A invasão hermana

As ruas centrais de Porto Alegre ficaram azuis e brancas – ou albicelestes, como dizem los hermanos – para apoiar sua seleção que comandada por Lionel Messi derrotou a Nigéria, no início da tarde de quarta-feira, 25/06, por três a dois no estádio Beira-Rio.
Dos cerca de 100 mil argentinos que estiveram na capital gaúcha, pouco mais de um quarto tinha ingresso para assistir a partida. Alguns milhares foram para o FIFA Fan Fest, e o resto se espalhou por bares do Centro Histórico, ou no bairro boêmio da Cidade Baixa. O negócio era assistir o jogo – telão ou telinha, não importa – e confirmada à vitória, comemorar.
Francisco Ribeiro (clique no título da matéria para ler o resto do artigo).
Porto Alegre, que temeu pela presença dos barrabravas (os hooligans argentinos), recebeu, no geral, bem os provocativos hermanos e suas canções que invariavelmente terminam dizendo que Maradona é melhor do que Pelé. Mas isso é problema deles e no Brasil a maioria leva as letras na esportiva, na gozação. Mas não convém exagerar, como comprovaram os distúrbios envolvendo argentinos nas cidades em que joga a sua seleção.
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No Rio de Janeiro, por exemplo, um grupo, ao tentar interromper o trânsito na Avenida Atlântica, Copacabana, foi reprimido com gás de pimenta. No bairro Savassi, em Belo Horizonte, brasileiros e argentinos alcoolizados promoveram, num bar, uma verdadeira guerra de garrafas, vazias, naturalmente. Já em Porto Alegre, na noite de terça-feira, 24/06, um torcedor argentino foi baleado na coxa num bar da Rua Fernando Machado, após uma discussão sobre futebol.
Contudo, não faltaram precauções. Órgãos de segurança argentinos, em colaboração com seus pares brasileiros, fizeram uma lista de 2500 nomes de indivíduos com antecedentes criminais, e pertencentes às barrabravas de clubes daquele país. Isso possibilitou a identificação e a proibição de entrada, ou a expulsão do território brasileiro de dezenas desses elementos. Mas sabe-se que muitos desses delinquentes disfarçados de torcedores conseguiram burlar os filtros de segurança e ingressar no Brasil.
Barrabravas
Uma típica ação barrabrava ocorreu quarta-feira, 25/06, pela manhã, poucas horas antes do jogo Argentina e Nigéria. Nessa ocasião, três torcedores nigerianos denunciaram terem sido agredidos por um grupo de argentinos: “roubaram nossos ingressos, comportaram-se como animais”, desabafou um revoltado africano. Mas os barras não foram os únicos vilões. Além de argentinos, foram detidos nigerianos e indianos vendendo ingressos falsos para o jogo no Beira-Rio.
Mas seria injusto, por causa desses incidentes, discriminar os argentinos. Além dos milhões de reais que injetam no comércio das cidades onde joga a sua seleção, a maioria quer apenas torcer em paz ou como disse a simpática Claudia Xavier, natural de Córdoba, a segunda cidade mais populosa da Argentina: “aqui hemos venido a disfrutar” (estamos aqui para nos divertir).
Comerciária, ela viajou de ônibus com o marido, Juan, cerca de 1600 quilômetros para assistir o jogo em Porto Alegre. No Caminho do Gol – trecho que vai da Avenida Borges de Medeiros ao Beira-Rio – o casal exibiu, discretamente, os ingressos comprados com bastante antecedência. Também achou absurdo o fato de alguns compatriotas estarem dispostos a pagar mais de mil dólares para assistir o jogo ao vivo: “é melhor pegar a grana e ir para o Fan Fest, e encher a cara de cerveja e caipirinha”, sugeriu a bem-humorada Claudia.
Opção que coube Jorge Kelm, 19, um alto e loiro pibe (rapaz) de Colegiales, um bairro de Buenos Aires, que com mais dois amigos, estudantes de jornalismo, encararam num velho Fiat os 1366 quilômetros que separam a capital portenha de Porto Alegre. Chegaram sábado, 21/06, dormiram no carro e depois armaram uma barraca no Acampamento Farroupilha. Gostaram muito do Brique da Redenção: “Em Colegiales temos algo parecido, um Mercado de Pulgas”, informou Kelm.
Para ele, estar no Brasil já é um prêmio, mesmo sem dinheiro para comprar os ingressos dos jogos. Salienta o ambiente de festa que acompanha o selecionado argentino pelas cidades brasileiras: “não sei se vamos ser campeões. Mas, com certeza, temos o melhor jogador. Messi é superior a Neymar, Robin ou Cristiano Ronaldo. Só não é melhor que Maradona ou Pelé”. Sobre os dois últimos, não quis fazer comparações para estabelecer quem foi o maior. Em terra estrangeira: prudência, chá e simpatia. Conselho que deveria ser seguido pelos torcedores de qualquer país.

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