Helen Lopes
Em outubro de 1807, quando Porto Alegre era uma vila junto ao Guaíba, o governador Paulo José da Silva Gama oficializou a doação da Várzea do Portão ao município. Era uma planície alagadiça que começava na saída da vila próxima ao atual Viaduto Loureiro da Silva. Media mais ou menos 70 hectares.
Serviu de descanso para tropeiros, cavalos e gado, tradição herdada dos portugueses. “Eram locais de rocio, como em Lisboa”, ensina o historiador Sérgio da Costa Franco. Em 1827, os militares já praticavam exercícios ali e não demorou para iniciarem a construção do Casarão da Várzea, em 1872, para abrigar a Escola Militar. Começava o achaque do parque.
Em 1896 veio a instalação da Escola de Engenharia, em frente a atual Praça Argentina. Ainda no final do século XIX, o lote entre a José Bonifácio e a Venâncio Aires foi vendido. O terreno do Hospital de Pronto Socorro também foi parte da Redenção, assim como o Instituto de Educação Gal. Flores da Cunha.
Com a Exposição de 1935, em homenagem ao centenário da Revolução Farroupilha, realizaram primeiro grande ajardinamento para a inauguração oficial. Foi quando virou área de lazer.
Bastante modificado em seus limites, o parque começou a perder espaço interno. Em 1939, criou-se o Estádio Ramiro Souto e, em 1964, ergueram o Auditório Araújo Vianna. Assim a Várzea diminuindo até chegar aos 37 hectares atuais.
Mas os limites oficiais não correspondem à área de circulação. Ao lado do Mercado Bom Fim fica a Sociedade Esportiva Recanto da Alegria, ou Soreal, que é um clube privado para amantes da bocha e outros jogos. E até mesmo o parque de diversões está numa área que foi destinada provisoriamente, sob a promessa de remanejo que nunca aconteceu. “Somando essas partes, a área de uso comum está muito restrita”, avalia Roberto Jacubasko, membro do Conselho de Usuários.
Uma história negra
O nome Redenção foi uma homenagem da Câmara de Vereadores à libertação dos escravos, tema no qual o Rio Grande do Sul foi um estados pioneiros, em 1884. “Era local de passagem no deslocamento para Colônia Africana que se formou no que hoje é o bairro Rio Branco”, relata o historiador Sérgio da Costa Franco.
Ele alerta que não encontrou em suas pesquisas vestígios de acampamentos de escravos fugidos ou celebração pela alforria, histórias amplamente difundidas oralmente. O professor Oliveira Silveira, que não é historiador, mas tem anos de atuação no movimento negro, observa que eram descendentes africanos que descansavam nos campos da Várzea. “Ou quem eram os carreteiros e ajudantes na época, senão os escravos?”
Silveira também recorda que além das famosas festas na Igreja do Bom Fim, o local era um ponto de referência devido ao “Candombe da Mãe Rita”, situado na rua da Fonte, atual Avaí. “A casa abrigava festas e celebrações não necessariamente ligadas à religião afro.”
Nomes
Campo do Bom Fim – Primeira denominação oficial, dada em 1870, em alusão a igreja construída na Osvaldo Aranha.
Campo da Redenção – Em homenagem a libertação dos escravos em 1884.
Parque Farroupilha – Nome contemporâneo que marca a inauguração do parque em 1935.
A redução da Redenção
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