O cartunismo de Moa, premiado no exterior, é destaque no Sarau dos 18 anos da ALICE

Higino Barros
Dentro das celebrações dos 18 anos da ALICE ( Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação), uma tem sabor especial para a entidade e para o cenário do cartum gaúcho. O desenho do cartaz do Sarau Comemorativo, que assinala a data, é feito por Moa, artista de reconhecimento internacional e recém premiado no 35º Aydin Dogan International Cartoon Competition. O evento realizado na Turquia, no final de novembro, é o principal salão de cartum do mundo. Seus prêmios em dinheiro são muito atraentes e acima de tudo receber qualquer galardão nele representa para o premiado entrar no concorrido clube de grandes cartunistas mundiais.
É a quarta vez que Moa Guterres, 56 anos, é distinguido no salão promovido em Istambul. Os brasileiros têm uma forte tradição na competição que premia o primeiro lugar com 8 mil dólares, o segundo lugar com 5 mil dólares e o terceiro com 3 mil dólares. O restante das dez menções honrosas recebe 500 dólares, além de participação nos quatro dias do evento, como convidados da organização. O salão recebe cerca de três mil inscritos e a participação do público atinge cinco mil pessoas, de todas as partes do mundo.
Os principais concorrentes da representação brasileira tem sido os iranianos, segundo Moa. “Cada lugar traz para o cartum uma particularidade desses país. Os do Leste Europeu têm um humor pesado, no desenho e no conteúdo. É sempre um humor com crítica, tem sempre alto teor crítico”.
O salão turco é uma espécie do Oscar do cartunismo mundial, nenhum evento semelhante é tão intenso, promove tanta interação entre os participantes e nele, cada vez mais, aumenta a participação feminina. “Como a cidade é uma espécie de Riviera turca, sua prefeitura é muito rica e tem uma tradição multicultural, isso se reflete no salão, que é promovido por uma Faculdade de Arte”observa Moa.

Cartum premiado na Turquia

Mais patifaria
Moa é representante do que ele define como o humor latino, “com mais safadeza, mais patifaria”, explica, emendando. “O humor da Europa em geral é mais sóbrio”.
Ele começou a desenhar em 1986, quando cursava comunicação na PUC de Porto Alegre e logo decidiu que era isso que queria para sua vida. O humor crítico, em geral, exercido por cartunistas já tinha passado por seu período de apogeu, em publicações impressas e começava uma fase de transição em outra plataforma, agora a digital.
“De lá para cá, o cenário se transformou demais, tornando-se um pouco confuso. Para uma geração acostumada com veículos impressos, tornou-se mais difícil. Mas como em todas as mudanças, há gente que é bem sucedida na área. Seja qual for, no entanto, o suporte do desenho fazer cartun continua e sempre será, para quem pratica, o chamado prazer solitário”, define Moa.
Apesar de reconhecimento no exterior, Moa chama a atenção das dificuldades e precariedades de trabalho para os cartunistas brasileiros. A maioria exerce o cartunismo por hobby e tem outra atividade profissional. A redução das publicações impressas, em todos os níveis, podou ainda mais, nos últimos anos, um mercado que estava cada vez mais diminuto.
Dessa vez, foi premiado em Istambul, junto com Moa, Silvano Mello. Dos cartunistas gaúchos ganharam em anos anteriores, Ronaldo Cunha Dias, Rafael Corrêa, duas vezes consecutivas, Vila Nova e Rodrigo Rosa, duas vezes.

 

Sarau Voador celebra os 80 anos de Luiz Coronel, com Tânia Carvalho e Sérgio Rojas

Para celebrar os 80 anos Luiz Coronel, a atriz Deborah Finocchiaro e o jornalista Roger Lerina realizam no dia 11 de dezembro um Sarau Voador dedicado à vida e obra do poeta. O evento ocorre às 19h, na Sala de Música – Multipalco Eva Sopher, do Theatro São Pedro. A entrada é gratuita.

Para essa edição especial foram convidados a jornalista Tânia Carvalho e o músico Sergio Rojas. O artista visual Alexandre Carvalho fará pintura ao vivo de um dos maiores letristas do regionalismo local e autor de crônicas e livros de prosa com causos de bolicho e de galpão.

Múltiplas facetas
“Afinal, que Coronel sou eu? E que comando tenho sobre minha alma, desguarnecida cidadela, se dos mosquetões só faltam flores e há um pierrô de sentinela? [?] Afinal, que Coronel sou eu? Se ponho mapas na mesa, é sempre minha atitude encontrar a mim mesmo em todas latitudes. E nos levantamentos que faço vejo templos, canteiros, abraços e para minha promoção não sonho em ter mais estrelas que as que brilham em meu coração”.

O bajeense Luiz de Martino Coronel veio morar em Porto Alegre pouco antes dos 20 anos. Na Casa do Estudante vendia batidas de frutas, mas com o tempo resolveu aproveitar o talento comercial para vender polígrafos em frente a um curso pré-vestibular. Até que um dia, na falta de um professor, foi convidado para exercer a função. E, assim, trabalhou por 12 anos lecionando História e Literatura.

Formado em Direito pela Ufrgs, também foi magistrado e professor de faculdade, mas enfrentou problemas em função do Golpe Militar. “A propaganda me salvou em um período difícil. Como sabia escrever, comecei com comerciais para o rádio”, conta. Suas campanhas são marcadas pelo conteúdo poético. “Não precisa dizer que chegaram dez quilos de ervilha; não é assim que se conquista o coração das pessoas. A poesia é meu encanto”, diz.

Ele acredita que a função do escritor é organizar a inquietude por meio das palavras. Referendado em solo europeu, professora de Literatura Universidad de Salamanca, Ascensión Rivas Hernández, diz que a obra de Luiz Coronel “é a poesia da vivência quotidiana com ressonâncias líricas. Os poemas amorosos talvez sejam os mais significativos de sua vasta obra literária. Eis uma obra para termos próximo às mãos e ao coração”.

FICHA TÉCNICA
Apresentação e Curadoria: Deborah Finocchiaro e Roger Lerina | Produção: Debora Bregalda | Assessoria de Imprensa: Roberta Amaral | Assessoria Digital: Gabrielle Gazapina | Captação e Edição de Imagens: Giovanna Green Hagemann | Parceria Cultural: Companhia de Solos & Bem Acompanhados, Roger Lerina, Tomo Editorial, Festipoa Literária e Confeitaria Maranguello.

SERVIÇO
Sarau Voador – Edição “80 Anos de Luiz Coronel”
Quando: 11 de dezembro | Terça-feira | 19h
Onde: Sala de Música – Multipalco Eva Sopher, do Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro s/n)
Entrada gratuita

"Os gaúchos e o churrasco": a arte de assar carne, em um livro com edição primorosa

Churrasco, acima de tudo se come. Mas essa iguaria da culinária gaúcha também é fonte de inspiração de música, poesia, ensaio fotográfico, filme e livro do calibre de “Os gaúchos e o churrasco- uma jornada ao redor do fogo-“. A obra de autoria do escritor Ricardo Bueno, com curadoria da assadeira profissional de churrasco Clarice Chawrtzmaan e imagens belíssimas de Carin Mandelli, será lançada na sexta-feira, dia 30, na Churrascaria Galpão Crioulo em evento para convidados.
O livro tem 172 páginas, edição primorosa do autor do texto, com formato de 23cm x 28cm e fino acabamento. E procura responder como essa história começou e como foi mesmo que essa prática se popularizou, resultado de distintas influências culturais, agregando peculiaridades regionais e compartilhada no Brasil e no mundo.
O lançamento será acompanhado de uma exposição com imagens captadas ao longo das viagens para a produção do livro. A mostra estará aberta à visitação gratuita do público de 1º a 15 de dezembro, na churrascaria, juntamente com a venda de uma tiragem especial da obra, a preço promocional.
Técnicas de preparo
Segundo o material de divulgação da obra, a publicação surgiu a partir de uma entrevista do jornalista e escritor Ricardo Bueno com Clarice Chwartzmann. A ideia era inserir em um livro sobre o churrasco o perfil da chef que percorre o País, ensinando mulheres as técnicas do preparo das carnes nas brasas. Clarice percebeu que a história poderia ir além e a proposta inicial do livro se transformou nessa obra de abordagem inédita que mostra os diferentes modos de assar o churrasco e suas origens, em cada região do Estado. A dupla ganhou a companhia da fotógrafa Carin Mandelli e os três seguiram, ao longo de seis meses, em expedições pelo Rio Grande do Sul para reconstituir a trajetória do churrasco e da própria formação da identidade do gaúcho.
“A verdade é que nenhum outro Estado brasileiro possui tanta diversidade cultural, ao menos quando o assunto é churrasco, como o Rio Grande do Sul. E tudo graças às diferentes imigrações que aqui aportaram, mas também ao compartilhamento de saberes nas fronteiras e, ainda, à cultura da pecuária, tão presente em nossa formação histórica”, analisa Clarice.
Ricardo Bueno detalha: “A entrada do gado com os jesuítas, em 1634, que daria origem aos imensos rebanhos que alimentariam os gaúchos durante centenas de anos, e, mais tarde, a chegada das raças britânicas, introduzidas por Assis Brasil na região do Bioma Pampa, no início do século 20, são alguns marcos importantes”.  Mas o jornalista também destaca outros ‘pioneirismos’ gaúchos nesta jornada, como a primeira casa do Brasil a oferecer churrasco no cardápio (o Restaurante e Churrascaria Santo Antônio, em 1935); a criação do espeto corrido, provavelmente por assadores saídos de Nova Bréscia, sistema que popularizou o consumo do churrasco no País e mundo afora.

Contra capa da obra. Foto Carin Mandelli/Divulgação

Nome aos bois
Também do Estado é o primeiro frigorífico brasileiro a dar ‘nome aos bois’, criando uma marca própria nos anos 1970 – o Frigorífico Silva, de Santa Maria. “São todos fatos que marcam a relação afetiva dos gaúchos com o churrasco ao longo de cinco séculos, uma história repleta de peculiaridades no jeito de assar e que é preservada por personagens encantadores”, conclui Bueno.
O livro “Os Gaúchos e o Churrasco – uma jornada ao redor do fogo” e a exposição de mesmo nome são uma realização do Ministério da Cultura – Lei Rouanet e da Criati Produções, com produção da Quattro Projetos e patrocínio de Banrisul, Tramontina, Polar, Frigorífico Silva e Supra.
SERVIÇO
Livro e Exposição “Os Gaúchos e o Churrasco – uma jornada ao redor do fogo”
Idealização e curadoria: Clarice Chwartzmann
Textos e edição: Ricardo Bueno
Imagens: Carin Mandelli
Lançamento: 30 de novembro, às 19h30min
Exposição: de 1º a 15 de dezembro (entrada gratuita)
Local: Churrascaria Galpão Crioulo
Endereço: R. Otávio Francisco Caruso da Rocha, 300 – Parque da Harmonia / Porto Alegre
Exemplares de uma edição limitada do livro, com preço promocional de R$ 50, estarão sendo comercializados no local
Capa do livro “Os gaúchos e o churrasco”. Foto: Carin Mandelli/ Divulgação

 
 

Como o Poa Jazz Festival tornou a capital gaúcha o centro musical mais sofisticado do País

Higino Barros
O músico entra no palco, liga seu lap top (marca Apple), põe para soar uma base de bateria eletrônica, pega seu instrumento e manda ver. A grosso modo assim pode ser descrita a apresentação do saxofonista Rudresh Mahanthappa, na primeira noite do Poa Jazz Festival, evento realizado no Barra Shopping. Mahanthappa foi a cereja do bolo, de um evento que durante três dias, de 9 a 11 de novembro, tornou a capital gaúcha o centro sonoro mais sofisticado do País, já que o festival é considerado o melhor do Brasil na atualidade, segundo o homenageado dessa edição, o jornalista Zuza Homem de Mello. Zuza sabe do que fala. É um dos jornalistas culturais mais ativo e respeitado do Brasil. Todas as atrações e performances do festival, a cada noite, reforçaram suas palavras.
O jazz é um gênero musical que faz uma ponte entre o popular e o erudito, desde que foi criado, tornou-se uma marca registrada da música norte-americana, conquistou público diversos e faz parte hoje da indústria cultural em todo o planeta. No Rio Grande do Sul sua consolidação é visível, tanto pelo número de músicos que o praticam, como por casas noturnas que se caracterizam como ambientes jazzísticos, além de um público cada vez mais mais numeroso. Marco nessa história é o programa diário que o jornalista Paulo Moreira manteve durante 19 anos, na rádio FM Cultura, e que acabou há poucos meses, no processo de extinção das fundações do governo estadual.
Outro marco significativo nesse processo é a realização do Poa Jazz Festival, em sua quarta edição esse ano. É ele que tem trazido para a cidade nesse período, o que há de mais representativo na área em nível internacional, mesclando-os com talentos locais e do Brasil. Essa quarta edição, talvez tenha sido, segundo os responsáveis pelo evento, o de maior equilíbrio nessa busca de mostrar o tradicional e o contemporâneo no cenário do jazz.

Bourbon Sweethearts. Foto: Ricardo Stricher/Já Porto Alegre

Sotaque indiano
Além do jazz free com sotaque indiano de Mahanthapa, acompanhado pelo guitarrista Rezz Abbasi e Dan Weis, na tabla, a primeira noite do festival, teve como destaque as “chicas portenhas”, do Bourbon Sweethearts, um trio de ótimas instrumentistas e cantoras, que emula o estilo das Andrews Sisters, explorando o gênero Dixieland, em canções próprias, desconhecidas, mas de imediato agrado do público. Tanto que foi um dos três grupos mais aplaudidos das três noites de apresentação. Aliás, os argentinos caíram no agrado dos gaúchos, já que na segunda noite, o Mariano Loiácono Quinteto também foi muito aplaudido.  O jornalista Paulo Moreira gostou mais do segundo, classificando o trio feminino de “exagerado”. Moreira, ao ser indagado porque não gostou das Sweetheartes, brincou: “razão pessoal e intransferível”.
Mas no quesito popularidade talvez quem mais tenha agradado foi o veterano gaitista brasileiro, Maurício Heinhorn, um dos destaques da última noite do festival. Do alto dos seus 86 anos, o músico carioca ao lado de guitarrista Nelson faria e do baixista gaúcho Guto Wirti, desfilou clássicos da Bossa Nova, do qual é um dos protagonistas e contou “causos” e piadas de sua extensa carreira. Dizendo que em Portugal chamam o “samba de uma nota só”, de “Samba de uma porrada de notas”; que a “Mulher de 30”, canção de sucesso do cantor Miltinho, na década de 1950, e do qual participou, “deve estar com uns 92 anos” e na hora de executar, um dos seus principais sucessos, a música “Pra dizer adeus”, arrematou: “vou tocar ela agora, mas vocês não vão embora”, arrancando gargalhadas do público. A tal ponto que seu colega de palco, Nelson Faria, brincou também: “ O Maurício vai estrear na carreira de “stand up”.  A apresentação de Heinhorn foi seguida do Gilson Peanzzetta Trio, outro nome emblemático da música instrumental brasileira dos últimos 40 anos e que fez c dupla com o gaitista também, em trabalhos memoráveis.
Marmota Jazz. Foto; Ricardo Stricher/ JÁ Porto Alegre

Representação gaúcha
Da representação do novo jazz brasileiro, os grupos Vitor Arantes Quarteto e o Edu Ribeiro Quinteto, trouxeram ao palco seus trabalhos autorais, numa demonstração que o gênero vai bem, obrigado, tanto na composição como na execução. Já os grupos  Marmota Jazz, tendo como convidado o cantor Pedro Veríssimo, e o Instrumental Picumã defenderam com brilho e galhardia o jazz que se faz no Rio Grande do Sul.
No balanço final, a quarta edição do Poa Jazz festival, foi mais uma vez a oportunidade de Porto Alegre exercer sua condição de esquina do mundo, ao abrigar um evento cosmopolita e sofisticado dessa natureza. O local, Barra Shopping, é de fácil acesso, a produção das apresentações é impecável, o astral do público é ótimo e numa época de crise, o evento ser bem sucedido só pode ser saudado e celebrado.
Os méritos, na sua maior parte, são de Carlos Badia, Rafael Rhoden e Carlos Branco, responsáveis pela empreitada. Assim só resta registrar: vida longa ao Poa Jazz Festival !
Atrações da segunda noite (fotos Ricardo Stricher/JÁ Porto Alegre)
Edu Ribeiro Quinteto

Vitor Arantes Quarteto

Mariano Loiácono Quinteto

Atrações da terceira noite (fotos Ricardo Stricher/JÁ Porto Alegre) 
 
 
Instrumental Picumã

Mauricio Heinhorn Trio

Gilson Peranzzetta

Carlos Badia: "venha viver no Poa Jazz Festival uma aventura musical e artística"

A  4ª edição do POA Jazz Festival – que vai acontecer de sexta-feira a domingo, nos dias 9, 10 e 11, no Centro de Eventos do BarraShoppingSul, em Porto Alegre/RS – trará nove grandes atrações do jazz nacional e internacional. A programação completa já foi divulgada e os ingressos estão à venda pelo site www.blueticket.com.br e pontos de venda fixos. Além dos shows, a 4ª edição do Festival terá outras atividades paralelas, como lançamento de livrosmasterclasses e oficinas musicais. O jornalista e crítico musical Zuza Homem de Mello é o homenageado desta edição.

O jornalista Zuza Homem de Mello é o homenageado desta edição. Foto: Ricardo Stricher/JÁ Porto Alegre

Entre os grandes nomes do jazz internacional que farão parte do Festival, estão o prestigiado saxofonista italiano de origem indiana Rudresh Mahanthappa– eleito sete vezes como o Sax Alto do ano pela crítica internacional (Downbeat Magazine 2018), as argentinas do grupo Bourbon Sweethearts e o Mariano Loiácono Quinteto. Do Rio de Janeiro, apresentam-se Gilson Peranzzetta Trio, além de outro trio formado por Maurício Einhorn, Nelson Faria e Guto Wirtti. De São Paulo, dois destacados grupos estarão presentes: Edu Ribeiro Quinteto Vítor Arantes Quarteto– vencedor do Concurso Novos Talentos do Jazz, uma parceria entre os festivais Savassi/PoaJazz  FestivalA música do Rio Grande do Sul está presente com a apresentação do grupo Instrumental Picumã e do grupo Marmota Jazz, que abre o festival e terá o cantor Pedro  Veríssimo como convidado.

 
 
 

O criador do Poa Jazz Festival, Carlos Badia. Foto: Ricardo Stricher/JÁ Porto Alegre

Higino Barros
O idealizador e curador do Poa Jazz Festival, o músico Carlos Badia, falou ao JÁ Porto Alegre sobre o evento, em sua quarta edição. E destacou a importância de uma iniciativa dessa magnitude bem sucedida, em tempos de crise.
Pergunta: O que caracteriza o festival desse ano?
Carlos Badia: Creio que o grande desafio de colocar em pé um evento de grande magnitude como o Poa Jazz Festival, em uma época de várias crises que o país vem enfrentando, caracteriza este ano enormemente. Então, a despeito das considerações artísticas, esse esforço de produção, com a colaboração de vários parceiros e fornecedores diante de uma realidade de menos verba de realização tem sido significativo, vale o destaque e vem nos desafiando. Mas, este ano, particularmente, a grande novidade é a entrada de Carlos Branco (Branco Produções) e Rafael Rhoden (FlyÁudio) na sociedade com Carlos Badia, idealizador do Festival. Esta nova parceria acontece com grandes perspectivas. O Poa Jazz é uma marca que, a partir de agora vira uma empresa que terá várias atividades durante o ano todo, não só quando ocorre o Festival. Já trouxemos o John Pizzarelli em março e agora realizamos a primeira edição do Poa Jazz São Paulo. É só o começo de uma série de novidades que serão anunciadas em breve.
 
Pergunta: Qual o balanço que se pode fazer do primeiro festival até agora?
Carlos Badia: O Festival vai acontecer garantindo os mesmos princípios que o norteiam desde sua criação, mantendo compromissos básicos originais: ir além da simples mostra musical, manter qualidade de programação e produção e ter continuidade no tempo. E sempre com a educação fazendo parte do alcance do Festival, com a realização de masterclasses, lançamento de livros e debates sobre o cenário cultural. O festival está consolidado no país e, em 2017, ganhamos o Prêmio Profissionais da Música de melhor festival de música do Brasil, e também já faz parte do calendário oficial de eventos da cidade de Porto Alegre. Agora, desbrava outras possibilidades para além do próprio festival.
Pergunta: Porto Alegre tem na atualidade uma cena de jazz, tanto de músicos, como de público, consolidada. Como o festival se insere nesse processo? Qual a contribuição dele para o fortalecimento desse cenário ?
Carlos Badia: É uma cena que existe faz muito tempo. Parou uma certa época e na primeira década dos anos 2000 voltou com um vigor diferente: nunca tivemos tantos jovens querendo formar bandas instrumentais, de jazz, de choro. O Festival ajudou a dar visibilidade pra esta cena, tanto quanto para os PUBs que são vitais para esta cena a existir durante o ano. Temos também uma parceria com o Savassi Festival (MG) e Sampa Jazz Fest (SP) e criamos o Novos Talentos do Jazz, que qualquer artista ou grupo com até 30 anos de idade de todo o país pode se inscrever. As masterclasses com artistas consagrados da música instrumental e do Jazz também impulsiona este fortalecimento da cena. E creio que todos ajudam e se engajam para construir algo cada vez mais consistente para a música instrumental. Não é fácil. Mas somos teimosos nesta área.
Pergunta: O Festival procura mesclar nomes consagrados e emergentes. Como se dá esse processo?
Carlos Badia: É da natureza do Festival desde seu início mesclar talentos locais, nacionais e internacionais. Creio que isto fomenta intercâmbios e dá ao público uma visibilidade importante sobre os músicos, os projetos artísticos, novidades, e até artistas brasileiros consagrados fora do Brasil que aqui não são tão conhecidos. Este é um papel importante que o Festival tem, precisa ter e mantém até hoje.
Pergunta: O que mais dá para se dito para o público?
Carlos Badia: Creio que o público precisa cada vez ser convidado a conhecer a música instrumental, o jazz e a cena musical efervescente do país e do mundo que passa por Porto Alegre. Também é nossa responsabilidade apresentar as opções. As pessoas não tem como gostar do que elas não conhecem. Mas, a mágica acontece mesmo é quando o público comparece em peso a um evento como um festival e participa atento e receptivo à música e ao clima de festival. Um festival é uma experiência diferente, única. Não é como um show. São três shows por noite em três noites de imersão no que de melhor é produzido em música hoje no mundo. O público do Poa Jazz Festival tem sido muito generoso e tem sido fiel ano após ano. Esperamos corresponder a estas expectativas convidando cada vez mais gente a vir conosco nesta aventura musical e artística.
 

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A vida e obra movimentada do produtor musical Patineti, registrada em livro

Higino Barros
Mostrando que, apesar da crise no mercado editorial brasileiro, ainda há espaço para livros que falem de personagens locais, os jornalistas Roger Lerina e Márcio Pinheiro lançam nesta quarta-feira, dia 31, obra que narra a trajetória de um dos mais importantes e folclóricos produtores fonográficos do Rio Grande do Sul. “Ayrton Patineti Dos Anjos – Lembranças, sons e delírios de um produtor musical”. Segundo material da editora Plus, “é um texto divertido e informativo, escrito por dois dos mais conhecidos e talentosos jornalistas da área cultural gaúcha”.
O lançamento ocorrerá no Chalé da Praça XV, área central da capital gaúcha, das 18h30 às 23h30. Haverá venda de livros no local e sessão de autógrafos. E a promoção: quem comprar um exemplar do livro ganha um chopp.
O jornalista Márcio Pinheiro, um dos autores da obra, respondeu por escrito, à três perguntas do JÁ:
JÁ- O que caracteriza o livro?
Márcio Pinheiro: Na minha opinião, a ideia central é contar a partir de um personagem a história de boa parte da vida de Porto Alegre dos últimos 60 anos. Emissoras de rádio, gravadoras, comunicadores, empresários, artistas, lojas, shows, festivais… Patineti é um pouco disso tudo. Porto Alegre é uma das minhas obsessões e fazer este livro foi poder (re)visitar temas, locais e personagens que muito me agradam.
Pergunta: A trajetória do Patineti não sinaliza ou é fruto de uma época de uma indústria cultural passada. Ou seja, não há mais lugares para visionários como ele. Ou não?
Resposta: Como dois arqueólogos, eu e o Roger Lerina, meu colega de empreitada nessareconstrução do mito Patineti, partimos do mínimo para buscar o máximo – do pequeno osso isolado que iria nos permitir montar o imenso dinossauro. Dos relatos fornecidos por Patineti tentamos completar este quebra-cabeça que mistura pessoas, fatos, lugares e épocas. Foi exaustivo porém gratificante. Para uma pessoa múltipla demos um tratamento múltiplo. Os textos vão nessa linha errante tentando passar ao leitor a narrativa caótica tão típica do nosso personagem. Fiquei encarregado da primeira parte, lembrando a família, a infância, os primeiros passos, os auditórios, os estúdios e por aí afora – com especial destaque para o surgimento e a proximidade com Elis Regina, tão importante na vida de Patineti. Cronologicamente, acompanho Patineti até a segunda metade dos anos 60. A partir daí, o piloto dessa patinete atômica é Roger Lerina, que narra os indizíveis anos 70, Califórnias, festivais, festas, Renato Borghetti, gravadoras e muito mais.
Pergunta: Quanto tempo levaram? 
Resposta: Levamos todo esse ano de 2008, entre entrevistas, textos e escolha de fotos, e edição final.

Fumproarte celebra 25 anos de existência

O Fundo de Apoio à Produção Artística e Cultural de Porto Alegre, Fumproarte, comemora 25 anos de existência com uma série de atividades na quinta-feira, 8, a partir das 19h. O evento será realizado na casa do Fumproarte (avenida Venâncio Aires, 67).

 A programação conta com apoio e participação do Foto Clube Porto-Alegrense que preparou uma exposição fotográfica com temática sobre Porto Alegre. A atividade inaugura um novo e inusitado espaço de exposições, no porão da sede do Fumproarte.  O evento terá também show do músico Paulinho Rícoli apresentando canções autorais que são relacionadas com a capital, no quintal da casa, com uma temática de “luau”.

 A comemoração dos 25 anos do Fumproarte será marcada pelo anúncio de novos editais, que terão uma aplicação estratégica em associações sem fins lucrativos e que possuam objetivos artísticos. O propósito é contribuir com a organização de artistas, técnicos e produtores da cidade que estão iniciando movimentos de organização cível a favor das artes. 

Com 926 projetos contemplados em seu primeiro quarto de século, o Fumproarte é o mecanismo responsável por grande parte do fomento cultural da cidade e segue sendo referência nacional.

 25 Anos Fumproarte

Quinta-feira, 8, 19h

Avenida Venâncio Aires,67, bairro Azenha

Entrada franca

O som da Bibi Jazz Band que torna Porto Alegre esquina do mundo

Fotos: Avani Stein/Especial/Jornal JÁ

Higino Barros
Porto Alegre de 2018 às vezes soa como a província mais do século 19 do Brasil e as vezes tem seus momentos de esquina do mundo. A percepção disso é muito sutil, seu momento de esquina do mundo, passa por acontecimentos mediáticos, como as edições do Fórum Social Mundial na cidade, jogos da Copa do Mundo em 2014, dois clubes de futebol campeões do mundo e outros momentos menos votados. Como a literatura de Erico Verissimo, que ao lado de Jorge Amado, foi mais quem pôs em prática o conselho de Leon Tolstoi, de “fale de sua aldeia que estará falando do mundo” e, queiram ou não queiram, a cena jazz da capital gaúcha.
Essa cena, construída ao longo do tempo, tem o jornalista Paulo Moreira, com seu extinto programa sobre jazz durante 18 anos, na rádio Cultura FM, o POA Jazz Festival, do músico e produtor cultural Carlos Badia, o site Amajazz, do jornalista Márcio Pinheiro e casas noturnas como o Café Fon Fon, o London Pub e o bar Odeon, sempre com atrações jazzísticas em suas noites. O número de músicos que se dedicam ao gênero ultrapassa uma centena.
Agora a esse movimento cosmopolita da capital gaúcha se junta um grupo de Caxias do Sul, a Bibi Jazz Band. Que fez show nesse sábado, dia 15 no Stúdio Clio, mostrando que é do interior a mais completa cantora desse gênero musical, no Estado, a uruguaia Bibi Blue.

Formação original
Na apresentação, especialmente preparada para o Studio Clio, houve o acréscimo na formação original (André Viegas, guitarra; Marcelo Fabro, piano; Rodrigo Arnold, contrabaixo e Mateus Mussato, bateria; de dois músicos de sopro, Beto Scopel no trompete e Bruno Gelmini, no saxofone. O repertório composto por standards da década de 1920, 1930 e 1940, recebeu arranjos especiais do pianista Marcelo Fabro, com o desafio de terem o som do trompete, já que nas canções originais não constavam esse instrumento.
A crooner Bibi Blue passeou por canções consagradas por Billie Holliday, Ella Fitzgerald, Nina Simone, Sarah Vaughan, Charles Mingus, Frank Sinatra, Miles Davis , Duke Wellington, entre outros. As projeções em um telão com cenas de época e dos intérpretes das canções originais, acrescentaram charme e um clima extra ao show. As imagens foram garimpadas pelo guitarrista André Viegas.
 
Voz como instrumento
Em algumas das músicas, Bibi Blue usou a voz como instrumento, com seu timbre agudo e peculiar.  O acréscimo dos sopros na banda tornou seu som mais encorpado e com mais possibilidades de solos, completando de forma contida, os arranjos que primam pelo respeito à tradição e um quê de modernidade.
Para quem não nunca viu a Bibi Jazz Band, ou quer rever, há a oportunidade de conferir todo seu talento, no próximo sábado, dia 22, às 16h30, no barco Cisne Branco, em um programa de luxo, tendo como cenário a orla e a beleza do rio Guaíba. Será igualmente uma chance de desfrutar uma paisagem que poucas cidades possuem e que torna Porto Alegre, mais uma vez, esquina do mundo.

 
 

Ospa encerra o V Encontro Brasileiro de Trompistas com convidados especiais

Lucca Benucci, da Italian Brass Academy toca com a Ospa. Foto: Divulgação
A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) se apresenta ao lado de convidados internacionais no próximo concerto da Série Pablo Komlós, realizada na Sala de Concertos da sua Casa da Música. No próximo sábado, dia 15 de setembro, às 17h, a sinfônica recebe os trompistas Lucca Benucci, da Filarmônica de Berlim, Luiz Garcia, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e o quarteto de trompas Bayres Horns, composto por Fernando Chiappero, Luis Ariel Martino, Gustavo Ibacache e Christian Morabito. A regência fica a cargo de Jonas Alber, o maestro mais jovem a assumir o cargo de Diretor Musical Geral do teatro Staatstheater Braunschweig, na Alemanha. No programa, obras de Richard Strauss, Anton Bruckner, Astor Piazzolla e Alessandro Marcello. O evento marca o encerramento do V Encontro Brasileiro de Trompistas e II Encontro Latino-Americano, realizado pela Ospa em parceria com a Associação de Trompistas do Brasil (ATB). Ingressos à venda por valores entre R$ 30 e 80 em www.ospa.org.br ou no local, no dia do evento, das 14 às 17h.
Concerto da Ospa – Série Pablo Komlós
Encerramento do V Encontro Brasileiro de Trompistas
Quando: 15 de setembro, sábado
Horário: 17h
Local: Sala de Concertos da Casa da Música da Ospa (Centro Administrativo Fernando Ferrari – Av. Borges de Medeiros, nº 1501/Centro, Porto Alegre-RS)
INGRESSOS
 
VENDA ONLINE
 Valores: R$ 80 (camarote), R$ 40 (plateia) e R$ 30 (mezaninos e balcões), com desconto de 50% para estudantes, seniores e sócios do Clube do Assinante ZH e 20% de desconto para titulares do cartão Zaffari Bourbon e para clientes do Banrisul.
VENDA FÍSICA
Na bilheteria da Casa da Música da Ospa, no sábado, dia 15de setembro, das 14h às 17h
 
PROGRAMA
Richard Strauss: Concerto para Trompa Nº1 em Mi Bemol Maior, Op. 11
Alessandro Marcello: Concerto para Oboé em Dó Menor – Adagio
Astor Piazzolla: Tangazo (Arranjo: Fernando Chiappero)
Anton Bruckner: Sinfonia Nº 3
Regente: Jonas Alber (Alemanha)

Bibi Jazz Band mostra a era de ouro do jazz, no Studio Clio

 

Bibi Blue. Foto Tânia Meinerz/Arquivo JÁ.

Higino Barros
A uruguaia Bibi Blue, uma das cantoras mais talentosas do Estado, especializada em um gênero musical mais sofisticado- o jazz, se apresenta no próximo sábado, dia 15, no Studio Clio. Ela faz show com seu grupo tradicional, formado por André Viegas (guitarra), Marcelo Fabro (piano), Rodrigo Arnold (contrabaixo acústico) e Mateus Mussato (bateria). Todos os músicos residem em Caxias do Sul e Farroupilha. Para essa apresentação em Porto Alegre haverá as participações especiais de Beto Scople (trompete) e Bruno Gelmini (saxofone).
Segundo a cantora, a Bibi Jazz Band se formou com a ideia de tornar o jazz, um gênero de musica considerado difícil, acessível para todo tipo de público. O repertório é escolhido, explica Bibi, para proporcionar a sensação de retorno à época de ouro da música popular norte-americana. “A reação tem sido a melhor possível, não só para quem conhece o repertório da época, mas para pessoas que não são habituados a ele”, conta Bibi.
Os arranjos, a cargo do pianista Marcelo Fabro, têm a preocupação de manter o convite à dança que as canções trazem em seu bojo e resgatam o frescor e a leveza de diversas vertentes jazzísticas como swing, gypsy jazz e dixieland. O repertório apresenta standards da década de 20, 30 e 40 respeitando a originalidade do gênero sem perder a modernidade.São mostradas canções de astros como Billie Holliday, Ella Fitzgerald, Frank Sinatra, Nina Simone, Crylle-Aimée, Miles Davis, Charles Mingus, Tata Vega, Sarah Vaughn dentre outros artistas.
É Bibi Blue é quem faz a convocação para a apresentação no Studio Clio:“As releituras das canções da atualidade e arranjos próprios para temas consagrados aliados à execução refinada, dão o tempero para ninguém ficar parado”.
A apresentação tem mesas e serviço de bar do Café do Studio.
Cantora uruguaia, radicada em Caxias do Sul, faz show com seu grupo em Porto Alegre. Foto: Divulgação

SERVIÇO
Banda: André Viegas (Guitarra), Marcelo Fabro (Piano)
Rodrigo Arnold (Contrabaixo – Acústico),Mateus Mussatto (Bateria)
Bibi Blue (Voz)
Criada em 2015 e completando três anos de formação, a banda já participou de três festivais internacionais relacionados ao estilo como: Jazz Porto (PE), Wine And Jazz Festival (SC) e Villa do Jazz (RS).
Valores:
ENTRADA SOLIDÁRIA (somente na bilheteria do StudioClio)*
R$ 30,00 (antecipadamente) R$ 40,00 (no dia). *válida para qualquer público ao doar um agasalho em boas condições, 1 kg de alimento não-perecível ou R$5,00
Para mais informações: atendimento@studioclio.com.br / (51) 3254-7200
INGRESSOS:
ANTECIPADOS: R$ 60,00 (público geral)
R$ 30,00 (meia-entrada)
NO DIA
R$ 80,00 (público geral)
R$ 40,00 (meia-entrada)