Higino Barros
“Eugênio Neves é um dos maiores desenhistas do Brasil”. Quem faz essa afirmação é Edgar Vasques, por sua vez, um dos maiores desenhistas que o Rio Grande do Sul já produziu, artista consagrado internacionalmente. Só o comentário já dá uma mostra do poder de fogo de Eugênio Neves, que nessa sexta, feira, dia 16, lança no bar Tutti Giorni, o livro “Somos Todos Bonecos”.
A excelência do trabalho de Neves, reconhecida por todos seus pares de profissão, é fruto de uma longa vivência com o desenho, muita prática, estudo e busca de um estilo e de traço identificável para quem o vê. Sua predileção por desenho com bico de pena, vem de três mestres contemporâneos dessa técnica, confessadamente assumidos: o estadunidense Brad Holland, o francês Rolland Torpor e o romeno Eugene Mihaescu.
Técnica fundamental
“Vejo o bico de pena como uma técnica fundamental, tanto por ser uma das manifestações básicas do desenho, quanto pela simplicidade dos meios que ela necessita para a sua execução. Um graveto com uma ponta afilada e qualquer mistura que faça às vezes de tinta já são suficientes para produzir uma imagem”, explica o artista.
Paralelo ao seu trabalho como desenhista, Eugênio Neves exerceu atividades de programador visual, publicitário e ilustrador editorial em veículos de Comunicação da capital, como Coorjornal, Diário do Sul, Jornal do Comércio e Zero Hora. Além de integrar um grupo que trabalhava com teatro de bonecos.
Atualmente é ilustrador e editor autônomo, prestando serviço para entidades sindicais, empresas, publicações e editoras. É um dos fundadores da Grafar (Grafistas Associados do RS) e membro atuante, desde a primeira edição, do Salão Internacional de Desenho para a Imprensa.
O artista, por Edgar Vasques
“Eugênio Neves é um dos maiores desenhistas do Brasil. Mestre consumado na técnica do desenho com bico de pena, levou esse recurso a um raro grau de excelência, aproximando seus resultados da precisão e da beleza da água-forte. Exercitando uma espécie de realismo expressionista, capaz de usar a perfeita representação de qualquer tema ou material (metal, couro, madeira, etc.), através dos valores de luz e sombra, perspectiva, etc., produz ilustrações de enorme significado visual e conceitual. Para isso, faz uso seguro das características dessa técnica, especialmente a construção de gradações e volumes via hachuras e variações na espessura do traço.
Trabalhando há mais de trinta anos como ilustrador, cartunista, designer e bonequeiro, domina inteiramente também as técnicas da colagem, do uso da madeira e de materiais plásticos e os recursos eletrônicos de criação e tratamento de imagens. A variedade e abrangência de seu trabalho incluem, portanto, desde a criação de imagens gráficas estilizadas, de vocação bidimensional, até o design de superfície e a confecção de objetos tridimensionais, como bonecos e acessórios. As características de toda essa produção são o impressionante rigor técnico, o talento criativo e a inegociável vocação esclarecedora.
De fato, fazendo uso, conforme o caso, de um humor severo, da ilustração didática ou da caricatura tridimensional, Eugênio age sempre no sentido de informar, clarear e desvelar a realidade, bem como denunciar as tentativas de mistificá-la. Como em todo o grande artista, no caso de Eugênio o discurso e a prática guardam uma admirável coerência. Essa postura o colocou desde cedo como referência para várias gerações de colegas, pela lucidez que faz dele um pioneiro em momentos e questões importantes. Por exemplo, bem antes da preocupação com a preservação ecológica estar na ordem do dia, inclusive entre os artistas e cartunistas, Eugênio não só tratava do assunto em seu trabalho como o vivia no seu comportamento diário segundo uma lógica de economia de meios e não desperdício, para espanto de muitos desavisados. O tempo mostrou cabalmente que ele tinha toda a razão…
Essa vocação desmistificadora aparece com sombria clareza no presente livro: como um Hieronimus Bosch laico, Eugênio monta um impressionante conjunto de imagens onde nenhum alívio é tolerado, nenhum desvio ou tergiversação ameniza ou distrai a crueza da exposição dos mecanismos insanos que tendem a transformar humanos em monstros. En passant, vai criando algumas obras-primas (como a “Pietá” profana da página 113) que nos servem de lembrete do papel fundamental do artista no seu contexto. Em suma, um raro artista, versátil e coerente, cuja obra é e seguirá sendo referencial para os que com ele convivem e para os que ainda virão”
SERVIÇO
Lançamento do livro SOMOS TODOS BONECOS de Eugênio Neves
Dia 16/06/17, a partir das 19h30
Local: Tutti Giorni Bar
Escadaria da avenida Borges de Medeiros, 710
Artista gráfico Eugênio Neves lança “Somos todos bonecos”, nessa sexta-feira
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