que Deus deverá assumir um papel central na vida política brasileira.
“Ao longo dos últimos anos o Brasil se tornou uma fossa de corrupção e aflição. O fato de que as pessoas não falavam sobre Deus e não traziam a sua fé para a praça pública certamente era parte do problema”, diz. “Agora que um presidente fala sobre Deus e expressa a sua fé de um jeito profundo e sincero, isso deve ser visto como um problema? Pelo contrário, eu estou convencido que a fé do presidente Bolsonaro foi instrumental, não acidental, para a sua vitória eleitoral e para a onda de mudança que está limpando o Brasil.”
A nomeação de Araújo, um diplomata considerado por muitos inexperiente demais para o posto e defensor de uma guinada radical em alinhamento às ideias defendidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou fortes reações dentro do Itamaraty — uma das pastas com maior tradição na Esplanada e que sempre cultuou posições de moderação na área de política externa. O futuro chanceler aproveitou o espaço no The New Criterion para defender-se, redobrando sua aposta em posições polêmicas. “Meus detratores me chamaram de louco por acreditar em Deus e por acreditar que Deus atua na história — mas eu não me importo. Deus está de volta e a nação está de volta. Uma nação com Deus; Deus através da nação. No Brasil (ao menos), o nacionalismo se transformou no veículo da fé, a fé se tornou o catalisador do nacionalismo, e ambos acenderam uma empolgante onda de liberdade e de novas possibilidades”.

Defesa da ditadura

Araújo faz uma reinterpretação do processo político vivido pelo Brasil desde o fim da ditadura militar que vigorou entre 1964 e 1985 — “erroneamente chamada de regime militar”, anota o diplomata — e afirma que a vitória de Bolsonaro nas urnas faz parte de “uma onda de mudança que está limpando o Brasil”. Para Araújo, desde a redemocratização se instaurou no Brasil um sistema corrupto “que sufocou a economia”, no qual três partidos (MDB, PSDB e PT) agiam de forma coordenada.
“Um sistema tão estabelecido nunca reformaria a si mesmo. Apenas encontraria novas máscaras para estender seu poder […] Uma mudança de verdade apenas poderia vir de fora, dos domínios intelectuais e espirituais”, escreve Araújo, para em seguida arremeter: “Então o que quebrou esse sistema? Olavo de Carvalho, a Operação Lava Jato e Jair Bolsonaro.”
Ernesto Araújo define Carvalho como “a única pessoa no Brasil, durante muitos anos, a usar a palavra comunismo para descrever a estratégia do PT”. Além do mais, segundo o novo chanceler o filósofo “talvez tenha sido a primeira pessoa no mundo a ver o globalismo como um resultado da globalização, a entender seus propósitos horríveis e a começar a pensar sobre como derrubá-lo”.
“Graças ao boom da Internet, e especialmente à revolução das mídias sociais, de repente as ideias de Olavo de Carvalho começaram a penetrar todo o País, alcançando a milhares de pessoas que até então tinham se alimentado apenas dos mantras oficiais”, escreve Araújo. “Essas ideias romperam todas as barreiras e convergiram com as posições corajosas do único político brasileiro verdadeiramente nacionalista dos últimos cem anos, Jair Bolsonaro, dando-lhe um apoio de base sem precedentes.”
Stuenkel aposta que, nos bastidores, os chineses convencerão à futura gestão brasileira a agir de forma pragmática. Já um diplomata brasileiro, que preferiu não de identificar, avalia que há diferenças internas da equipe bolsonarista que vão se refletir na política externa: de um lado, há o receituário liberal do Paulo Guedes, que será o superministro de economia, e, de outro, a postura mais soberanista que o próprio Bolsonaro costumava defender. “As relações com a China darão a senha para compreendermos qual dessas visões prevalecerá”, diz o funcionário

Ade