Autor: Elmar Bones

  • Humor negro para se aproximar do trágico da condição humana

    A partir desta terça-feira (4), o público terá a oportunidade de presenciar a hilariante montagem Gordos ou somewhere beyond the sea, do grupo Teatro Sarcáustico. A peça reflete sobre a condição do homem na contemporaneidade. O texto é uma comédia de humor negro, que ressalta acima de tudo as relações familiares. Conta a história de uma família que sofre para agregar-se novamente após uma tragédia.
    Phyllis Hogan e seu filho Bishop passam cinco anos perdidos em uma ilha deserta, depois de sobreviverem a um acidente de avião. Tendo que se defenderem sozinhos, os dois se vêem obrigados a tomar decisões desagradáveis. Acreditando que a mulher e o filho estão mortos, o cineasta Howard Hogan passa viver com a amante, a atriz pornô Pam.
    Quando a família volta, a situação de Hogan se complica. A amante está grávida e, para piorar, mãe e filho adquiriram hábitos bizarros para os conceitos da sociedade que encontram. Os dois serão obrigados a voltar aos padrões antigos, mesmo sabendo que não são mais as mesmas pessoas.
    O diretor Daniel Colin interpreta Bishop
    Ainda no primeiro ato – que se reveza entre a ilha e a residência dos Hogan – Phyllis narra ao publico sua angústia de sonhar sempre com homens gordos, usando saia, presos em uma jaula de zoológico. “O título da peça simboliza este pesadelo do qual ela não consegue se livrar”, explica Daniel Colin, ator e diretor do espetáculo. “Um dos segredos da peça está relacionado ao principal medo da Phyllis: o de ser uma aberração”. Segundo o diretor, a proposta desta montagem é justamente discutir “o que somos e o que temos que fingir ser”.
    Gordos… é resultado do trabalho de conclusão de Colin e outras duas formandas – Andressa de Oliveira e Tatiana Mielczarski – do curso de Artes Cênicas – Habilitação em Interpretação Teatral da Ufrgs. E foi apresentado pela primeira vez em janeiro de 2004, sob a orientação da atriz e diretora Adriane Mottola.
    Na ocasião, o grupo (que conta também com o ator Maico Silveira no elenco) apresentou a peça em dois atos. O terceiro ato só aconteceu em fevereiro deste ano, após os ensaios liderados por Colin, que freqüenta agora o Curso de Direção Teatral da Ufrgs.
    O roteiro de autoria do próprio grupo teve influências de textos dos dramaturgos norte-americanos Nicky Silver e Tennessee Williams e do brasileiro Martins Pena, além de estudos das obras dos artistas plásticos Francis Bacon e Elke Krystufek e de filmes estrelados por Katharine Hepburn.
    A relação da montagem com o cinema vai além das referências destes filmes da década de 50. Todos os personagens são ligados à sétima arte. Howard é um diretor de cinema de filmes de ficção científica B, Pam é uma atriz pornô de quinta categoria e Bishop é aficcionado por Katharine Hepburn.
    A atriz torna-se onipresente no espetáculo. “Bishop fica o tempo todo falando da Katharine Hepburn, e dos filmes que a Katharine Hepburn fez”, adianta Colin. “A gente começou a brincar com isto e acabou optando por fazer projeções de imagens onde a Katharine Hepburn aparece”, completa.
    O grupo ainda brincou com a linguagem do cinema, usando movimentos corporais que lembram câmera lenta, câmera rápida, pausas, retrocedência e outras soluções como flash-backs. A trilha sonora mantém o clima, sendo composta quase que totalmente por músicas de diversos filmes.
    As deformações que aparecem em alguns quadros de Francis Bacon também estão muito presentes na estética do espetáculo. O elenco, de cabelos laranjas, circunda o palco revestido em um pano branco utilizando acessórios verdes vibrantes, “como se fossem borrões”, compara Maico Silveira.
    O espaço vazio, com apenas um elemento cênico, promove a possibilidade da fragmentação do próprio espaço e do tempo, a todo instante. A iluminação concebida por Carina Sehn ressalta estes múltiplos lugares, possibilitando o acontecimento de duas cenas quase simultâneas, separadas apenas pela delimitação de espaço no palco.
    A montagem, que cumpriu nova temporada em setembro de 2004 dentro da Ufrgs, estreou a versão atual em fevereiro de 2005 no Depósito de Teatro e foi considerada pela crítica um trabalho “de qualidade, inteligente, sensível, crítico e divertido”. Gordos ou somewhere beyond the sea volta a cartaz em curta temporada na Sala Álvaro Moreyra (Av. Érico Veríssimo, 307). Dias 04, 05, 06,12 e 13 de outubro, sempre às 20h.
    Gordos ou somewhere beyond the sea
    Direção: Daniel Colin
    Elenco: Andressa de Oliveira, Daniel Colin, Maico Silveira e Tatiana Mielczarski
    Onde: Sala Álvaro Moreyra (Av. Érico Veríssimo, 307)
    Quando: Terças, quartas e quintas, sempre às 20h. Dias 04, 05, 06,12 e 13 de outubro

  • Petrobras oferece ações da Copesul à Braskem

    “Fomos patrolados”, diz o presidente do Sindipolo
    Passava das onze horas da noite quando a informação circulou ontem, depois de um dia inteiro de grande expectativa. A Petrobras, maior estatal brasileira, já tinha pronto o “Fato Relevante” que vai encaminhar nesta sexta-feira (30) à Comissão de Valores Mobiliários, apontando os ativos que pretende transferir à Braskem, maior empresa privada do setor petroquímico no País.
    Por trás da linguagem cifrada do economês, está uma decisão que vai dar ao grupo Odebrecht, controlador da Braskem, a liderança da petroquímica brasileira e abre caminho para que a empresa se torne uma das maiores do mundo no setor.
    O Fato Relevante publicado nos jornais desta sexta-feira (30) diz que foi outurgada à Petroquisa uma opção de aumentar sua participação no capital votante da Braskem para até 30%, através da subscrição de novas ações ordinárias (com direito a voto).
    A Odebrecht, por sua vez, aceitou os ativos indicados pela Petroquisa para fins de aporte na Braskem. São eles: 15,63% do capital total da Copesul; 85% do capital total da Petroquímica Triunfo e 40% da Petroquímica Paulínia, empresa que tem por objetivo a implantação de uma unidade de polipropileno. O prazo limite para o exercício da Opção passou de 31 de dezembro de 2005 para 31 de março de 2006.
    A Braskem já controla a central de matérias primas do pólo de Camaçari na Bahia, o maior do País. Agora, com os 15% que a Petrobras tem na Copesul, poderá ficar também com o controle do Pólo Petroquímico de Triunfo. Hoje ela divide esse controle com a Ipiranga, tendo cada uma cerca de 30% das ações com direito a voto.
    A troca de ativos, nos termos em que será proposta, dará também à Braskem o controle da Petroquímica Triunfo, que hoje pertence quase integralmente à Petrobras, e da Petroquímica Paulínia constituída no início de setembro e na qual a Petrobrás tem 40% e a Braskem 60% do capital votante.
    Embora esperada a decisão da Petrobras causou grande impacto no Rio Grande do Sul. “Fomos patrolados”, disse Eitor Rodrigues, presidente do Sindipolo/RS, que tem promovido manifestações de protesto contra o possível controle da Copesul pela Braskem.
    Ainda na terça-feira, no Rio de Janeiro, a presidente da Petroquisa, Maria da Graça Foster, deu sinais de que poderia haver adiamento, ao afirmar que o assunto ainda estava em discussão e que não havia convicção de que o negócio seria vantajoso para a estatal. Esse fato reforça a hipótese levantada pelo sindicato de que não há consenso no governo quanto a essa decisão da Petrobrás.
    Assunto será discutido em audiência pública
    As negociações entre a Petrobras e a Braskem será o tema de uma audiência pública marcada para a próxima quarta-feira, dia 5 de outubro, na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul para discutir o negócio, que terá grandes implicações no pólo de Triunfo.
    A reunião conjunta inicia às 9h na sala da Comissão de Economia e Desenvolvimento, com a participação da Comissão de Serviços Públicos e da Comissão de Participação Legislativa e Popular.
    Em Brasília, o deputado Tarcísio Zimmermann informou que já está acertada também uma audiência pública na Comissão de Serviços Públicos da Câmara dos Deputados com a mesma finalidade. A data ainda não foi marcada, mas será nos primeiros dias de outubro.
    Ontem em Porto Alegre, em meio à expectativa pela decisão, o Sindipolo promoveu novas manifestações de protesto contra o acordo entre Petrobrás e Braskem. Na Esquina Democrática, no centro da capital gaúcha, os manifestantes distribuíram informativos à população explicando as possíveis conseqüências caso o negócio venha a ser fechado. “Hoje praticamente tudo o que você usa tem produtos químicos. Por isso, decisões envolvendo esse setor terão reflexos diretos no seu bolso”, advertia o panfleto. Com o apoio de um carro de som, os líderes do movimento chamavam a atenção do povo para a causa: “Se o negócio se realizar, mais de 80% da indústria petroquímica nacional vai se concentrar nas mãos de um grupo privado”, disse Carlos Eitor Rodrigues, presidente do Sindipolo.
    Apoiavam a manifestação trabalhadores ligados à CUT, ao CPERS e a diversas outras entidades sindicais, como os metalúrgicos, petroleiros e químicos.
    Segundo Eitor Rodrigues os protestos vão se intensificar nos próximos dias. “Agora vamos inclusive questionar a lisura desse negócio, em que uma empresa pública claramente beneficia um grupo privado”.

  • Estado e municípios entram no Sistema Nacional de Cultura

    O ministro da Cultura, Gilberto Gil, e o secretário estadual da Cultura, Roque Jacoby, assinaram um protocolo de intenções para a implantação do Sistema Nacional de Cultura em todos os municípios gaúchos, na tarde desta sexta-feira (30), no gabinete do governador Germano Rigotto.O documento também foi assinado pelo governador, prefeitos e representantes de outros 40 municípios do Estado e da Famurs.
    O projeto desenvolvido desde junho pelo Ministério da Cultura tem a finalidade de promover debates com a sociedade para definição de prioridades em políticas públicas para o setor cultural. Rigotto e Roque Jacoby ressaltaram o interesse de que o Rio Grande do Sul seja o primeiro estado a formalizar a participação de todos os municípios. “Estamos dando um importante passo em direção à definição de prioridades com base no debate”, afirmou o governador.
    Após a assinatura, o ministro concedeu uma coletiva no auditório da Sedac, onde recebeu de Jacoby uma placa em homenagem ao seu trabalho pela “solidificação da cultura nacional”. O ministro aproveitou a ocasião para desejar que “este passo inicial seja um marco na efetivação de um sistema de cultura includente em todo o País”.
    O Sistema Nacional de Cultura deverá integrar o ministério e secretariais estaduais e municipais. “Será um sistema de articulação, gestão, informação e promoção de políticas públicas na área da cultura, pactuado entre os entes federados, com a participação social, – que é fundamental”, disse Gil.
    Pelo termo de compromisso, o Ministério da Cultura deverá, entre outras tarefas, criar condições legais, administrativas, participativas e orçamentárias para implantação do projeto, além de coordenar e desenvolver o SNC, implantar o Conselho Nacional de Política Cultural, realizar a primeira Conferência Nacional de Cultura até dezembro e acompanhar os programas e projetos que se integrem ao Sistema.
    O Estado deverá, entre outras coisas, assegurar o funcionamento dos conselhos estaduais de política cultural, apoiar a realização das conferências estaduais e nacional de cultura, e implantar e regulamentar as normas locais dos sistemas setoriais de cultura.
    Na coletiva, o ministro falou da importância da criação de conselhos, assembléias e secretarias em municípios onde não existem pastas para a Cultura. Descreveu as prefeituras como as unidades políticas mais importantes no conjunto de representação dos cidadãos e, por isso, o ingrediente principal de um bolo, onde o Estado e a União seriam o fermento. “É preciso que haja a mobilização dos municípios, dos setores públicos e privados, para o fomento da cultura”, opinou. Gilberto Gil disse ainda que os cidadãos “não dependem do Estado” para o desenvolvimento da Cultura. “Vai da autonomia de cada município”.
    O ministro acredita que o convênio deve gerar uma troca de informações nos âmbitos municipais, estaduais e federal, abrindo portas para que se possa ampliar as ações culturais. “Uma esfera ajuda a outra a trazer informações. Desta forma, com os mesmos recursos de hoje, é possível se criar uma rede mais alinhada que beneficiará a todos”.
    O Ministro da Cultura participou na abertura da 5ª Bienal do Mercosul, nesta sexta-feira à noite, na sede do Santander Cultural. Sobre a mostra, disse que “é de incontestável valor” por receber artistas de vários países, abrindo espaço para o questionamento da arte da América Latina. “A comunidade porto-alegrense sabe mais do que eu, como ministro, da importância deste evento. O evento, no mínimo, movimenta a economia, traz turistas e dá uma outra dimensão cultural à cidade”.

  • Cultura no final de semana

    Artes Plásticas
    Exposição Buenos Aires e Porto Alegre, na Fotogaleria Virgílio Calegari – 7º andar da Casa de Cultura Mário Quintana. Segue até o dia 02 de outubro. Exposição da fotógrafa argentina Mariana Pessah que apresenta, através de imagens, as diferenças entre as cidades de Buenos Aires e Porto Alegre.
    Exposição Tributo à Mulher, no Espaço NAV – 3º andar da Casa de Cultura Mário Quintana. Segue até o dia 02 de outubro.
    Exposição na qual o artista Fernando Lusardo trabalha mais a espiritualidade da mulher, um espírito forte e profundo, equilibrado e marcante que predomina na alma feminina. Lusardo tonalizou a maioria de suas obras em azul. Outro participante da mostra é o artista Isaias Ferreira da Silva, que trabalha o lado passional, forte e sensual da mulher. Ele enfatizou o vermelho nos seus trabalhos.
    Exposição 4X BRASIL, na Galeria Xico Stockinger – 6º andar da Casa de Cultura Mário Quintana. Segue até o dia 16 de outubro
    Exposição que apresenta o itinerário da cultura brasileira desde os anos 60, através de movimentos inovadores e representativos nas áreas musical, literária e de artes cênicas. Também uma exposição do conceituado fotógrafo Orlando Brito, apresentando importantes acontecimentos políticos ocorridos no país durante este 40 anos. A exposição faz parte do projeto Itinerários da Cultura Brasileira – 4X BRASIL, da Copesul.
    Sábado, das 10h às 13h – Atelier Livre no Caminho dos Antiquários
    Artistas se encontram na Praça Praça Daltro Filho(em frente ao Capitólio) para desenhar, fotografar e anotar. O resultado das observações vai ser apresentado em uma mostra das produções no Paço Municipal. Inscrições na Secretaria do Atelier Livre da Prefeitura
    Teatro
    Sábado, às 16h – Estréia da peça Pé de Sapato, de Hermes Bernardi Jr.
    Até 30 de outubro, aos sábados e domingos, às 16h, no Teatro Renascença (Érico Veríssimo, 307).
    Ballet Stagium
    O grupo apresenta o espetáculo Stagium Dança Chico Buarque. Na trilha sonora, criação de Décio Otero, estão incluídas as músicas: Na Carreira, Trocando em Miúdos, Roda Viva, Morena de Angola entre outras canções de Chico
    Salão de Atos da PUC (Av. Ipiranga, 6681 Prédio 4 PUCRS)
    Onde:
    Quando: Sexta e sábado, às 19h e às 21h. Dias 30 de setembro e 1º de outubro
    Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (maiores de 65 anos).
    Blitz
    Medo, angústia, desconfiança e um clima tenso fazem parte do espetáculo Blitz, produção do Depósito de Teatro, com texto de Bosco Brasil. A história conta o drama de uma mulher que quer separar-se do marido, um policial militar acusado de matar um garoto de doze anos numa blitz em um colégio. Porém, no outro lado da moeda podemos ver o drama de um policial militar para provar a própria esposa que é inocente da morte do menino baleado. Apesar das súplicas do marido, Heloísa já não o reconhece e prefere acreditar no que está escrito nos jornais. A apresentação da montagem integra o Projeto Correios Leva Você ao Teatro.
    Direção: Roberto Oliveira
    Elenco: Sofia Salvatori e Charlie Severo
    Onde: Studio Stravaganza (Doutor Olinto de Oliveira, 66)
    Quando: Quinta e sexta, às 21h. Até 10 de outubro
    Ingressos: R$ 12 e R$ 5 (classe teatral).
    Dr. Q.S – Quriozas Qomédias
    Direção: Roberto Oliveira
    Elenco: Sandra Possani, Plínio Marcos Rodrigues, Daniel Colin, Tatiana Carvalho, Diana Manenti e Maria Falkembach
    O espetáculo traça um amplo quadro da obra dramatúrgica e poética, além de mostrar algumas facetas e façanhas da torturada e desesperada existência de Qorpo Santo. Aparecem na encenação, integralmente, seus textos Mateus e Mateusa e As Relações Naturais, entremeados com trechos de outros textos teatrais, poesias, aforismos e fatos de sua vida pessoal.
    Onde: Depósito de Teatro (Av. Benjamin Constant, 1677)
    Quando: Sábado, às 21h, domingo e segundas, às 20h. Até 31 de outubro
    Ingressos: R$ 15 e R$ 7 (classe teatral).
    Encontros
    O texto tem por base as obras dos escritores Eduardo Galeano e Jorge Luis Borges.
    Direção: Zé Adão Barbosa, Daniela Carmona e Adriano Basegio
    Onde: Sala Álvaro Moreira (Av. Érico Veríssimo, 307)
    Quando: Sexta, às 21h . Até 30 de setembro.
    Entrada Franca
    Mulheres por um Fio
    Elenco: Christiane Torloni
    Direção: José Possi Neto
    A peça é dividida em três esquetes que, em comum, têm uma mulher solitária diante de um telefone. No palco, Cristiane Torloni posa de mulher abandonada, jovem sonhadora e mulher moderna em textos de Jean Cocteau, Dorothy Parker e Miguel Falabella.
    Onde: Theatro São Pedro (Pç. Marechal Deodoro, s/n°)
    Quando: Sexta e sábado, às 21h; Domingo, às 18h. Ate 02 de outubro.
    Ingressos: R$ 40 (platéia e cadeira extra), R$ 35 (camarote central), R$ 30 (camarote lateral) e R$ 20 (galeria). À venda na bilheteria do Theatro São Pedro (3227-5100) e pela telentrega Opus 3299-0800 .
    O Círculo Sagrado
    O novo trabalho do grupo Nômade de teatro, resgata a cultura sacerdotal céltica e bretã da antigüidade e sua forte simbologia, enfatizando a sabedoria da natureza, o xamanismo celta e seus valores espirituais femininos.
    A peça mostra o momento de transição entre o desenvolvimento da cultura bretã druídica até a Saga de Avalon. Com roteiro de Tiago Agne e Gisela Rodriguez livremente inspirado no romance A Senhora de Avalon, de Marion Zimmer Bradley, e com textos poéticos galícios originais, extraídos de uma intensa pesquisa bibliográfica, incluindo o poeta Yeats e o teólogo John O`Donohue, e ainda adaptações de Shakespeare, Pat Mills e T.S. Eliot,
    Direção: Gisela Rodriguez
    Elenco: Ed Lannes, Gisela Rodriguez, Juliano Straliotto, Liliane Pereira, Marcos Castilhos, Mauro Bruzza, Moira Stein e Paulo Zé Barcellos
    Onde: Centro de Eventos do DC Shopping (Frederico Mentz, 1606)
    Quando: Sextas e sábados, 21h; domingos, 20h. De 23 de setembro a 6 de novembro.
    Ingressos: R$ 10,00 / estudantes e classe artística: desconto de 50% – vendas antecipadas na loja Sirius (República, 304) e no restaurante Vitrine Gaúcha (DC Shopping).
    Como Emagrecer fazendo Sexo
    Elenco: Pablo Capalonga e Luciana Marcon
    Diretor: Airton de Oliveira
    A comédia aborda de uma forma divertida e bem humorada a descoberta do mais novo e revolucionário tratamento de emagrecimento.
    Onde: Teatro Carlos Carvalho (R. dos Andradas, 736 2° andar /Casa de Cultura Mario Quintana)
    Quando: Sexta a domingo, às 19h. Até 30 de outubro
    Ingressos: R$ 15 (com 50% de desconto para idosos, estudantes e classe artística.
    Bailei na Curva
    Ano 64. É deflagrado o golpe militar no Brasil. Os efeitos do novo regime na vida de sete crianças que moram na mesma rua, no Bom Fim, é o principal enfoque da peça. Bailei na Curva ajuda a entender um momento político que abalou as aspirações de uma geração idealista.
    Elenco: Cíntia Ferrer, Érico Ramos, Felipe De Paula, João Walker, Ju Brondani, Mariana Vellinho, Patrícia Mendes e Tiago Conte
    Direção: Júlio Conte
    Onde: Teatro Bruno Kiefer (Rua dos Andradas, 736, 6° andar / Casa de Cultura Mario Quintana)
    Quando: Sábado e domingo, às 19h. De 01 a 30 de outubro.
    Ingressos: R$ 15 (com 50% de desconto para idosos )
    Um Circo de Rins e Fígados
    Peça que reúne pela primeira vez no palco o ator Marco Nanini e o encenador Gerald Thomas. O texto conta a história de um ator chamado justamente Marco Nanini, que recebe várias caixas com documentos secretos enviadas por um homem misterioso. Daí em diante, o personagem se envolve numa rede de acontecimentos que transformam sua vida num turbilhão. O personagem, apesar de ter o mesmo nome do ator, não é autobiográfico, segundo Nanini, que foi indicado ao Prêmio Shell de melhor ator com o espetáculo.
    Elenco: Marco Nanini, Fabiana Guglielmetti, Amadeo Lamounier, Pedro Osório, Gustavo Wabner, Rodrigo Sanchez, Willian Ramanauskas, Beto Galdino, Gilson Matogrosso e Narcizo Tosti
    Direção: Gerald Thomas
    Onde: Teatro do Sesi (Av. Assis Brasil, 8787 / Fiergs)
    Quando: Sexta e sábado, às 21h. Dias 30 de setembro e 1º de outubro
    Ingressos: mezanino R$ 40,00, platéia baixa R$ 60,00 / platéia alta R$ 50,00 (nas lojas Claro 24 de Outubro e Andradas)
    Haloperidol – Uma fábula urbana
    Haloperidol – Uma fábula urbana conta a história de um menino que tem vocação para escrever, mas não encontra apoio nem da família nem da sociedade. O grupo Trupe do Morro se inspirou em textos de Nelson Rodrigues, Kafka e Shakespeare para compor o espetáculo. Foram quatro meses de pesquisas no Hospital Psiquiátrico São Pedro, quando os integrantes perceberam que a loucura poderia ser expressa de forma sutil, nos pequenos detalhes.
    Quando: Hospital Psiquiátrico São Pedro (Av. Bento Gonçalves, 2460)
    Onde: Sábado e domingo, às 20h. Até 30/10/2005
    Ingressos: R$ 7 e R$ 5 (para estudantes, classe artística e pessoas com idade acima de 60 anos).
    O Segredo Íntimo dos Homens
    A trama revela os problemas de dois pênis que procuram um psicanalista em busca de compreensão e auxílio para enfrentar um universo assoberbado, cheio de padrões, modismos e ideais de competição. Durante a consulta eles declaram suas indignações e seus pontos fracos, sempre defendendo as necessidades básicas para um pênis sentir-se feliz. Também reclamam dos cuidados que seus donos lhes dispensam, e os termos pejorativos que as mulheres lhes atribuem.
    Elenco: Henri Iunes, Ita Ramires, Pedro Delgado e Rafael Rebelo
    Direção: Pedro Delgado
    Onde: Teatro do IPE (Av. Borges de Medeiros, 1945)
    Quando: Domingos, às 20h. De 02/10 a 30/10/2005
    Ingressos: R$ 15
    Gordos ou Somewhere Beyond the Sea
    Gordos ou Somewhere Beyond the Sea conta a história de Phyllis Hogan e seu filho Bishop, únicos sobreviventes de um desastre aéreo que se vêem obrigados a tomar decisões nada agradáveis para se defenderem e manterem vivos. Enquanto isso, Howard Hogan, o chefe da família, espera mulher e filho na companhia de sua amante, a atriz pornô Pam. A trama utiliza uma linguagem pop, inspirada principalmente em filmes de Hollywood dos anos 1950 e 1960.
    A montagem chega para o público em versão integral e definitiva após apresentações no ano passado, ainda sem finalização. Gordos ou Somewhere Beyond the Sea é dirigida por Daniel Colin, que também integra o elenco, juntamente com Andressa de Oliveira, Tatiana Mielczarski e Maico Silveira
    Onde: Sala Álvaro Moreyra (Av. Érico Veríssimo, 307)
    Quando: Terça a quinta, às 20h. De 04 a 13 de outubro
    Ingressos: R$ 15. (Desconto de 50% para estudantes, idosos e classe artística).
    Música
    Sábado, às 19h – Happy Hour no café Concerto Majestic, com o saxofonista André Marques. Sem cobrança de couvert, na Casa de Cultura Mário Quintana.
    Sábado, às 21h30 – Show de blues e jazz com Fabiano Rodrigues e convidados, no café Concerto Majestic, na Casa de Cultura Mário Quintana.
    Domingo, às 17h – O Domingo no Átrio recebe umm dos grandes representantes da soul music, o cantor, violonista e compositor Hyldon. Ele faz uma apresentação solo, voz e violão, comemorativo aos 30 anos do clássico álbum Na Rua, na Chuva, na Fazenda, que colocou o baiano no mapa da MPB e que está sendo relançado, em edição comemorativa. No Santander Cultural, com ingressos a R$10,00. Clientes Santander e Banespa tem 20% de desconto.
    19h – A Orquestra de Câmara da Ulbra apresenta o 7º Concerto da Temporada Oficial 2005 François Sochard. O maestro convidado será Henrique Lian, de Campinas, São Paulo. A entreada e gratuita
    Na Sala de Concertos Leopoldina – Associação Leopoldina Juvenil (Rua Marquês do Herval, 280 – Moinhos de Vento)
    19h30 – Happy Hour do Café Concerto Majestic, com o pianista Jefferson Aloysio. Sem cobrança de couvert, na Casa de Cultura Mário Quintana.
    Outras atividades
    Sábado, às 15h – Contação de Histórias na Biblioteca Infantil Cecília Minsen, da Casa de Cultura Mário Quintana. Adaptação de A Menina das Bolhinhas de Sabão, obra de Antonio Hohlfeldt, pelo grupo de Teatro Infanto-Juvenil O Nariz Postiço. Ingressos a R$ 2,00.
    Domingo, às 18h30 – Palestra Tesouros do Espírito, no Brahma Kumaris de Porto Alegre. Informações e inscrições telefone (51) 3388-1244.

  • Peritos vão avaliar casas da Luciana de Abreu

    Movimento pela preservação já dura três anos (Foto: Tânia Meinerz)

    Guilherme Kolling

    A polêmica sobre a preservação de seis casas na rua Luciana de Abreu, no bairro Moinhos de Vento, está chegando no seu momento decisivo. Ministério Público e associações de moradores lutam para manter o casario. Já obtiveram três vitórias na Justiça, mas não uma definitva. A Goldsztein quer a liberação do local para construir um prédio de 16 andares, já aprovado pela Prefeitura.

    A disputa corre nos tribunais há três anos. Nesse período, a licença de demolição dos imóveis foi suspensa através de liminar. Com isso, as casas não podem ser derrubadas. Pelo menos até a prova técnica, que vai definir se as edificações são ou não de interesse histórico-cultural.

    O desfecho da discussão deve se dar com a perícia de especialistas, que vão avaliar o caso nas próximas semanas. A Justiça nomeou o arquiteto e urbanista Caryl Eduardo Jovanovich Lopes, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e especialista em patrimônio cultural, e a historiadora Neida Regina Ceccim Morales, também docente da UFSM.

    Ambos foram indicados em março pelo reitor da Universidade Paulo Jorge Sarkis, atendendo solicitação da juíza Vanise Röhrig Monte. A empresa e o MP concordaram com os nomes. Cada um pediu R$ 5 mil para o trabalho, o que foi aceito pelas partes em 1º de setembro. A Goldsztein vai pagar os honorários, conforme decisão da Justiça.

    Agora, só falta o juiz convocar a dupla para o início da tarefa. Dois assistentes vão acompanhá-los: pela construtora, o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS Benamy Turkienicz; pelo Ministério Público, o engenheiro Antônio Barth. A Prefeitura, que também é ré no caso, deve estar presente com um técnico da EPAHC (Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural) – em 2003, havia indicado a arquiteta Elena Graeff.

    Foi nessa época, aliás – em 2003 – que começou a discussão para a escolha de peritos. MP e Goldsztein concordavam sobre a necessidade de chamar técnicos para avaliar as casas. A Promotoria de Justiça de Meio Ambiente solicitava uma “perícia multidisciplinar, com especialistas em história e arquitetura e urbanismo”.

    Dois meses depois o pedido foi reforçado. Desta vez, os advogados da Goldsztein falavam da importância de “colher provas desapaixonadas”, através de profissionais de história da arte e arquitetura e urbanismo. A mesma opinião foi compartilhada pela Prefeitura.

    Com o consenso, a juíza Marcia Kern Papaleo nomeou, ainda em julho, o arquiteto Firmino Argemi Neto, estabelecendo 60 dias de prazo para o trabalho. E pediu para as partes indicarem assistentes. Os prazos foram sendo esticados e o estudo nem começou. Tanto Goldsztein quanto Ministério Público acabaram mudando os arquitetos que haviam indicado.

    E em abril de 2004, o MP vetou Firmino, depois que seu currículo foi enviado – ele não seria especialista em patrimônio cultural. O MP pediu ainda um segundo perito, formado em História. A juíza Vanise Röhrig Monte acatou o pedido e indicou, em agosto de 2004 as arquitetas Ediolanda Liedke e Raquel Rodrigues Lima.

    Desta vez foi a Goldsztein quem vetou os nomes. A unanimidade só veio com os professores da UFSM. A promotora de Justiça e Defesa do Meio Ambiente, Annelise Steigleder (foto), acredita que a Justiça terá uma decisão final após a apresentação dos estudos.

    Leia a íntegra da reportagem na edição do Jornal JÁ Porto Alegre, que está nas bancas.

  • Feira do Livro está com patrocínio indefinido

    A 30 dias do início da 51ª Feira do Livro de Porto Alegre, a Câmara Rio-grandense do Livro (CRL) ainda não sabe o total de verbas de que vai dispor para realização do evento. Das duas principais fontes de recursos, apenas a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, garantiu R$ 2 milhões a CRL para captação entre as empresas patrocinadoras. A Lei de Incentivo à Cultura (LIC), do Estado, ainda não habilitou o evento para receber ajuda financeira. Quem decide são os membros do Conselho, segundo o coordenador do Sistema LIC, Paulo Roberto dos Santos.
    A primeira vez que foi analisado pelos 24 membros do Conselho Estadual da Cultura, a Câmara teve o projeto da Feira do Livro reprovado. Segundo o presidente do Conselho, Jorge Campos da Costa, o recurso da entidade deve ser analisado pelos conselheiros ainda nesta semana. “Só estamos aguardando a análise final das informações técnicas acrescentadas ao recurso, para que o relator do processo coloque em votação no plenário”, explica Costa. O nome do relator do processo é mantido em sigilo. A decisão depende do voto da maioria dos conselheiros. O projeto prevê a liberação de R$ 1,08 milhão para financiamento junto à iniciativa privada.
    O presidente da CRL, Waldir da Silveira, não vê problemas para ser aprovado nesse segundo momento. Segundo ele, o projeto foi elaborado por uma das executivas da entidade entre os meses de janeiro e fevereiro, e apresentado no dia 15 de março. “Naturalmente, faltaram alguns documentos, mas nós anexamos ao recurso 740 páginas, e não vejo mais impedimentos”, afirmou.
    A previsão de gastos na Feira, que acontece de 28 de outubro a 15 de novembro, na Praça da Alfândega, gira em torno de R$ 2,2 milhões. Devem figurar como patrocinadores nesta edição, segundo Silveira, as empresas Copesul, Gerdau, Zaffari, TIM, a Prefeitura de Porto Alegre e a Refap.
    Feira chega aos Cais do Porto
    Este ano, a Feira do Livro terá seu espaço ampliado até o Cais do Porto. As 23 barracas da Área Infantil e Juvenil ocuparão os armazéns A e B. O Pórtico Central e a área existente entre os armazéns e o Guaíba serão ocupados por eventos direcionados a esse público. Nesse espaço também será montado um palco onde ocorrerá a abertura oficial do evento.
    Pela primeira vez as crianças poderão visitar a Feira pela manhã, a partir das 10 horas. A ampliação do horário, exclusiva para a Área Infantil, possibilitará que se atenda melhor a demanda escolar, que no ano passado registrou a visita de mais de 127 mil jovens. O restante da Feira funcionará das 13h às 21h, com possibilidade de se estender até às 22h.
    A marca da Feira deste ano, escolhida através de concurso cujo vencedor é o publicitário Cláudio Franco, diretor de arte da agência de propaganda Competence, e o patrono desta edição, eleito através do voto de 88 pessoas e entidades entre 10 “patronáveis”, serão conhecidos na primeira semana de outubro.
    Outra mudança é a transferência da área Internacional e da praça de alimentação, antes localizadas na rua Capitão Montanha, para a avenida Sepúlveda. Um dos motivos é que técnicos do Projeto Monumenta estarão realizando escavações naquela área a fim de localizar vestígios do antigo prédio da Alfândega, um muro, um trapiche e as escadarias, construídos entre 1856 e 1858, que davam acesso ao Guaíba.
    A mudança também atende a pedido da direção do Museu de Artes do Rio Grande do Sul que reclamou do cheiro forte de gordura que estava impregnando as obras de arte, no prédio ao lado. Outras escavações estarão sendo feitas na Rua dos Andradas, próximo a Praça da Alfândega, para localizar um sítio arqueológico indígena.
    “Perdemos espaços importantes, nos dois lados da praça, até parece que combinaram de realizar as escavações bem no período da Feira”, lamentou o presidente da CRL, Waldir da Silveira. Mas salientou que a Câmara está fazendo os ajustes para que as obras não prejudiquem os feirantes. “Estamos finalizando o mapa da Feira centrados na idéia de descongestionar os corredores mais disputados pelos feirantes, da Sete de Setembro e da Andradas”, completou Silveira.
    Além da atração principal – os livros e seus autores – , a Câmara Rio-Grandense do Livro pretende oferecer ampla programação cultural nos 19 dias do evento. Seminários, debates, palestras e oficinas abordarão assuntos como os 400 anos da primeira edição de Dom Quixote, de Cervantes; o centenário do nascimento do escritor e pensador francês Jean Paul Sartre; o centenário da morte de Júlio Verne; o bicentenário de Andersen e o centenário do nascimento do escritor Erico Veríssimo.
    Entre os prédios que se incorporam à Feira estão o Memorial do Rio Grande do Sul – onde estará localizada a Administração -, a Casa de Cultura Mário Quintana, o Santander Cultural, o Margs, o Centro de Cultura CEEE-Erico Verissimo e o Cinema Imperial, uma novidade deste ano.
    Ceará é o estado convidado; Itália, o país homenageado
    A maior feira do livro realizada ao ar livre da América Latina terá 149 expositores, sete a mais do que o ano passado. O estado brasileiro convidado é o Ceará, cujo governo trará delegação de autores e artistas.
    A programação terá, como ponto alto, atividades relacionadas aos 140 anos da primeira edição da obra Iracema, de José de Alencar. Cerca de 10 escritores cearenses devem participar das atividades. Uma das principais atrações que será apresentada pelo Ceará serão os representantes do projeto estadual. “Artistas tradicionais transferem seus conhecimentos e tradições locais para as novas gerações e comunidade.”
    A Itália é o país homenageado, que promoverá várias atividades relacionadas às comemorações dos 130 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul. Entre os destaques estão o filósofo italiano Antônio Negri (ex-guerrilheiro italiano e autor, junto com o americano Michael Hardt, de “Império”), Giuseppe Cocco (pensador político e colega de Negri no grupo italiano “As Brigadas Vermelhas”) e Ermano Cavazzoni (Roteirista do filme homônimo de Fellini (1990), livre adaptação de “Il Poema dei Lunatici”).
    A expectativa de público para este ano é que chegue a dois milhões de pessoas, acima do registrado no ano passado. A Feira ocupará uma área total de aproximadamente 21 mil m², incluindo o Cais do Porto. A área coberta por lona será de oito mil metros quadrados.
    Na edição do ano passado, o volume de livros vendidos na Feira foi de 498 mil exemplares, superando em quase 30 mil livros a marca atingida em 2003. A projeção é de que a 51ª edição supere este número. Além da oferta variada de títulos, uma das grandes vantagens que a Feira oferece é o desconto mínimo de 10% em qualquer exemplar comercializado na Praça e em várias livrarias de Porto Alegre, durante o período do evento.

  • Sindicato dos ambulantes apóia camelódromo aéreo

    Guilherme Kolling
    Enquanto um grupo de 44 camelôs cegos trabalha para se manter na rua Marechal Floriano com José Montaury – já tem até projeto feito por arquiteto – o Sindicato do Comércio de Vendedores Ambulantes e Comércio Varejista de Feirantes no Estado do Rio Grande do Sul (Sinbulantes) apóia a idéia de um camelódromo aéreo, sobre o terminal de ônibus da Praça Ruy Barbosa, no Centro.
    O tesoureiro do Sinbulantes, Giancarlo Guimarães, concorda em gênero, número e grau com a proposta da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio. O coro a Smic é repetido na avaliação sobre a resistência de alguns em sair da rua.
    “É a parte obscura deste assunto. Uma meia dúzia controla e aluga cerca de 50 bancas. Eles têm o monopólio do espaço e do abastecimento de produtos. São contra o camelódromo porque num lugar fechado vai ser bem mais difícil seguir fazendo isso”, explica Guimarães. “E os custos de quem trabalha vão ser menores”, completa.
    Conforme o tesoureiro, uma das vantagens do novo projeto é que ninguém fica excluído. “Assim todos tem visibilidade. Quem iria querer expor os produtos no 3º ou 4º andar?”, questiona. O projeto é encarado como uma grande oportunidade de abrigar não só os ambulantes cadastrados, que estão na Praça XV, mas também os irregulares, que circulam entre Dr. Flores e Voluntários da Pátria.
    O dirigente do Sinbulantes sonha com outras benfeitorias. “Vai ter Praça de Alimentação, banheiro e creche para os filhos dos vendedores”, projeta. A previsão é abrigar entre 900 e 1.200 ambulantes. Guimarães calcula que hoje existam 1.800 camelôs (400 registrados). Os demais seriam instalados em outros locais. “Sendo no térreo, qualquer prédio do Centro é bom para funcionar um shopping popular”, acredita.
    Pelas informações Sinbulantes, uma empresa estrangeira construiria a estrutura do camelódromo aéreo, feita de material pré-moldado, que poderia ficar pronta em poucos meses. “Em troca eles vão explorar o aluguel”. Guimarães lista outra reivindicação: uma legislação específica para shopping popular. “A classe não vai virar lojista. Pode até pagar impostos, mas continuará sendo ambulante”.
    Organização
    Os camelôs de Porto Alegre estão bem organizados para defender seus objetivos. Um exemplo é a sede do Sinbulantes, que tem uma estrutura melhor do que a de muito sindicato por aí. O conjunto comercial, no 5º andar de um prédio da avenida Voluntários da Pátria, fica com a porta aberta para quem quiser entrar.
    Mas na recepção, três funcionários estão a postos, entrincheirados em suas mesas. O ambiente sóbrio, tem computadores e telefone. Ao fundo do salão, escritórios e espaço para reuniões. Por todo o ambiente, muitas pastas, arquivos e papel – isso que eles trabalham na informalidade.
    O tesoureiro do Sinbulantes, Giancarlo Guimarães, 44, fala com desenvoltura. Quando recebeu a reportagem, repousava sobre sua mesa a edição recém-publicada da Revista da Fecomércio, para a qual ele deu uma entrevista sobre camelôs. “Temos um bom relacionamento com a imprensa”, garante.
    Ele explica a força do segmento. “A entidade existe desde 1940. A carta sindical é de 71”, conta, com orgulho. Membro da gestão que assumiu em 2002 e tem mandato até 2006, ele fez carreira no Sindicato dos Ambulantes. Ingressou como office-boy em 1976 e segue trabalhando. Sua próxima meta é ajudar a implantar o camelódromo aéreo.
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  • Lojistas reclamam de administradores de shoppings

    Paulo Edurado Brito apresentou reivindicações (Ramón Fernandes)

    Guilherme Kolling

    A disputa entre lojistas e administradores de shopping centers chegou à Câmara Municipal. Uma audiência pública no plenarinho debateu, na tarde desta terça-feira 27 de setembro, a relação entre as duas classes.
    O presidente da Associação Gaúcha dos Lojistas de Shopping Centers (Aglos), Paulo Eduardo Brito, falou que a falta de legislação específica prejudica pequenos e médios comerciantes diante das exigências impostas pelos empreendedores.
    Ele se refere a cobrança de 13 aluguéis por ano (às vezes 14), o alto valor dos condomínios e a obrigatoriedade do pagamento do fundo promocional, que corresponde a 20% do aluguel mínimo. Essa verba é utilizada na divulgação dos shoppings.
    Outra queixa de Brito, que também é dirigente do Sindilojas é a falta de prestação de contas tanto do dinheiro arrecadado com condomínio quanto o do fundo promocional. “Precisamos de uma lei para o tema, mas o projeto está engavetado na Câmara Federal há três anos”, lamenta.
    Fábio Irigoite, presidente da Associação Gaúcha de Administradores de Shopping Centers (Agasce) e responsável pelo Lindóia Shopping, concorda com a necessidade de uma legislação específica. Ele também respondeu as queixas, explicando que o 14º aluguel é exceção, válido em alguns contratos antigos.
    Quando trata da prestação de contas, o empresário faz uma comparação com um edifício residencial, em que os inquilinos não participam das reuniões. “Claro, não é a mesma coisa. Aí é que entra a lei, para regulamentar esse assunto. Mas já há empreendimentos que apresentam os valores investidos, espontaneamente”, observou.
    Irigoite se dispôs a receber reclamações de possíveis exageros cometidos por algum shopping, mas salienta que a cobrança do 13º é legal e está institucionalizada. A Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, que promoveu o evento, já acertou uma nova reunião sobre o assunto, em data ainda a ser definida. As duas associações, Agos e Agasce, se comprometeram a trazer dados sobre litígios envolvendo contratos nos 20 shoppings de Porto Alegre.
    Sindicatos apontam queixas
    O Sindilojas compareceu em peso à reunião. Pelo menos quatro diretores participaram do debate, um deles, o responsável pela diretoria de shoppings, setor recém criado pelo sindicato para atender o segmento.
    Roberto Jaeger, diretor institucional, afirmou que vai estimular a conciliação entre lojistas e administradores, através do setor jurídico da entidade. Mas ressaltou que excessos precisam ser averiguados. Um exemplo foi trazido pelo diretor Paulo Alves da Silva, que apresentou dois casos de lojistas que ainda pagam 14 aluguéis.
    Lideranças da Força Sindical e do Sindicato dos Comerciários também estavam presentes. Estes reclamaram da falta de condições de trabalho para os trabalhadores: poucos banheiros, inexistência de vestiários, refeitórios e transporte coletivo insuficiente nos horários de saída. “Já encaminhamos diversos ofícios a EPTC sem resposta”, disse um dos representantes.

  • Centro Popular pode ficar para 2006

    Camelódromo aéreo vai ficar em cima do terminal de ônibus da Praça Ruy Barbosa. (Fotos: Helen Lopes)

    A promessa da Prefeitura de retirar os ambulantes das ruas centrais de Porto Alegre antes do final do ano está cada vez mais difícil de ser cumprida. Primeiro o prefeito José Fogaça (PPS) deve apresentar o projeto de lei que cria o Centro Popular de Compras – ou Camelódromo Aéreo, como vem sendo chamado – um prédio que será construído em cima do terminal de ônibus da Praça Ruy Barbosa, próximo da Hipo Fábrica. Esse local vai ter banheiros, praça de alimentação e segurança interna, para receber clientes e proporcionar alternativa de trabalho aos camelôs.
    Antes de envir o projeto à Câmara de Vereadores, o processo de diálogo com as partes interessadas continua. Depois de aprovado, a Prefeitura terá cerca de 45 dias para realizar uma licitação para obter os investidores. Neste momento surge um novo problema. A necessidade da aprovação de outro projeto que cria no município a parceria público-privada, que sequer entrou na pauta de votação da Câmara de Vereadores.  Por isso, alguns vereadores acreditam que só no próximo ano será possível aprová-la.
    Para agilizar o processo, a Prefeitura propôs deslocar os  ambulantes para três prédios já construídos no centro da Capital. Os camelôs argumentaram que a divisão em muitos andares sem elevadores decretaria a falência daqueles que ficassem localizados nos andares mais altos, já que a maioria vende o mesmo tipo de mercadoria. Foi então que surgiu a idéia do Centro Popular de Compras, aproveitando a circulação da população nos terminais de ônibus.
    Apesar de ter sido bem recebida entre a maioria dos ambulantes, o
    projeto tem enfrentado resistências. O que eles querem mesmo é ficar na Praça 15 e adjacências. Alguns vereadores são contra a  proposta do Centro Popular porque envolve um investimento muito grande de recursos, deixando ociosos outros locais que poderiam ser utilizados para esse fim. Cecchim contesta: “os investimentos serão de empresários interessados”. O empresário vai bancar a construção do prédio e depois lucra com o aluguel das lojas.
    Sobre as construções já existentes, ele concorda que haveria uma segregação daqueles localizados nos andares superiores. “A idéia não é construir um gueto, mas sim um local adequado para eles exercerem suas atividades.”  Existe, ainda, uma parte dos camelôs com dificuldades específicas. Os ambulantes cegos tiveram uma audiência na tarde dessa segunda-feira (26) junto a vereadores para expor suas reivindicações. Eles não querem sair da esquina da Marechal Floriano com a José Montaury, porque ocupam o lugar há mais de 40 anos.
    O secretário Cecchim afirma que já recebeu os ambulantes cegos mais de cinco vezes em seu gabinete e garantiu que eles terão tratamento especial dentro do projeto de Centros Populares de Compras. “Eles terão todos os recursos de acessibilidade garantidos e podemos ainda pensar em uma área exclusiva”. Cecchim acha complicado criar um privilégio: “Se houver essa opção para eles, outros pedirão as mesmas vantagens.”
    O secretário demonstra confiança no projeto. “Muitos  são contra por desconhecimento.  Teremos lojas âncoras como farmácias e bancos populares oferecendo microcrédito, treinamento de gestão do Sebrae, praça de alimentação e segurança garantida. Isso vai agregar valor ao empreendimento”, diz, entusiasmado.
    O valor de aluguel de cada lojinha ficará em torno de 300 reais, menos do que estão acostumados a gastar atualmente com depósito, segurança e, por vezes, aluguel da banca. “O público que compra por impulso, que eles poderiam perder por não estarem mais no caminho das pessoas, não vai fazer diferença, pois terão outros atrativos como segurança, livre circulação e higiene”, acredita Cecchim.
    Outra vantagem, conforme o secretário, é a possibilidade de legalizar a situação dos comerciantes informais: “Ter um endereço comercial vai facilitar na obtenção de crédito para compra de mercadoria”. Mas a situação não será obrigatória, só sairá da informalidade quem quiser.

  • Camelôs cegos fazem apelo na Câmara

    Padilha entregou cópia de projeto para ambulantes cegos ao vereador Elói Guimarães (Foto: Elson Sempé)

    Guilherme Kolling

    A prefeitura quer entregar em outubro o projeto de lei dos centros populares de compras para varrer os camelôs das ruas do Centro. Angustiados com a mudança iminente, um grupo de ambulantes cegos fez um apelo na tribuna da Câmara Municipal, na tarde desta segunda-feira 26 de setembro.
    Com o respaldo da Associação dos Cegos do Rio Grande do Sul (Acergs) e da Associação de Cegos Louis Braille, eles pediram para permanecer na esquina da rua Marechal Floriano com José Montaury, ponto em que afirmam estar há 40 anos.
    O grupo inclui hoje 44 vendedores de bijuterias, todos trabalhando com auxiliar. Mais de 20 ocuparam as galerias do plenário. Eles garantem que não atrapalham o trânsito, nem pedestres e vitrines de lojas do local. Também argumentam que a maioria responde pelo sustento da família.
    Alcides de Souza Padilha é um dos que trabalha há mais tempo vendendo bolsas, pastas e mochilas. Ele apresentou aos vereadores um projeto para colocação das 44 barracas em uma estrutura metálica, coberta por lona. E entregou uma cópia ao presidente da Câmara, Elói Guimarães (PTB). Pretende fazer o mesmo com o prefeito José Fogaça.
    A idéia do trabalho, feito por um arquiteto, é criar uma unidade entre os camelôs, colocando-os em 11 grupos de 4 bancas, além de oferecer ao público um balcão de informações e uma linha telefônica para atender pedidos. “Nós vamos pagar tudo do nosso bolso, através de financiamento da Porto Sol”, projeta Cassiano Machado Santos, 62 anos, 38 na profissão.
    Outra liderança do grupo é Francisco de Assis Navas, 67, que vende bijuterias desde 1964. Ele diz que as negociações com a Secretaria da Indústria e Comércio (Smic) estão lentas. “A Smic está nos levando em banho-maria. Estamos tentando uma audiência com o Fogaça há meses”, conta.
    Navas explica que o camelódromo vertical não é viável, pelo menos para os deficientes visuais. “Cego subindo escada é um horror. E também não concordamos que joguem os vendedores ambulantes nesses prédios antiquados, sem elevador. Quem vai subir escada até o 4º andar para comprar alguma coisa?”, questiona.
    Para ele, os edifícios deveriam ter no máximo dois andares. A posição também é defendida pelo ex-secretário da Smic, hoje vereador Adeli Sell (PT). “Está provado em vários lugares que com até dois pisos funciona. Vou insistir que o Fogaça não volte atrás na idéia dos shoppings populares, que pare com essa história de camelódromo aéreo. Tem muito prédio devoluto no Centro que pode ser ocupado”, propõe.
    Os ambulantes cegos também criticam a idéia da plataforma aérea para 1,2 mil camelôs, já que não acreditam num movimento de 500 mil pessoas por dia no local, público necessário para dar vazão aos produtos desse número de vendedores.
    Representantes das bancadas da Câmara se manifestaram a favor do grupo que ocupou a tribuna, defendendo uma solução para o assunto. Mas Adeli, que não se pronunciou por ter chegado atrasado, está em cima do muro, diz que a questão dos camelôs cegos deve ser analisada, para encontrar um local adequado para o grupo.
    “Tem ainda o problema de legislação, já que eles podem passar o espaço para filhos. E existem cegos e cegos. Essa história de auxiliar não vale para todos, alguns terceirizam a banca. É preciso fiscalizar”.