Audiência pública para debater Ospa reúne 400 pessoas

O salão paroquial ficou repleto de participantes (Fotos Carla Ruas)

Guilherme Kolling

A conclamação que o maestro Isaac Karabitchevsky fez à população para comparecer à audiência pública sobre a Sala Sinfônica da Ospa deu resultado. Cerca de 400 pessoas superlotaram o Salão Paroquial da Igreja Batista na noite desta terça-feira, 20 de novembro. Eram músicos, estudantes, vizinhos, simpatizantes da orquestra, arquitetos, funcionários da Prefeitura. O público começou a chegar por volta das 19h e a reunião acabou depois das 23h.

Integrantes da Associação Cristóvão Colombo, da Prefeitura e do Shopping Total também participaram da mobilização para atrair público – todos favoráveis à construção de uma sede para Orquestra Sinfônica no terreno da antiga cervejaria Brahma.

De outro lado, moradores da rua Gonçalo de Carvalho e entorno, que são contra o prédio no local proposto, também compareceram, apoiados pelo Movimento Porto Alegre Vive. Parecia campanha eleitoral, teve até o corpo a corpo de militantes com as pessoas que iam chegando.

Cartazes eram exibidos, adesivos eram colados no peito de quem aparecia – um dizia “SOS Gonçalo de Carvalho”, o outro “Sim à cultura, sim à Ospa”. Passava ainda um abaixo-assinado a favor da Sala Sinfônica no Total – já com 5 mil assinaturas.

Outra iniciativa dos dirigentes da orquestra foi providenciar uma rápida performance antes do evento. Cerca de 30 músicos apresentaram três números para deleite do público. “O objetivo é sensibilizar as pessoas com a música”, explicou a assessora de imprensa da Ospa.

Boa parte dos presentes achava que teria início uma votação – Karabitchevsky e setores da imprensa divulgaram que esse era o objetivo da consulta pública. Mas a proposta não era essa. “Estamos aqui para colher sugestões da comunidade, ouvir críticas para melhorar o processo de licenciamento ambiental, que está em tramitação”, explicou o secretário municipal do Meio Ambiente, Beto Moesch.

A informação causou frustração em parte do público – uns poucos deixaram o auditório, que permaneceu apinhado de gente. A seguir técnicos e arquitetos responsáveis pelo projeto mostraram as vantagens da sala sinfônica sob o ponto de vista de acústica e infra-estrutura.

O prédio terá cinco pavimentos, ficará de frente para a Cristóvão Colombo. Atrás, junto à rua Gonçalo de Carvalho, está previsto um prédio estacionamento com oito pavimentos – dois subterrâneos. Serão 375 vagas, mais 205, para repor as que serão perdidas com a construção dos edifícios. Haverá ainda, uma rua interna, dividindo o terreno ocupado pela Ospa do resto do shopping, e ligando a saída à rua Gonçalo de Carvalho.

A queixa dos moradores está centrada nesta mudança viária e no prédio-garagem. Uma das polêmicas é que para fazer a ligação do estacionamento com a sede da Ospa, será necessário perfurar uma parte do terreno que é rochosa. Conforme dados apresentados pela empresa Profil Engenharia e Ambiente Ltda., responsável pelos estudos ambientais, serão retirados 24 mil metros cúbicos de escavações, sendo 6 mil m3 de rocha.

Vizinhos de prédios antigos da rua Santo Antônio temem avarias nas edificações. Outra queixa é a concentração de carros – a alegação é que a Gonçalo de Carvalho não tem condições de suportar tantos automóveis, que trariam poluição atmosférica, sonora. “Somos a favor da Ospa, mas da maneira que está sendo posta, vai prejudicar a qualidade de vida da comunidade”, argumentou Haeni Fitch, líder dos moradores.

O presidente da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Ivo Nestralla, disse que o projeto não trará problemas. “A Ospa será a alegria do seu bairro”, resumiu.

Discussão e bate-boca

Após as apresentações técnicas, deu-se a palavra ao público. O grupo contrário ao projeto da Ospa estava em minoria, cerca de 1 ativista para 4 defensores da sala sinfônica no Total. Mas quase todos os 20 inscritos para fazer uso da palavra eram críticos ao projeto em discussão.

Resultado: quase duas horas de intervenções malhando a proposta da sala sinfônica no shopping. A maioria reagia com vaias. Houve discussão e bate-boca em certos momentos. Entre as questões mais citadas, o investimento com recursos públicos – via lei de incentivo à cultura – num local privado, o terreno foi alugado ao shopping por 30 anos. Também se questionou o abandono do projeto escolhido em concurso público em 1997, que previa a Ospa no Cais do Porto.

Moradores falaram ainda de eventuais prejuízos à estrutura dos prédios vizinhos, poluição sonora, visual e atmosférica. Também se queixaram de compensações ambientais previstas na implantação do Shopping Total que ainda não teriam sido cumpridas.

Técnicos responderam às questões. O presidente da Ospa, Ivo Nestrala, e o músico, Artur Elias Carneiro fizeram a defesa do projeto, sendo ovacionados pela platéia.

O secretário do Meio Ambiente, Beto Moesch, informou que a Smam dedicará esta quarta-feira, 21 de dezembro, para analisar todas as questões levantadas no debate.

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