Aprendendo de bicicleta


As viagens fazem parte de um projeto de extensão da universidade (Fotos: Divulgação/JÁ)

Carla Ruas

Quatro estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS escolheram um programa diferente para as férias de julho deste ano: Percorrer 500 Km da Estrada Real, em Minas Gerais, de bicicleta. A rota histórico-cultural era utilizada durante o Brasil Colônia para trafegar pessoas, mercadorias, ouro e diamante. O passeio em duas rodas, que está na terceira edição, virou projeto de extensão da faculdade e recebe o apoio incondicional do diretor, Professor José Albano Volkmer.

O Projeto Caminhos, sempre realizado durante as férias universitárias, começou quando o estudante Bruno César Euphrasio de Mello resolveu ver de perto o que conhecia apenas nos livros. Ele queria observar a arquitetura colonial, conhecer a história do local e ter uma experiência prática do que tinha aprendido em sala de aula. “Sou um curioso”, revela.

Na primeira vez, ele fez o passeio por Minas Gerais sozinho, saindo da cidade Mariana até o município Parati. “Queria ver se daria certo a minha idéia”. Um ano depois, partiu com um amigo para uma versão regional do projeto chamada Caminhos do Rio Grande. Eles percorreram 1500 km da rota tropeira do Rio Grande do Sul, incluindo as cidades São Borja, Passo Fundo e Bom Jesus.

Neste ano o grupo de estudantes ganhou adeptos e foi novamente para Minas, desta vez para completar a rota iniciada por Mello anos antes. “Passamos por Biribibi, Diamantina e Ouro Preto”. Durante os 15 dias de passeio, os jovens se preocuparam em visitar pequenos municípios, muitas vezes até desconhecidos do grande público. “Queríamos ver o que os autores não viram e tirar as nossas conclusões do que já foi estudado”.

A escolha da bicicleta como meio de transporte foi estratégica. Além de barata, pois não precisa de combustível, possibilita que os estudantes vivenciem o mesmo que os transeuntes da rota no período colonial. “Na bicicleta ficamos na mesma altura do observador, realizamos o mesmo esforço físico e demoramos o mesmo tempo de viagem”, observa Mello. Para ele, o meio serve como uma “mula moderna”.


As fotos do último passeio serão apresentadas em exposição

O passeio rendeu frutos dentro e fora da universidade. Ao retornar das férias, o grupo apresentou para os colegas a sua experiência através de fotos, desenhos e relatos. As histórias das viagens estão reunidas em um CD e em breve serão contadas também numa exposição fotográfica. “Temos a preocupação de retornar para a comunidade o conhecimento adquirido”.

No futuro, a idéia é encorajar outros estudantes e realizar a rota completa da Estrada Real, de aproximadamente 1000 Km. “Queremos entender a arquitetura feita no Brasil ao longo dos anos para poder produzir a nossa própria arquitetura”, explica Mello. Além disso, ele valoriza o aprendizado cultural dos passeios.

Apoio da instituição

Desde o inicio, o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS, Professor José Albano Volkmer, incentivou o projeto. “Temos que buscar alternativas para este ensino condicionado, de estrutura pragmática”.

Por isso ele é um dos apoiadores dos Projetos de Extensão da faculdade de arquitetura. “É a possibilidade de interagir com a comunidade e contribuir”. O diretor destaca outras iniciativas  que alcançam limites fora da sala de aula. Entre elas está o trabalho dos estudantes com uma comunidade de pescadores de Tapes, com moradores de rua, catadores de lixo e grafiteiros.

“Não sei se o povo realmente compreende o que é arquitetura e urbanismo e o quanto é relacionado com os problemas da cidade” questiona Volkmer. Ele salienta que uma das falhas do planejamento urbanístico de Porto Alegre é que “a cidade não comporta bicicletas”. Ele lembra que algumas pessoas não têm carros, mas não conseguem se locomover de bicicleta porque falta espaço.

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