Arte do absurdo expõe a estética do pesadelo

A estética do pesadelo é o que norteia a exposição “Jest sztuką absurdu”, da artista visual Samy Sfoggia, que inaugura na terça-feira, 23, às 19 horas, na Galeria Ecarta.
Selecionada por edital, a mostra (cujo título, traduzido do polonês, significa “arte do absurdo”) é composta por cinco séries de trabalhos que tiveram como princípio a fotografia, especialmente de base química, e desenhos.
Todas resultam de uma pesquisa acadêmica na qual a autora aliou a teoria e a prática diária em laboratório fotográfico.
Durante o processo, Samy estudou o conceito de fotograficidade, definido por Francis Soulages como a articulação entre a irreversível obtenção do negativo e o inacabável trabalho a partir desse. Segundo ele, uma das características da fotografia é o fato de ela ser aberta à hibridação e à impureza, sendo isso uma consequência do inacabável.
A maioria das imagens da exposição, foram captadas em negativos de 35mm em P&B, que foram escaneados e manipulados digitalmente. Após serem impressas, as imagens sofreram alterações manuais e, em alguns casos, novamente digitalizadas e reimpressas. Os desenhos, por sua vez, tiveram como referência fotografias de arquivo pessoal e stills de filmes consagrados. “Em todos os trabalhos houve a busca pela construção de uma estética do pesadelo”, conceitua Samy. “As séries apresentadas sofreram influência tanto de outros fotógrafos quanto de obras que transpõem os limites da própria fotografia. Como ferramenta ou como trabalho em si, essa técnica é amplamente utilizada na produção de arte contemporânea”.

Série - Das Fremde in mir (m vertical)
Série – Das Fremde in mir

“Jest sztuką absurdu” fica em cartaz na Galeria Ecarta (Av. João Pessoa, 943, Porto Alegre) até 2 de novembro de 2014. O horário de visitação é de terça a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 20h; e domingo, das 10h às 18h. Entrada franca. Informações pelo fone 51.4009.2970 / www.ecarta.org.br .
Sobre a artista
Samy Sfoggia (1984) é formada em História pela FAPA (2007) e pós-graduada em Arte, Corpo e Educação pela UFRGS (2009). Atualmente, estuda fotografia no Instituto de Artes da UFRGS, onde atuou como monitora das disciplinas de Fotografia Analógica e Digital e como bolsista de iniciação científica no projeto de pesquisa intitulado “Procedimentos de contato: desdobramentos da fotografia em imagem numérica na arte da atualidade”, coordenado pela professora Elaine Tedesco.
Em 2012 e 2013, participou das exposições coletivas: Projeção Fotográfica #Mesa7 (Recife/PE); Contatos Imediatos – Centro Universitário Feevale (Novo Hamburgo/RS); Mostra Videoarte Mamute – Santander Cultural (Porto Alegre/RS); Arte Agora 2 – Galeria Lourdina Jean Rabieh (São Paulo/SP).
Sua primeira exposição individual intituladaREM ​(Rapid Eye Movement), com  curadoria de Elaine Tedesco, ocorreu no Estúdio Galeria Mamute (Porto Alegre/RS), em 2012. No ano seguinte, expôs individualmente a série fotográfica Verboten, na Galeria do 4º andar da Usina do Gasômetro (Porto Alegre/RS). Em 2014, participou da primeira exposição coletiva do Acerto Independente (Porto Alegre/RS). O trabalho de Samy foi comentado nos livros Tradição em Paralaxe: a novíssima arte contemporânea sul-brasileira e as “velhas tecnologias“, organizado por Daniela Kern, e Poéticas Abertas, organizado por Rosa Maria Blanca. Além disso, suas imagens foram publicadas em diversos sites e revistas internacionais, tais como: Lost At E Minor, Powerscourt Gallery, International Times, Trend Hunter, Empty Mirror Arts & Literary Magazine e Synchronized Chao.

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