As novas regras para campanha deste ano favorecem quem busca reeleição

Francisco Ribeiro
As eleições de 2018 vieram com uma série de modificações tais como a introdução do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, normas restritivas a publicidade dos candidatos nas ruas, diminuição do espaço de propaganda eleitoral no rádio e na tv.
Medidas que, além de tornarem a campanha mais curta, podem, segundo a
cientista política e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Maria
Lúcia Moritz, “contribuir para reeleger quem já está no jogo, quem já
tem expertise. Não sei se isso é bom para a democracia”.
De 1982, ano da primeira eleição para governador pós-golpe de 1964, até última,
2014, que conduziu José Ivo Sartori ao Piratini, constata-se que o eleitor gaúcho não
reelege o projeto que está no poder, seja o partido ou o governador desde que a
reeleição para um segundo mandato foi permitida.
Algo bem diferente do governo municipal de Porto Alegre onde, durante 16 anos, a maioria reconduziu o projeto petista à prefeitura da capital, um ato e um feito histórico e político.
Sartori, no caso específico ao governo do estado, seria o primeiro a quebrar aquilo que muitos chamam de maldição da reeleição?
Para Moritz, Sartori, assim como os candidatos a reeleição ao legislativo gaúcho,
beneficiam-se deste quadro de regras novas,“pois é necessário tempo para apresentar novas ideias e projetos, principalmente aqueles que são estreantes na vitrine. Então, desta vez, em termos de renovação, é uma campanha muito restritiva, um prejuízo. Cabe a pergunta: até que ponto, para a democracia, isto é bom? Eis aí um grande ponto de interrogação.
O fato de as pesquisas mostrarem Sartori na dianteira tem muito mais a ver com a visibilidade de estar há quatro anos a frente de um governo.
No entanto, o índice de rejeição dele é muito grande, 44 por cento, o que não deixa de ser um fator limitador, um sinalizador para uma possível reviravolta e a continuidade da maldição, para o bem, ou para o mal”.
O fim da polaridade entre a direita e o PT, que esta muito enfraquecido, é para
Moritz outro fator determinante , “já que facilita o caminho pra quem quer se reeleger”.
Eduardo Leite, mesmo sendo oposição, é do mesmo campo que Sartori. Temos assim
uma configuração centro-direita versus centro-direita, o que é algo inédito no Rio
Grande do Sul.
Contudo, deve-se levar em conta que o PSDB é um partido que não tem muita estrutura no Rio Grande do Sul. E talvez aí esteja a dificuldade de Leite avançar
mais. Mas estamos muito no início para determinar que o grande embate seja entre
Eduardo Leite – que tecnicamente está empatado com Miguel Rossetto (PT) e Jairo
Jorge (PDT) – e Sartori. E não podemos esquecer que Mateus Bandeira (Novo) disputa o mesmo eleitor que o PSDB, podendo com isso desbancá-lo da disputa no segundo turno, abrindo espaço para Rossetto ou Jorge”.
Moritz salienta que, como sempre, a máquina partidária fará diferença, e isto é o
que não falta ao MDB e ao PT: “Numa campanha curta o trabalho da militância, o corpo a corpo em busca do voto, conta muito. Também os meios, os canais tradicionais de campanha ainda serão mais eficientes”.
“O tempo de rádio e televisão acaba por desequilibrar a disputa, mas depende do desempenho de cada candidato. O mundo digital das redes sociais também terá sua importância, mas não com a dimensão que algumas pessoas acreditam. Nós não temos o mesmo padrão que os Estados Unidos, quando Barack Obama fazia programas bem segmentados, direcionados às redes sociais”.
Em sua conclusão, Moritz faz um alerta para que os candidatos prestem muita
atenção no eleitorado feminino gaúcho, que corresponde a 52, 5 por cento de um total
de 8.354.732 eleitores. E não se trata de acusações de descaso ou de comportamento
machista, ou misógino. Mas da constatação, através de um estudo de pesquisa de
intenção, que é entre as eleitoras que se encontra o maior número de indecisos,
principalmente naquelas de menor nível de escolaridade, nas classes mais baixas. Eis aí um nicho que deverá requerer mais atenção e sensibilidade dos coordenadores de
campanha e marqueteiros, pois, afinal, como como já indagou certa vez Freud: o que elas querem?

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