O carnaval de Porto Alegre vive tempos de incertezas. Em 2017, as escolas desfilaram fora do período do carnaval, no final de março. Neste ano, o desfile das agremiações foi cancelado duas vezes. Onze escolas desfilariam pela Avenida Edvaldo Pereira Paiva, a Beira-Rio, na noite de 24 de março.
Pela primeira vez, o desfile não seria competitivo, com a estrutura reduzida a uma espécie de muamba. O evento foi cancelado na véspera, em função da previsão de mau tempo. Em nota, as ligas das escolas de samba afirmam que divulgarão nova data.
A exemplo de 2017, a Prefeitura cortou os recursos para o carnaval. Para o diretor de carnaval da Imperadores do Samba, Érico Leotti, a verba repassada pelo município é fundamental e está prevista em lei. Ele reconhece, porém, a crise e diz que o evento tem que ser feito a três. “Tem que ter o fomento do Poder Público, porque o carnaval tem um cunho social e o retorno que ele dá não é só financeiro, precisamos trazer a iniciativa privada, para investir no evento, e o próprio carnaval também tem que lamber suas feridas e se reciclar, em termos de gestão.”
Érico foi coordenador de manifestações populares da Secretaria Municipal de Cultura nos primeiros quatro meses da gestão Marchezan, indicado pelo secretário de cultura Luciano Alabarse, com quem trabalhou na prefeitura de Canoas. Ele afirma que deixou o governo pois não havia um direcionamento de gestão pública para o carnaval. “O campo pra discussão destas questões vai ser daqui a dois anos no período eleitoral, onde temos que botar um projeto que respeite a cultura popular. Até lá é resistência”, define.
As incertezas vividas pelas escolas frustram quem trabalha pelo carnaval durante o ano todo. Como Tatielle Faria da escola Dançando pro Amanhã. Tatielle, que carregou por doze anos o estandarte da Estado Maior da Restinga, ensina a crianças e adolescentes esta arte, que é uma peculiaridade do carnaval porto-alegrense.
Em 2017, o Porto Seco foi interditado na noite da sexta-feira, quando desfilariam suas alunas. “Aquelas crianças se preparam o ano todo, chega no dia e o sonho delas simplesmente termina”, lamenta Tatielle.
Este ano o projeto fez uma parceria para desfilar com a Imperadores do Samba. Tatielle já começa a preparar o reinício das aulas para abril, ainda sem saber como será o próximo ano. “Eu estou criando elas para o futuro do carnaval de Porto Alegre. Mas agora a gente nem sabe se vai ter futuro, se no ano que vem vamos ter carnaval.”
Uma saída defendida pela gestão municipal e parte dos carnavalescos é uma parceria público-privada com alguma produtora que mantenha o Porto Seco e invista no carnaval em troca do uso do espaço ao longo do ano. Enquanto não há definições sobre o futuro, o carnaval e os carnavalescos de Porto Alegre resistem.
Sem data definida, Carnaval de Porto Alegre vive na incerteza
Escrito por
em
Adquira nossas publicações
texto asjjsa akskalsa

Deixe um comentário