Era uma passeata normal do Fórum Social Mundial (este ano Temático), com todos aqueles grupos organizados, seus cartazes, seus slogans, suas camisetas, suas músicas, suas palavras de ordem; todos procurando chamar atenção pra seus temas.
A marcha durou cerca de uma hora e meia, reunindo mais de 12 mil pessoas, que percorreram a Avenida Borges de Medeiros, da esquina democrática até próximo ao anfiteatro pôr-do-sol, Centro de Porto Alegre. Entre as cobranças mais comuns estavam os protestos contra o novo código florestal, que contou com coreografias teatrais – um enterro do meio ambiente era encenado na rua; no final de cada ato, mudas de plantas eram entregues ao público.
Também ficou evidente a divisão em blocos, como num desfile de escola de samba, mas aqui com vários carros de som, e algumas bandas – desde latas até baterias que poderiam tocar numa mini escola de samba.
Na metade do trajeto, políticos se juntaram a marcha, no setor dos trabalhadores, liderados pelo governador Tarso Genro e o prefeito José Fortunati, eles integraram a marcha até quando a chuva se apresentou.
A banda que animava o último reduto do desfile, tinha atrás de si um coletivo desigual, que não portava cartazes e não tinha uniforme. Quando a chuva desabou, a banda correu para baixo do viaduto da Borges. Eram dois trombones, dois trumpetes e uma pequena bateria. O desfile de protesto virou carnaval, festa, celebração, meninos rolavam no leito encharcado da Borgers. A certa altura uma mulata puxou a camiseta e aqueles peitos saltaram… Ainda não vimos a imagem. Parece quefotógrafos, que eram muitos, já se haviam recolhido.
O temporal dispersou a multidão, em cerca de 20 minutos a chuva forte alagou ruas próximas e deixou boa parte da região central sem luz, aumentando os transtornos no trânsito nas vias bloqueadas para a caminhada.
Por Elmar Bones e Tiago Baltz
Imagens da marcha: Ayrton Centeno, Tiago Baltz e Velci Matias