É grande a expectativa em torno da audiência pública, no bairro Belém Novo, na zona sul de Porto Alegre, sobre o mega-projeto imobiliário que pretende transformar os 400 hectares da Fazenda do Arado num condomínio fechado.
O tema é polêmico e a audiência, promovida pelo Ministério Público do RS, está mobilizando a comunidade e as lideranças do movimento ambientalista de Porto Alegre.
Está marcada para as 19h30 de hoje, 29/11, no salão paroquial ao lado da igreja N. Sra. de Belém (Av. Heitor Vieira, 494). O casarão que foi de Breno Caldas, no morro / Tânia Meinerz/JÁ Além de uma das poucas praias ainda limpas do Guaíba, o bairro guarda a área da Fazenda do Arado Velho, que pertenceu a Breno Caldas. O casarão que foi sede da fazenda continua lá.
Desde 2015 moradores e simpatizantes do bairro mobilizam-se em atividades de cunho ambiental e cultural pela preservação do bairro devido ao patrimônio material e imaterial que guarda, e combatem um megaprojeto imobiliário planejado para o Belém Novo.
Dois movimentos contrários ao loteamento da área da antiga fazenda trabalham simultaneamente:
– Movimento Preserva Belém Novo, focado nas questões cotidianas e cidadãs do Belém Novo, é formado por moradores e frequentadores da região; e
– Campanha Preserva Arado, de cunho informativo, visa chamar a atenção da população de Porto Alegre para o que consideram um “tesouro ambiental, histórico, cultural e arqueológico chamado Fazendo Arado Velho”. Esta campanha é fruto da aliança entre Movimento Preserva Belém Novo e Coletivo Ambiente Crítico (grupo de estudantes da UFRGS). Também recebe o apoio de diversas entidades e cidadãos de toda cidade.
Planejamento viário divulgado pela Arado Empreendimentos Imobiliários
O projeto empresarial que pretendem deter designa uma área de 426 hectares da Fazenda Arado Velho para a implantação de um mega empreendimento com condomínios e área comercial. A área equivale a 11 parques como o da Redenção. Cientes de que o projeto parte do pressuposto de que a área é privada, argumentam que o bem estar coletivo está acima disso, por não existir em toda orla de Porto Alegre área tão preservada.
Entre as riquezas do lugar, destacam-se a flora e a fauna de ampla
diversidade que compõem um patrimônio biogenético de valor inestimável e ainda a ser inventariado, além de material arqueológico de rara ocorrência. Por isso propõem que na Fazenda do Arado Velho seja transformada num parque de acesso público a 25 km do centro da capital.
Um condomínio como o planejado pela Arado Empreendimentos Imobiliários traria ao bairro cerca de sete mil novos moradores e seus veículos. Os debates começaram em 2016, e hoje envolvem diversos outros movimentos e instituições da cidade.
A complexidade do processo agravou-se com a recente iniciativa do movimento indígena, que, alheio à mobilização dos moradores, decidiu reivindicar o território do Arado como Terra Indígena. Acionaram o Ministério Público Federal e FUNAI em fevereiro de 2018 e promoveram a retomada da Ponta do Arado no dia 15 de junho. Desde então também estão apresentando sua pauta de reivindicações.
O movimento Preserva Belém Novo e a campanha Preserva Arado vieram a público declarar que não são protagonistas dessa decisão dos indígenas, porém solidarizam-se com o movimento indígena e mantêm o objetivo original da campanha Preserva Arado – a proteção ambiental, histórica, cultural e arqueológica da Fazenda
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