A fábula do lobo e do cordeiro no litoral norte

Por Geraldo Hasse
A ascensão de Osório ao pódio dos municípios mais ricos do Rio Grande do Sul – em 2010, será o quinto maior orçamento do estado, só superado por Porto Alegre, Canoas, Caxias do Sul e Gravataí – vem colocando a população local, 40 mil habitantes, numa saia justa entre as tentações do desenvolvimento econômico convencional e as necessidades de preservação ambiental. No momento dois grandes projetos mobilizam as autoridades, o funcionalismo e o empresariado local.
O mais antigo é a instalação de uma rede coletora de dejetos domésticos e a construção de uma grande estação de tratamento de esgotos, cujos resíduos finais serão lançados na Lagoa dos Barros, que ocupa 10 mil hectares entre Osório e Santo Antonio da Patrulha. Só na ETE estão sendo gastos R$ 6 milhões. O projeto total, que fará da cidade um centro urbano 100% saneado, consumirá mais de R$ 20 milhões.
Como na fábula do lobo e do cordeiro, os municípios de Osório e Santo Antonio da Patrulha estão brigando na Justiça sobre quem vai beber a água suja. Se para os osorienses pouco importa a Lagoa dos Barros, para os patrulhenses é fundamental que esse grande corpo d’água seja preservado como balneário e até como fonte de água potável. Além disso, a lagoa também é fonte de irrigação para cerca de 5 mil hectares de arrozais no litoral norte.
O outro grande assunto a mobilizar (e dividir) a população de Osório é o projeto de implantação de uma indústria metalúrgica no município. Além de intimada a oferecer toda a infraestrutura, a prefeitura foi convidada a investir cerca de metade do valor do investimento, tornando-se uma espécie de sócia branca do empreendimento, idealizado por um grupo empresarial com negócios na região metropolitana gaúcha.
A discussão tem dois focos principais. Primeiro, os defensores da implantação da indústria argumentam que ela vai gerar empregos e aumentar a renda do município. Segundo, os contrários acham que a fragilidade do ecossistema local não comporta um projeto industrial desse porte.
Além disso, um argumento emergente lembra que o município não tem vocação industrial, configurando-se como um centro de serviços de apoio a viajantes – isso, desde o tempo dos tropeiros, no século XIX, quando a vila de Conceição do Arroio se desligou de Santo Antonio da Patrulha, a célula-mater de todo o nordeste gaúcho.
Como a prefeitura de Osório se tornou tão rica a ponto de bancar um projeto de saneamento total e ser cortejada como acionista de projetos industriais? É o que todo mundo pergunta. Não foi por mérito das lideranças locais, mas por força de uma excepcional localização geográfica. Primeiro, a partir de 2004 o município se tornou a base operacional de empresas empenhadas nas obras de duplicação da BR-101 no litoral norte. Segundo, em 2005, Osório foi escolhida como sede do parque eólico da Ventos do Sul Energia, que desde fins de 2006 opera 75 grandes aerogeradores no território osoriense, considerado um grande “corredor de ventos”. Por fim, em 2008, o município ganhou na Justiça os direitos tributários sobre o terminal de petróleo da Petrobras, situado no bairro osoriense de Santa Luzia, junto a Tramandaí.

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