Argentina 100 km na frente


Cena do filme mostra grupo de amigos entre a infância e a adolescência (Foto: Divulgação/JÁ)

Naira Hofmeister

Pablo Meza é uma revelação do cinema argentino. O diretor, roteirista e produtor de Buenos Aires 100 km, seu longa-metragem de estréia, foi premiado em diversos festivais internacionais, entre eles, o de Huelva, na Espanha; de Providence, nos Estados Unidos; e no Festival de Havana, em Cuba.

O filme enfoca um grupo de amigos entre a infância e a adolescência, numa cidade distante 100km da capital portenha. A separação física não é tão marcada quanto diferenças culturais, provocando no espectador aquela saudade do que nunca se viveu. O cotidiano calmo da cidade permite aos guris se divertirem com brincadeiras impossíveis nos grandes centros urbanos, como atacar ônibus com bexiguinhas cheias d’água ou espionar a vida alheia na calada da noite.

Ao mesmo tempo em que dividem as travessuras, os moleques escondem segredos condenáveis nessa idade, como o primeiro amor, e buscam apoio para dramas absolutos em qualquer faixa etária, como a carreira, o relacionamento com os pais e até mesmo os problemas da vida numa pequena comunidade, onde esses mesmos segredos permanecem por pouco tempo na penumbra.

A narrativa tem como personagem central Esteban, que em meio ao dilúvio hormonal típico da fase, também se questiona sobre o futuro que sua família escolheu para ele: a engenharia. Esteban quer, na verdade, escrever romances policias. Ao longo da história, ele constrói seu primeiro conto, que dá título à película.

Antítese dos blockbusters produzidos para jovens, Buenos Aires 100 km mostra que outras adolescências são possíveis, trabalhando no mercadinho da família, jogando futebol de várzea e andando de bicicleta até altas horas. Meza demonstra que a sensibilidade argentina para narrar dramas cotidianos é realmente apurada, e mesmo num filme que demora a passar, o diretor arranca suspiros e sorrisos sinceros da platéia. Não é mais do mesmo.

Antes de Buenos Aires 100 km, Pablo Meza foi segundo assistente de direção do longa Herencia (2001), de Paula Hernández, que ganhou mais de 10 prêmios e indicações em festivais internacionais, de Viña del Mar a Moscou. Nascido em Buenos Aires, em 1974, Meza estudou Direção Cinematográfica na Fundación Universidad del Cine e, em 1997, cursou Licenciatura em Cinematografia no mesmo estabelecimento. A partir de 1999, trabalhou com direção de filmes publicitários.

Em 1995, dirigiu seu primeiro curta-metragem em 16mm, Detrás de la Ventana, seguido por mais dois curtas na mesma bitola: Voces Blancas (1998, 26 min.) e Estudiante de Cine (1999, um minuto, filmado ao final da Licenciatura). Em 1998, começou a trabalhar no roteiro de Buenos Aires 100km.

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