Carmen Carlet, especial para o JÁ
O ‘Manifesto das Utas’, uma peça institucional desenvolvida pela Propaganda Futebol Clube, está gerando polêmica no meio publicitário. Lançando mão de uma linguagem crua, sem meias palavras, traz para a discussão, um assunto delicado e que é tratado com prudência pelo mercado: a cobrança pela criação.
Marcos Eizerik, diretor da Propaganda Futebol Clube, diz ser inaceitável algumas agências se remunerarem apenas pela veiculação. “E na maioria das vezes, veiculações óbvias, colocando peças no veículo de maior circulação, de maior audiência”, denuncia.
Manifesto denuncia que algumas agências não cobram pela criação, apenas o percentual de veiculação da peça (Reprodução)
Ele salienta que a criação é que faz a diferença e as agências devem ser remuneradas pelo serviço prestado. O ‘Manifesto das Utas’ foi distribuído pela Propaganda Futebol Clube durante a Semana da Propaganda, antes, inclusive, de ter sido apontada com Agência Revelação.
A idéia de Eizerik ao liberar o ‘Manifesto’ foi expor a postura da agência que tem na criatividade seu foco. E ele defende que a criatividade deve estar presente em toda agência. “Restringi-la a um departamento seria muita arrogância”.
João Paulo Dias, presidente da Associação Riograndense de Propaganda (ARP), prefere ser comedido ao analisar o assunto. “Não há como posicionar-se contra ou a favor do tema em si, mas o Manifesto é elogiável na medida em que incita a discussão sobre o relacionamento das agências com seus clientes”.
Jopa afirma que a complexidade é maior e a cobrança, ou não, é apenas uma ponta da grande discussão. Ele lembra que o assunto ‘relação agências/clientes’ está em pauta na ARP, tendo sido, inclusive, tema de um dos painéis da Semana da Propaganda, quando foram discutidas formas para melhorar a interação.
De qualquer forma, o ‘Manifesto das Utas’ vem repercutindo no mercado e traz à discussão um assunto importante para toda a cadeia publicitária. Eizerik afirma que tem recebido inúmeras declarações de apoio de diversos profissionais. O e-mail de Átila Francucci, diretor da agência paulista Famiglia, sintetiza o sentimento da maioria: “Texto de puta véia. Parabéns”.
Deixe um comentário