Autor: Elmar Bones

  • Decisão de Petrobras não está tomada

    Elmar Bones, de Brasília
    O deputado Tarcisio Zimmermann (PT-RS) afirmou ontem ao JÁ, em Brasília, que a decisão da Petrobrás em relação a Braskem “ainda não esta tomada”. Acionado pelo Sindipolo, o deputado, que integra a Comissão de Trabalho da Câmara, manteve nas últimas semanas intensos contatos na Petrobras e no Governo em busca de informações e esta convencido de que “ a Petrobras não tem convicção de seus passos nessa negociação”.
    A relutância da direção da estatal em se manifestar sobre o assunto reflete essa indecisão, segundo Zimmermann. “Eu não apostaria que esse negocio sai agora. Mesmo que a Petrobras de prosseguimento as negociações apontando os ativos que pretende permutar não significa que esse será o caminho que ela tomara na petroquímica”.
    Segundo o deputado, a estatal estuda outras hipóteses e a troca na presidência da Petroquisa está relacionada a essa necessidade de melhor definição do caminho a tomar. O presidente anterior Kuniyaki Terabe, era uma indicação política, sem familiaridade com o setor, por isso foi trocado pela engenheira Maria da Graça Foster, técnica de carreira da Petrobrás. “A impressão que fiquei depois de todos esses contatos é que ainda há na Petrobras muitas dúvidas sobre o perfil dos investimentos que a companhia pretende fazer na petroquímica. A associação minoritária em diversos investimentos dilui riscos mas também dilui poder de decisão, deixando a subordinada aos interesses e humores dos parceiros privados”.
    O deputado não acredita que as negociações entre Petrobrás e Braskem possam resultar em favorecimento a uma empresa privada. Aspas Acho que a Petrobrás age dentro da lógica dos negócios e é com base nesta lógica que ainda há duvidas na cúpula da companhia de que esse seja o melhor caminho.
    Ele também minimiza a questão do emprego, pois acha que ela poderia ser contornada por um compromisso da Braskem com a manutenção dos postos de trabalho ou o encaminhamento dos funcionários que fossem dispensados. “A coisa mais estranha nesse processo todo é o silêncio do governo do Estado. Tenho certeza de que se fosse um grupo gaúcho tentando obter o controle do pólo de Camacari o governo baiano estaria reagindo”. Para ele a atitude do governador Rigotto no caso é de contemplação, que não é compatível com a relevância do pólo petroquímico para a economia regional.
    Matérias relacionadas:
    – Semana de decisões na Petroquímica
    – Petroquímica: Comissão não aprova audiência pública
    – Braskem tenta neutralizar resistências no Estado
    – Petrobras mantém silêncio sobre negociações com Braskem
    – Grupo baiano pode assumir controle da Copesul
    – Sindipolo vai à Dilma pedir transparência nos negócios entre Petrobras e Odebrecht

  • Farra do Teatro emocionou centenas de pessoas

    Mais de 500 pessoas acompanharam o espetáculo Farra do Teatro que ocorreu durante a tarde do ensolarado domingo (25) de encerramento do 12º Porto Alegre em Cena, no estacionamento da Usina do Gasômetro.
    No espaço cênico, 80 atores realizaram, ao ar livre, quatro horas de uma verdadeira maratona: quando não estavam encenando, estavam correndo. Vestido de branco, o grupo apresentou o resultado do trabalho de cinco dias de ensaios, ocorridos na última semana do Festival. A peça foi composta de uma seqüência de 30 músicas específicas para cada momento. Cada música tinha uma cena pré-determinada, mas os atores não conheciam a seqüência em que elas iam sendo tocadas. Paralelamente, foram estabelecidas três formas de corrida que provocavam tipos variados de estado de espírito nos integrantes.
    As ações eram na maioria conjuntas e significavam uma série de manifestações: uma cena que lembra os 40 anos da tragédia ocasionada pela bomba atômica nas cidades de Hiroshima e Nagasaki é uma delas. Outros assuntos como prostituição infantil, a omissão da sociedade frente ao estupro, a violência opressora contra os marginalizados e casos de abuso de poder por parte da polícia foram vivenciados pelos atores. Essas cenas coletivas foram as mais tocantes, gerando uma catarse nos atores, que por mais de uma vez, caíram no chão aos prantos.
    Outras formas de sensibilização foram utilizadas, como beijar na boca durante uma música inteira, tentar abraçar o outro e não ser correspondido, deliciar-se com o Giro Sufi (uma técnica antiga de meditação, onde a pessoa gira com a palma da mão direita para cima e a palma da mão esquerda para baixo se tornando um vértice de energia) e entrar em um fila para receber água, sabendo que nem todos seriam servidos. Neste último caso, o desespero dos participantes cresceu no momento em que um deles resolveu “roubar” o galão de água, impedindo que outros pudessem matar a sede. Foi perseguido por parte do grupo, em um improviso demonstrativo de que o espetáculo era movido por emoções verdadeiras.
    A racionalização da água no planeta também foi destaque, quando os atores procuraram alguém para “batizar” (dando ênfase no valor deste bem comum que passou a ser comercializado).
    Por diversas vezes, o público se emocionou e aplaudiu em cena aberta, como no ponto auge do espetáculo, que representou o apedrejamento de uma mulher argeliana, ocorrido recentemente, sob acusação de adultério. A atriz que representou a personagem teve suas roupas arrancadas, antes de ser apedrejada nua. Em seguida, os demais atores da peça despiram-se, em solidariedade, completando a cena.
    As ações individuais também emocionaram. Além de contar uma história pessoal de sua infância a alguém da platéia, os atores interagiram com o público, cantando músicas como Eu Sei que Vou Te Amar (Vinícius de Moraes) e Solidão (Alceu Valença ), olhando nos olhos de uma pessoa. A cada hora de espetáculo, a exaustão dos participantes aumentava, causando uma explosão de sentimentos e emoções.
    Conforme o diretor Roberto Oliveira, que ministrou a oficina junto com as atrizes Sandra Possani e Maria Falkembach (ambos do Depósito de Teatro) o fundamental neste espetáculo era que os atores não estivessem interpretando, mas sim, vivenciando e sentindo as emoções que surgiram durante as ações. Neste ponto, a corrida foi muito importante: com o cansaço, caíram as máscaras dos participantes, permitindo-lhes uma verdadeira meditação e exercício de entrega.
    No final, o elenco arrancou aplausos calorosos da platéia, que entrou no espaço cênico para dançar um xique-xique de Tom Zé. Encerrado o evento, os atores trocaram abraços entre si. Estavam com o corpo leve e a alma lavada.

  • Em Cena termina com mais de 12 mil ingressos vendidos

    Adriana Lampert
    A montagem italiana mPalermu, da diretora revelação da europa Emma Dante encerrou o 12º Porto Alegre em Cena no Theatro São Pedro, neste domingo (25), às 21h. Após o final da peça, o secretário Municipal de Cultura Sérgius Gonzaga participou da solenidade de encerramento do festival (22h15min), ao lado do organizador do evento, Luciano Alabarse e do prefeito José Fogaça, no salão do São Pedro.
    A prefeitura investiu no Em Cena cerca de R$ 2 milhões, sendo que pouco menos de um milhão e meio foi captado por cotas entre as empresas Sonae, Petrobras e Caixa / RS, beneficiadas pelas leis de incentivo à cultura estadual e federal. O restante dos custos será pago pela Secretaria Municipal de Cultura e pela arrecadação de ingressos (R$ 120 mil até sábado – 24 – à tarde).
    O valor do ingresso para assistir aos espetáculos deste ano, teve um reajuste de 100%. “O primeiro nos últimos 10 anos”, lembra Luciano Alabarse (foto). Ele ressalta que este reajuste foi calculado para que os ingressos em geral custassem R$ 10,00 uma vez que o valor único de R$ 20 tinha desconto para estudantes, idosos, artistas e funcionários de lojas e sindicatos credenciados pelo festival. “A política de descontos foi ampla. Tanto, que de cada 100 ingressos, 97 foram vendidos com descontos”.
    Segundo a organização do 12º Porto Alegre em Cena, ao todo foram vendidos pouco mais de 12 mil ingressos. A última semana foi a de maior procura pelo público. Este resultado foi visto como uma vitória, conforme Alabarse. “A cidade compreendeu que é normal pagar ingressos para ir ao teatro. Orgulho-me de ter trazido Norma Aleandro, Peter Brook e atrizes como Júlia Lemertz a preços acessíveis”.
    Apesar das críticas de algumas pessoas da classe, o organizador também tem apoiadores: o próprio antecessor, Ramiro Silveira concorda: “Eu entendo o Luciano nesta decisão, porque esta foi a alternativa para não baixar a qualidade do festival. Uma das características do Em Cena é dar acesso a espetáculos de qualidade para o maior número de pessoas. E várias peças, pelo nível da montagem e qualidade dos atores, fora do festival teriam o preço do ingresso mais caro.”
    A atriz Arlete Cunha que está trabalhando na produção de palco de espetáculos de rua concorda: “O festival precisa se pagar e, como a captação de recursos é difícil e a Prefeitura não tem verba suficiente, o ingresso acaba ficando mais caro.”
    Outro fato que gerou polêmica foi o fim da fila dos “sem ingressos” ou “A fila dos sem”. Alabarse argumenta que a entrada de pessoas sem pagar não ajuda a fomentar platéia, ao contrário do que pregam. “Não é possível que pensem que o teatro é feito para ser dado de graça para o público. Se eu acostumo o público a ir de graça no Em Cena, quem é que vai querer pagar para assistir as peças que ficam em cartaz durante o resto do ano?”, questiona. “A profissão de artista precisa ser valorizada. Cacilda Becker estava certa quando disse certa vez: ´Não me peçam para dar a única coisa que eu tenho para vender´”. O ator e diretor Kike Barbosa concorda: “Quem compraria ingressos, se todos soubessem da existência da fila dos “sem”? Além do mais, é injusto para quem comprou.

  • Estréia de O Círculo Sagrado terá entrada franca

    Xamanismo celta e textos poéticos musicais, adequados ao teatro-ritual, são os principais elementos do espetáculo O Círculo Sagrado, novo trabalho do grupo Nômade, que estréia nesta sexta-feira (23), no Centro de Eventos do DC Shopping. A peça resgata a cultura sacerdotal céltica e bretã da antigüidade, dando ênfase à sabedoria da natureza, do xamanismo celta e de seus valores espirituais femininos.
    A temática de O Círculo Sagrado é centrada na ameaça que sofre a cultura celta no momento da invasão romana. Discute o enfrentamento com o cristianismo que, com seu crescimento, passou a reprimir outras manifestações religiosas. “Não é preciso salientar o quanto isso marca profundamente o mundo até hoje, que vive sobre o domínio de uma visão ocidental, patriarcal e opressora da vida, onde as diferenças não são aceitas”, ressalta a diretora Gisela Rodriguez, que também integra o elenco.
    A peça mostra o momento de transição entre o desenvolvimento da cultura bretã druída até a Saga de Avalon. A Sacerdotisa Caillean chega a Avalon trazendo consigo Gawen, filho bastardo da antiga Suma Sacerdotisa com um soldado romano. Na Ilha de Avalon é erguido o círculo sagrado, onde os rituais celtas são executados, protegidos de seus perseguidores.
    Com roteiro de Tiago Agne e Gisela Rodriguez, o texto de O Círculo Sagrado foi inspirado no romance A Senhora de Avalon, de Marion Zimmer Bradley, e vários outros textos poéticos galícios originais, incluindo os do poeta Yeats e do teólogo John O`Donohue. Textos de Shakespeare, Pat Mills e T.S. Eliot também foram adaptados.
    Além de Gisela, a montagem traz no elenco Ed Lannes, Juliano Straliotto, Liliane Pereira, Marcos Castilhos, Mauro Bruzza, Moira Stein e Paulo Zé Barcellos. Dá continuidade à trilogia que o grupo Nômade iniciou em 2002, com a encenação do espetáculo Celtas.
    O grupo valoriza a encenação simbólica e a intensidade de emoções do ator, que dança, participa da trilha sonora ao vivo junto aos músicos, e interpreta personagens místicos. Seus trabalhos têm como especificidade a pesquisa no teatro-ritual com bases em Artaud, Eugênio Barba e Grotowsky. Em geral, as encenações propostas pelo grupo Nômade utilizam o espaço de maneira pouco convencional, para que possam desenvolver determinados aspectos cênicos – como o uso de água, fogo, tintas, além de uma proximidade maior com o público.
    O Círculo Sagrado
    Direção de Gisela Rodriguez
    Onde: Centro de Eventos do DC Shopping (Frederico Mentz, 1606)
    Quando: Sextas e sábados, 21h; domingos, 20h. De 23 de setembro a 6 de novembro.
    Ingressos: R$ 10,00 / estudantes e classe artística: desconto de 50% – vendas antecipadas na loja Sirius (República, 304) e no restaurante Vitrine Gaúcha (DC Shopping).
    Entrada franca no primeiro final de semana.

  • Moradores de rua buscam refúgio na Redenção

    Luis Carlos, 35 anos, 22 na rua, questiona: “Ir para onde?” (Foto: Tânia Meinerz)

    Guilherme Kolling
    Acossados, os moradores de rua do Bom Fim e arredores buscam a Redenção como último refúgio. O administrador do parque fala em 30 pessoas, mas é evidente que são muito mais. E o grupo cresce na medida em que são afastados das ruas por grades, seguranças ou autoridades. Casos recentes: o Hospital de Pronto Socorro colocou telas nos vãos que eram utilizados como dormitório; o banco Itaú, na Ramiro Barcelos, construiu um canteiro embaixo da marquise; e na rua Augusto Pestana com Venâncio Aires, a Brigada está despachando o grupo. “Recebemos queixas diárias e viremos até que eles encontrem outro lugar para ficar”, disse o policial.
    Por isso, aos 70 anos, o Parque Farroupilha atrai gente como Luís Carlos Favero, 35 anos, 22 na rua. “Não tem como sair daqui. Ir para onde?” questiona o passo-fundense, que veio para Capital aos 12. Hoje ele é conhecido e recebe ajuda do pessoal do Ramiro Souto – em troca, dá uma força na manutenção: capina, limpa, recolhe areira. “É difícil conseguir emprego, pedem referência e um ano de prática”, explica. Ele garante o sustento catando lixo seco. Vende o material num galpão na Voluntários da Pátria, o que lhe rende um salário mínimo por mês. Só se queixa da prefeitura, uma concorrente “que quer tirar nosso trabalho”.
    Segundo Luís, 200 moradores de rua circulam pela Redenção, mas os fixos são poucos. Há núcleos no Araújo Viana, nas canchas de bocha e no Monumento do Expedicionário. A maioria consome cachaça ou loló. À noite tem tráfico de drogas e prositituição dentro do parque. Luís não fica lá, diz que é perigoso. Ele e a companheira Vânia preferem a entrada de um banco na Venâncio Aires. Ele já tentou as casas de convivência do Município, mas não gostou. “É uma disputa, não tem ficha para todo mundo”, justifica. O colega Vladimir concorda que “aquilo é muito bagunçado”.
    Na Redenção, tem ainda o problema dos gatunos de plantão. Tânia e Vladimir, que se conheceram na marquise do Araújo Vianna, perderam, num momento de distração, todos os pertences. “A gente não está livre de ser assaltado”. Mesmo asim, elegem o Farroupilha, já que nos albergues, “o perigo anda disfarçado”. “Já me roubaram uma panela de dentro da sacola quando eu tomava banho”, relata Tânia.

    Tânia e Vladimir acham o parque mais seguro do que a rua (Foto: Naira Hofmeister)

    Outro que se aventura a pernoitar na Redenção é Fabiano, 31. Ele fica porque um dos 20 companheiros sempre está vigiando enquanto os outros dormem. “É mais seguro e mais calmo do que a rua. Se for pro meio da cidade roubam a gente”. Mas as dificuldades estão aumentando, com o corte da água das torneiras da Redenção e a proibição de estender roupas nas cercas.
    “Agora lavamos ‘no lago’ e deixamos secar atrás dos banheiros, onde ninguém vê”, diz Fabiano. Sobre um possível cercamento do parque, ele é pragmático. “Se fecharem, teremos que ir pra baixo do prédio de alguém. Será que vão gostar?”.
    * Colaborou Naira Hofmeister

  • Afirmação da cultura gaúcha

    Margarete Moraes – Ex-secretária municipal da Cultura e Vereadora PT
    A luta farroupilha é um marco de afirmação da identidade do povo gaúcho. Nestes tempos em que a globalização massifica as culturas, reduzindo tudo a cópias do modelo capitalista, que incentiva modismos consumistas, as comemorações da Revolução Farroupilha estão na contra-mão desta prática, lembrando exemplarmente nossa história de lutas e dignidade. A tradição, neste caso, não é sinônimo de conservadorismo saudosista, mas de orgulho de práticas culturais singulares, ligadas à lida do campo, à produção da terra.
    Para o historiador Francisco Riopardense de Macedo, a revolução Farroupilha deixou lições, como: a altivez de comportamento diante de calúnias; liberdade como maior patrimônio a ser defendido; Estado livre e independente; dedicação e sacrifício; confiança na causa; interesse pelo ensino e pela educação; libertação dos escravos; federação para assegurar a autogestão regional, conciliação. Inspirados nos ideais iluministas, que influenciaram os movimentos de Independência dos Estados Unidos, em 1776, e a Revolução Francesa, de 1789, que preconizavam os valores humanistas de Liberdade e Igualdade , os Farroupilhas buscaram ampliar este ideal adotando o lema “Liberdade – Igualdade – Humanidade”. Ao contrário das lutas de libertação, que pretendiam a independência e o separatismo, a luta do Rio Grande se fez contra o autoritarismo do poder central e pela autonomia da província, através do direito de eleger o presidente local e legislar sobre os impostos pagos pela região.
    O acampamento Farroupilha, no mês de setembro, em Porto Alegre, celebra a diversidade e a fraternidade. As várias formas de construção, de vestimenta, de preparo de alimentos se encontram e confraternizam. Não como um uma exposição extemporânea, mas como prática de vida. Por alguns dias o campo está na cidade. Mais que uma vitrine, é um modo de vida, é a celebração de uma história que se encontra e se reafirma.

  • Guanabara: abuso do ambiente e de dinheiro público

    Francis França, do Rio de Janeiro
    Os alunos do Colégio Pedro II fizeram seu primeiro passeio pela Baía de Guanabara na quinta-feira, dia 15/09, para a tradicional aula de história que é dada todo ano para as 3as séries. As 60 crianças embarcaram na maior algazarra no Rebocador Laurindo Pitta, construído em 1910, único remanescente da força naval brasileira que participou da Primeira Guerra Mundial.
    O turismo histórico continua fazendo sucesso, mas a Baía de Guanabara apresentada à turminha não é mais aquela que recebeu seus avós. Antes da saída, o primeiro sintoma: no Submarino Riachuelo, aposentado no cais da Marinha, a marca do limo grosso, a densidade verde da água não deixa ver nem um palmo abaixo da superfície.
    Para aproveitar o passeio, é preciso olhar a Baía de Guanabara como quem admira uma pintura impressionista. De perto, o protagonista é o lixo. Plásticos, garrafas, madeiras, listras de espuma espessa cortando o mar até onde a vista alcança. E tudo isso na parte limpinha da baía, onde passa a excursão. Também é preciso não dar importância à água borrifada no rosto pelo balanço do rebocador nas ondas.
    O passeio histórico no Laurindo Pitta é novidade até para a professora Yara Barreira de Morais, 61 anos, 43 de magistério. Ela não conhecia o veterano da Primeira Guerra, mas a baía ela conhece desde pequena, quando usava as barcas como meio de transporte para ir a Niterói.
    “Era uma beleza, não tinha essa imundície que é hoje”, lembra, acrescentando que agora a Baía de Guanabara está melhor, perto do que era há cinco anos.
    Mas a baía já não vai bem há muito tempo. De acordo com o geólogo Elmo da Silva Amador, autor do livro Baía de Guanabara e Ecossistemas Periféricos: Homem e Natureza (1997), a capacidade de regeneração natural da baía esgotou quando o Rio de Janeiro atingiu 500 mil habitantes. Antes disso, no século 19, as praias eram recomendadas para banhos terapêuticos, para a cura de enfermidades phyísicas e nervosas, segundo os jornais da época.
    Só que a população cresceu. Atualmente, os sete municípios ao redor da baía têm cerca de 10,7 milhões de habitantes, que geram 12 mil toneladas de lixo por dia. A baía recebe, a cada 24 horas, mais de 1,7 milhão de toneladas de esgoto e 1.500 toneladas de lixo.
    E a tendência é que a quantidade de lixo cresça permanentemente. De acordo com o Estudo para Controle e Recuperação das Condições Ambientais, realizado pela equipe da Agência Japonesa de Cooperação Internacional entre maio e julho de 2002, o número de habitantes nessas cidades saltará para 12,2 milhões em 2020, data em que o próprio governo do estado admite como possível para que o carioca possa desfrutar das despoluídas praias de Ramos, Icaraí, Ilha do Governador, Paquetá, entre outras.
    O lixo e o esgoto colaboram para que 15,7% de toda a água sejam transformados em lama. O valor da área assoreada, segundo Amador, equivale a 50 vezes o Aterro do Flamengo. Já em 1997 o geólogo apontava a perda de um terço da baía nos próximos cem anos.
    “A baía perde até cinco centímetros de profundidade por ano em alguns pontos, enquanto o natural seriam 18 centímetros por século”.
    Guanabara já perdeu muito mais do que profundidade. Comparando com o passado, o ecossistema está irreconhecível. Originalmente, tinha 132 km2 de restingas. Sobraram 28 km2. Era filtrado por 235 km2 de brejos e pântanos. Restaram 75 km2. Abrigava 101 ilhas. Ficaram 65. Aninhava 118 praias. Perdeu 46 para os aterros. Ao todo, ela perdeu 29,1% de sua superfície.
    Projeto de despoluição vira piada de mau gosto
    Quando passa pela linha vermelha, entre a favela da maré e a baía, Ivone Tolomini fecha as janelas do carro. O cheiro de podre que vem da água é insuportável. Ivone lembra que a sobrinha trabalhava para uma empresa japonesa responsável pela despoluição da Baía de Guanabara. Um dia, eles simplesmente recolheram os equipamentos, os móveis e fecharam as portas.
    “Minha sobrinha foi pra rua sem receber um tostão de direitos trabalhistas, nada”, conta Ivone.
    A sobrinha de Ivone perdeu o emprego em uma das cinco vezes que o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDGB) foi interrompido desde que começou a ser executado, em 1994. As obras foram suspensas por falta de pagamento. Os japoneses construíram as Estações de Tratamento de Esgoto e queriam a contrapartida do governo, com construção dos troncos coletores de esgoto. Para a despoluição, o Estado entra com 65% do investimento e o banco com os 35% restantes.
    No orçamento original de 1994, os recursos disponíveis eram de US$ 793 milhões, dos quais US$ 350 milhões financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), US$ 237 milhões pela agência japonesa Japan Bank for International Cooperation (JBIC) e US$ 206 milhões provenientes do governo estadual. O projeto está orçado hoje em US$ 1,04 bilhão (R$ 2,83 bilhões), dinheiro suficiente para construir seis Linhas Amarelas.
    Até agora, o programa já tragou cerca de US$ 855 milhões (R$ 2,3 bilhões), mas, dez anos depois de iniciadas as obras, o estado trata apenas 25% de todo o esgoto jogado na baía. Ao longo dos últimos quatro governos, foram construídas ou ampliadas oito estações que, juntas, têm capacidade para tratar 11.869 litros de esgoto/segundo, mas tratam apenas 4.762 litros, o que representa cerca de 25% do total. Ou seja, 75% são lançados in natura.
    Fazendo as contas, o estado consumiu 82% dos recursos, levou mais do que o dobro do tempo previsto para a primeira fase e não alcançou sequer a metade da meta. A conclusão da primeira fase do programa está prevista para 25 de dezembro de 2006, às vésperas do aniversário de 12 anos. Por enquanto, a segunda fase ainda é um sonho.
    A Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) em 2003 para investigar denúncias de desvios de recursos nas obras do programa de despoluição e constatou que mais de 70% dos contratos sofreram acréscimos, o que teria causado um prejuízo de quase US$ 300 milhões (cerca de R$ 810 milhões) aos cofres públicos.
    A comissão foi apurar porque, em oito anos, 76% dos recursos do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara foram gastos sem que quase nada saísse do papel. O deputado Alessandro Calazans, que abriu o inquérito, denuncia que muitas obras do projeto foram integralmente quitadas com as empreiteiras sem terem sido executadas, que quilômetros de tubulações foram postos no mapa, mas não debaixo da terra, e que compras de R$ 98 milhões, para equipar a estação de tratamento da Alegria, na gestão Anthony Garotinho, foram fechadas sem licitação.
    A justificativa do PDBG para os atrasos foi o obstáculo estrutural da sociedade, em outras palavras, a favelização. Há cerca de 900 favelas na margem oeste, onde fica o município do Rio de Janeiro e seus subúrbios da Baixada Fluminense. Entretanto, a favelização estava prevista no estudo básico do programa, um calhamaço de 500 folhas em que o governo japonês gastou dois anos e US$ 3 milhões para apadrinhar o projeto. Nele, os técnicos avisavam, em 1994, que a principal causa da poluição da água são as atividades humanas diárias e a produção industrial.
    Segundo o relatório da CPI, houve abuso da ordem econômica por parte dos responsáveis pelo PDBG, ao atrasar os serviços. O projeto deveria estar pronto em 1998.
    Com tantas expectativas frustradas, o que resta à baía são mesmo o turismo e a História. Os alunos do Colégio Pedro II, que a conheceram a bordo do Rebocador Laurindo Pitta na semana passada, aprenderam que, em tupi, guana significa mar, e bara, seio. Para os índios, a Baía de Guanabara era um seio de mar. Aprenderam sobre a história dos fortes ao redor da baía e sobre o belo castelinho da Ilha Fiscal, conhecida hoje pelo evento que a marcou O Último Baile do Império, realizado alguns dias antes da Proclamação da República. As professoras disseram que, vendo na prática, as crianças aprendem muito mais fácil.
    Mas entre as explicações durante a viagem ninguém falou que, em 1502, ao chegar à baía, o navegador Pero Lopez de Souza decretou que toda água encontrada ali era excelente. As professoras preferiram se calar sobre o que não é possível demonstrar na prática.

  • Cresce o número de excluídos nas calçadas

    Em poucos minutos a calçada estava vazia (Fotos Naira Hofmeister)

    Não eram nem sete da manhã dessa quarta (21) quando uma viatura da Brigada Militar encostou na esquina da Rua Augusto Pestana com a Venâncio Aires. Os dois policiais desceram e, aos gritos,  acordaram os moradores de rua que dormem embaixo daquela marquise. “Vamos lá! Vamos sair fora”, diziam eles.
    Rapidamente os cinco homens que dormiam por ali, recolheram seus pertences e foram embora sob a supervisão do outro PM, que, da esquina, acompanhava com o olhar até onde a turma ia.
    Apesar da veemência com que cumpriram a ordem, ele revela: “Todos têm direito de ir e vir, né? Não é crime nenhum eles estarem aqui. Vai fazer o quê, eles não têm dinheiro nem casa. A gente só vai acordá-los mais cedo”.
    Um dos policias contou que a Brigada recebe diariamente ligações solicitando a retirada dos moradores. “Hoje viemos antes que reclamem”, argumentou. E já avisa: daqui para frente, dia sim, dia não, repetirão a ação “Para ver se eles acham um lugar onde incomodem menos”. O policial se refere aos bares do local, que temem ter queda no movimento por conta da presença dos moradores de rua.
    A versão oficial é um pouco diferente
    No entanto, o comandante do 9º Batalhão de Polícia, reponsável pelos cuidados da área central de Porto Alegre, Major Rodrigues, afirma que a ação não se caracteriza como policial: “A SMAM e a Prefeitura têm solicitado apoio da Brigada na retirada dessas pessoas das ruas”. Segundo o Major, a polícia so é acionada quando há resistência em deixar o local. A razão da SMAM seria o acúmulo de sujeira que normalmente ocorre em locais escolhidos por essas pessoas para passar a noite. “A frequência do serviço será determinda pela prefeitura”, conclui.

  • Casas Bahia arrasa quarteirão na Dr. Flores

    Sérgio Lagranha
    Fotos Tânia Meinerz
    O dono da rede Colombo, com 360 lojas espalhadas pelo Sul-Sudeste do País, Adelino Colombo, fez uma pergunta que ele definiu como um enigma: “Você sabe quanto gasta a Casas Bahia de propaganda? É o maior anunciante brasileiro, disparado”. E complementa em uma entrevista para a revista Amanhã: “Fala-se em R$ 700 milhões por ano, o que dá R$ 60 milhões por mês. Nós aqui gastamos de R$ 25 a R$ 28 milhões por ano. O maior economista no mundo não vai descobrir o segredo disso”. E mudou de assunto. Dizendo: “Gosto muito do Klein (Samuel Klein, dono das Casas Bahia), bah!”
    Colombo tocou no ponto central do sucesso da Casas Bahia: mídia, que massacra a concorrência. A Casas Bahia formou uma espécie de sociedade informal com a rede Globo e suas afiliadas – como a RBS no Rio Grande do Sul e Santa Catarina -, pelo volume gigantesco de propaganda veiculado diariamente. Como sempre, sobra uma beirada para os demais veículos. O terceiro parceiro é o Bradesco, maior banco privado do Brasil. Somente a carteira de crédito com a Casas Bahia totalizou R$ 707 milhões em junho, ficando próxima da meta para o ano, que era de R$ 1 bilhão.
    Tanto a Globo como o Bradesco têm relacionamentos comerciais com as demais redes, mas a parceria dos três gigantes está fazendo um estrago e tanto por ser extremamente engenhosa. Além de dar lucro, leva as demais redes pequenas ou grandes investir em mídia para tentar sobreviver em um mercado onde tem muito crédito e quase nada de dinheiro vivo. Se a Colombo sentiu o golpe da entrada da Casas Bahia no Rio Grande do Sul. O que sobra, então para as redes menores?
    Agora a preocupação de Adelino Colombo deve ter aumentado, pois no primeiro semestre de 2005, o levantamento do Ibope Monitor, mostra que a empresa que mais investe em publicidade no País, com verba de R$ 1,85 bilhão, continua a Casas Bahia. Para se ter uma idéia deste valor na publicidade brasileira, o banco Itaú destinou, no mesmo período, R$ 78,5 milhões em investimentos em publicidade, pouco menos que o Bradesco com R$ 79,5 milhões.
    Nas pesquisas do Ibope Monitor aparece a Casas Bahia como o anunciante que mais investiu em mídia nos últimos anos. Em 2003, a rede varejista teve um espetacular crescimento de 205% nos valores medidos pelo estudo, saltando de R$ 250,5 milhões em 2002 para R$ 764,9 milhões. A assessoria de imprensa da Casas Bahia explica que os números que são divulgados pela imprensa pelo Ibope Monitor confundem as pessoas. “O Ibope usa a tabela cheia das agências, o que é uma ficção. Como a rede tem presença diária nos veículos, com cadernos promocionais, consegue muito desconto, permuta, pacotes e essa redução não aparece”, informa a assessoria.
    Acrescenta que o investimento em mídia é 3% do faturamento bruto, que em 2004 foi de R$ 9 bilhões e a previsão para este ano chega a R$ 12 bilhões. Portanto, em 2004 o investimento em mídia da Casas Bahia foi de R$ 270 milhões e não os R$ 764,9 milhões do Ibope Monitor, conforme a explicação da empresa. Em 2005, deverá ser R$ 360 milhões. Ainda muito acima das redes de varejo que ficam, na média, entre R$ 20 milhões a R$ 50 milhões por ano. Além disso, com a atual crise, todos os anunciantes ganham descontos – uns mais, outros menos -, em relação à tabela de preços oficial.
    O próprio Ibope Monitor informa que considera, para efeito de cálculo, os valores das tabelas cheias dos veículos, não levando em conta os descontos decorrentes de negociação entre as partes. Por isso, os valores diferem daqueles apurados pela concorrente Inter-Meios, uma vez que o projeto coordenado por Meio & Mensagem contabiliza o faturamento que os veículos de fato obtiveram, fornecidos pelas próprias empresas de mídia.
    Fundada em 1952, a Casas Bahia é a maior rede de varejo do País, com um mix de produtos que vai de eletrodomésticos, eletroeletrônicos e móveis a artigos de confecção, cama, mesa, banho e brinquedos. Ao todo, são mais de 461 lojas – com previsão de chegar as 500 até o final do ano – em oito estados brasileiros, mais o Distrito Federal, que atendem a uma carteira de 20 milhões de clientes. A rede emprega cerca de 40 mil funcionários, tem frota própria de mais de dois mil veículos.
    Uma circulada na rua Dr. Flores, centro de Porto Alegre, onde redes como Casas Bahia, Ponto Frio, Magazine Luiza, Manlec e Colombo possuem filiais, dá uma idéia do que está acontecendo neste segmento. O número de pessoas comprando e de vendedores na Casas Bahia é notoriamente superior em relação às demais. Isto provoca uma guerra de condições de pagamento e ofertas. Todos oferecem alguma barbada, mas a Casas Bahia também leva vantagem neste quesito pelo volume. Como enfrentar este gigante é um desafio para a criatividade das outras redes, porque o consumidor não tem dó nem piedade: compra de quem lhe oferece condições melhores.
    Parceria com o Bradesco vale R$ 3,6 bilhões
    Toda essa potência atraiu o Bradesco, líder dos bancos privados no Brasil. Em novembro de 2004 a rede fez um acordo de três anos, passando parte da carteira de clientes para o banco. É uma sociedade de capital, nada a ver com o correspondente bancário, que ocorre mais com os pequenos varejistas. Correspondentes Bancários são estabelecimentos comerciais, tais como farmácias, mercados e lojas de material de construção, habilitados a prestar os serviços oferecidos por um banco.
    Também não é a venda da carteira de clientes, como aconteceu com a rede Tumelero e a financeira Fininvest, em Porto Alegre. Inicialmente, o acordo entre a Casas Bahia e o Bradesco projetava um volume de financiamento de R$ 100 milhões por mês e R$ 3,6 bilhões no final de três anos. No final do primeiro semestre, o volume mensal já ultrapassou sete vezes a previsão.
    Na Casas Bahia, o crédito tem outro diferencial de fundamental importância neste Brasil cada vez mais pobre e informal. Cerca de 70% dos créditos concedidos pela rede envolvem uma população que está na informalidade, não bancarizada e sem condições de comprovar renda. Este percentual não foi incluído no acordo com o Bradesco. A análise de crédito deste cliente é feita pelos funcionários da Casas Bahia.
    O resultado da ampliação do oferecimento de crédito foi tão positivo que já apareceu no balanço do Bradesco no primeiro semestre deste ano. O Bradesco obteve lucro líquido de R$ 2,621 bilhões no primeiro semestre, resultado 109,7% superior ao de igual período do ano passado (R$ 1,25 bilhão). O vice-presidente do banco, José Luiz Acar, atribuiu o desempenho do semestre ao crescimento orgânico e ao fortalecimento do crédito, entre outros fatores.
    Devido ao expressivo crescimento na carteira de crédito para pessoas físicas, o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, revisou para cima a previsão de expansão dos empréstimos para o ano. Ele espera agora um aumento entre 20% e 25% na carteira em 2005. Na projeção anterior, Cypriano previa expansão de até 22% no crédito. Conforme ele, os acordos com diversas redes de varejos têm propiciado o crescimento de empréstimos ao consumidor. O banco fechou parcerias com a Casas Bahia, Lojas Salfer, rede Comper, Lojas Colombo e Lojas Leader.
    A pesquisa “Varejo Financeiro: Visões de Futuro”, feita pela Boanerges & Cia. Consultoria em Varejo, mostrou que 59% dos três mil executivos consultados consideram as parcerias com instituições financeiras a tendência mais importante no varejo financeiro brasileiro. Uma tendência que explodiu em 2004, cresce a taxas próximas a 20% ao ano. Vem ajudando a incrementar as vendas, aumentar o faturamento dos bancos e facilitar a vida dos consumidores de todas as faixas de renda. A dúvida é quanto à possibilidade de crescimento da inadimplência, já que a política econômica adotada pelo governo Lula propiciou o aumento da oferta de crédito, mas não na renda do trabalhador.

  • Conselho de Cliente: É bom ouvir!

    É bastante provável que você já se tenha perguntado um dia sobre de que
    forma seu cliente o encara. Será que seu atendimento é tão eficaz quanto
    parece? Sua empresa supre todas as necessidades dos clientes? Estas e outras questões rondam a imaginação de qualquer empresário, vez por outra. Istoquando não permeiam seus sonhos e até seus pesadelos.
    Como não existe bola de cristal no mundo dos negócios, o jeito é criar
    soluções práticas para este desafio. Naturalmente, a preocupação constante em melhorar o atendimento, em busca da sempre desejada “satisfação do cliente”, requer ações criativas.
    Trabalhar como um parceiro dos clientes passou a fazer parte da cultura de várias empresas. Mas o que poderia ser este “algo mais”? A VC — Votorantim Cimentos tem procurado alternativas, passou a observar o mercado do ponto de vista do cliente. Literalmente passou para o outro lado do balcão. Fez mais do que isso. Convidou revendedores para se colocarem na cadeira do diretor-presidente.
    Assim, de uma idéia aparentemente simples, nasceu o Conselho de Clientes, um conceito que transformou o relacionamento entre o líder do setor cimenteiro e o dono da loja de materiais de construção do seu bairro, do nosso bairro.
    A imagem daquela megacorporação, intocável, não era real. Isso foi comentado por um lojista, numa de nossas reuniões! Naquele momento, a Votorantim revelou-se a parceira de todas as horas, aqui, no chão da loja, no balcão do comprador.
    O Conselho de Clientes foi criado em 2003 e vem sendo implementado passo a passo, em cada uma das regiões de atuação da nossa empresa. Devido ao seu sucesso, o conselho conquistou um papel estratégico dentro da VC.
    Seu funcionamento é simples: fazemos reuniões com vinte clientes convidados de cada região. Podem ser grandes e pequenos lojistas. Todos têm o mesmo espaço democrático, a mesma importância. Por que? Porque é a sua experiência diária, são seus problemas cotidianos e suas sugestões que nos fazem criar soluções para os problemas de todos os nossos clientes. Esta é a real dimensão do conselho.
    Um exemplo prático: criamos uma alternativa de crédito a pequenos lojistas, que se encontra em fase de piloto, a partir de sugestões tiradas do conselho. Foi uma reivindicação das revendas de menor porte, que assim ganham maior competitividade no mercado e podem atender melhor o cliente final.
    Temos exemplos iguais a este nas mais diversas áreas: logística,
    atendimento, marketing. A implantação de janelas de carregamento nas
    unidades reduz o tempo de espera e garante pontualidade e estoque. O sistema informatizado oferece rapidez e clareza na troca de informações com clientes, que remotamente acompanham seus pedidos, programam carregamentos, verificam extratos, créditos e cobranças. O programa de fidelidade “Diga Sim à VC”, premia os pontos de vendas com melhores resultados. Tudo isso surgiu porque o nosso cliente tem total liberdade para expor suas críticas, sugestões e elogios aos produtos, serviços e profissionais da VC.
    Maurício Luchetti*
    * Diretor Executivo da Votorantim Cimentos