Naira Hofmeister
Finos, coloniais, tintos e brancos. Não importa o tipo. Basta chegar o frio para os gaúchos procurarem as prateleiras de vinho. Assim como a produção, a oferta tem aumentado nos últimos anos. Entre os comerciantes de bairro, há a convicção de que a melhor forma de vender vinho é criando o hábito do consumo freqüente. O que já está acontecendo.
Adegas e distribuidoras da capital gaúcha não dependem mais do comércio sazonal. “No inverno o consumo dobra, mas no verão não ficamos mais parados”, garante Dirceu de Castro, da Ametista Bebidas.
Para quem não tem o hábito de consumir a bebida, o frio vem a calhar. O vinho esquenta e dá um toque especial naquela gélida noite de sábado em que a rua não é a opção mais convidativa.
Gabriela Martinez, proprietária da Antares Vinhos, aconselha começar pelos mais baratos e de uma única vinífera. “Assim a pessoa começa a conhecer o sabor de cada uva e pode determinar qual o que mais lhe agrada”. Simone Lubus, da Casa dos Vinhos, acrescenta que o paladar pessoal é muito importante nessa hora. “O melhor vinho para mim, pode ser o pior para outra pessoa”.
Pensando na descoberta desse mundo, as lojas locais oferecem algumas variedades da bebida para degustação. Na Casa dos Vinhos e na Antares, a oportunidade é nos sábados, do início da manhã até a tarde. Na Ametista, Casa de Baco e na Vinhos do Mundo, as provas estão disponíveis todos os dias. Os lojistas garantem: se o cliente quiser, pode abrir uma garrafa para experimentar.
Contrabando
Mesmo com o aumento gradativo do consumo, os comerciantes enfrentam uma pesada concorrência. “Sofremos com o contrabando de mercadorias da Argentina e Uruguai”, denuncia Dirceu de Castro. Ele acredita que seu lucro seja prejudicado em torno de 30%. Uma garrafa vendida por R$ 30, por exemplo, pode custar menos de R$ 10 no mercado negro. Segundo os comerciantes, o contrabando acontece por falta de fiscalização nos free-shops – as cotas de compra não são respeitadas e a alfândega faz vista grossa.
“Isso é muito pior do que a concorrência dos supermercados”, compara Simone Lubus, da Casa dos Vinhos. Os grandes varejistas são encarados como concorrência indireta para o comércio local. Primeiro, porque os lojistas atendem a rede de bares e restaurantes. E também porque primam pelo atendimento individual, personalizado, criando uma identificação com cada cliente. Assim, é possível oferecer sempre uma promoção adequada ou uma novidade “perfeita” para cada consumidor. Outro diferencial é a oferta de produtos de vinícolas que não estão nas gôndolas de supermercados.
Os lojistas de Porto Alegre também reclamam das altas taxas de impostos. “O Governo do Estado não briga por um produto em que o Rio Grande do Sul é o maior destaque”, queixa-se Olinto Albuquerque, da Cantina do Baco. Ele também critica os altos preços praticados em restaurantes. “A margem de lucro é exagerada: enquanto na cerveja eles aumentam o valor em 20% ou 30%, nos vinhos essa porcentagem chega a 200%”.
Por outro lado, o preço de importação de vinhos da América do Sul teve queda, em função do câmbio no Brasil. “O preço do dólar está caindo há tempo, mas só esse ano conseguimos repassar para o consumidor”, explica Gabriela Martinez, da Antares Vinhos. Para a chilena, a grande dica nos importados é apostar nas uvas características de cada região: Malbec, na Argentina; Carmenére e Cabernet Sauvignon no Chile, Tannat no Uruguai são bons exemplos.
Crescimento
Se dez anos atrás as vinícolas gaúchas produziam quase exclusivamente os chamados vinhos coloniais, ou de mesa, com uvas comuns como Isabel, Bourdeaux ou Niágara, hoje conseguem qualidade surpreendente, mesmo para paladares mais exigentes como o de Leocir Vanazzi, diretor comercial da Vinhos do Mundo. A evolução veio com um investimento pesado em tecnologia.
“Hoje, a produção de espumantes no Rio Grande do Sul é excelente”, elogia Vanazzi. Simone Nubus, da Casa dos Vinhos também chama atenção para a bebida, que, segundo ela, “vêm se destacando nos mais diversos concursos internacionais”. A partir da pesquisa de solo ideal, tecnologia de irrigação por gotejamento e cursos de formação de enólogos, a produção vinífera gaúcha se destacou no mercado nacional e já compete com os importados.
Algumas adegas nos bairros centrais da cidade
* Ametista Bebidas e Alimentos – F: 3342.8064
Cristóvão Colombo, 2552 – Floresta
* Antares Vinhos – F: 3388.4280/3024.5366
Venâncio Aires, 853/loja B – Santana
* Armazém da Cidade – F: 3388.5559
Mercado Bom Fim, loja 10
* Cantina do Baco
Coronel Feijó, 901 – Higienópolis
* Casa dos Vinhos – F: 3332.3921/3388.7058
Alcides Cruz, 398 – Santa Cecília
* Giuliano Vinhos – F: 3395.4597/3395.1343
Dinarte Ribeiro, 36 – Moinhos de Vento
* Porto Vinhos – F: 3268.3468
Barros Cassal, 689/13 – Bom Fim
* Sabra Delicatessen – F: 3311.9038/3311.3666
Fernandes Vieira, 366 – Bom Fim
* Vinhos do Mundo – F: 3346.6592/ 3226.1911
Cristovão Colombo, 1493 – Floresta
João Alfredo, 557 – Cidade Baixa
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