Bacci diz que Lair Ferst captou dinheiro para campanha de Yeda

Cleber Dioni e Elmar Bones
Em depoimento polêmico, o deputado federal Enio Bacci (PDT), ex-secretário de Segurança nos primeiros 100 dias do Governo Yeda, agitou a CPI do Detran na tarde desta segunda-feira. Ele começou falar às 13h34 min, com a sala do plenarinho da Assembléia superlotada, e se estendeu até o fim da tarde. Foi um dos mais bombásticos da CPI até agora.
Bacci relatou suas conversas com o vice-governador Paulo Feijó. Segundo ele, Feijó lhe assegurou que o empresário Lair Ferst, um dos principais implicados na fraude do Detran, atuou na arrecadação de fundos para a campanha da governadora Yeda Crusius no segundo turno da eleição.
O vice-governador estaria, inclusive, segundo Bacci, disposto a ir à CPI para depor. Minutos depois, o deputado Marquinhos Lang, do DEM, recebeu um telefonema do vice Paulo Feijó, que fez reparos às declarações de Bacci. Eles teriam conversado por telefone e não mais que cinco minutos.
Quanto à Ferst, Feijó teria dito que “ele havia participado da campanha”, sem saber exatamente fazendo o quê. Outra polêmica do depoimento de Bacci foi quando ele reiterou que advertiu a governadora para os indícios de irregularidades no Detran, a partir de denúncias que recebeu de funcionários do órgão. Procurou repetir as palavras que usou: “Governadora, há irregularidades no Detran. Temos que fazer uma limpa”.
Yeda teria lhe dito que não podia ter problemas com o Zé Otávio (José Otávio Germano). “A governadora deve ter sofrido pressões para não mexer na direção do Detran”, disse.
Segundo Bacci, ele propôs uma direção suprapartidária para o órgão, a fim de esclarecer a situação, mas a governadora permaneceu em silêncio. Ao final da audiência, de que participava o chefe da Casa Civil, Luiz Fernando Zacchia, Yeda teria dito ambiguamente: “Está bem secretário, vá em frente”. E passou a outros despachos. No dia, ainda segundo Bacci, ele recebeu uma ligação do chefe da Casa Civil, dizendo que qualquer iniciativa em relação ao Detran deveria ser autorizada pela governadora. “Penso que se tivessem sido tomadas providências a partir do momento em que fiz as primeiras denúncias, poderiam ter sido economizados R$ 10 milhões”, ressaltou.
Bacci apresentou sete nomes de testemunhas que poderiam contribuir com a CPI. Carlos Dirnei Fogaça, o ex-chefe de gabinete do Antonio Maciel Dorneu, um dos principais implicados na fraude do Detran, está disposto a depor na CPI.
Fogaça trabalhou 13 anos como auxiliar direto de Maciel e teria provas materiais de irregularidades. Sugeriu também que seja ouvido Leonardo Fardin Elesbão, concunhado do deputado federal José Otávio Germano (PP) e coordenador dos contratos do Detran entre 2003 e 2005. Segundo ele, há informações de que Elesbão teria uma conta bancária específica para campanha eleitoral. “Se uma das preocupações da CPI é saber onde foram parar os mais de R$ 40 milhões desviados do Detran, se foram usados numa campanha eleitoral ou não, tenho informações que precisam ser checadas de que Leonardo Fardin Elesbão possuía uma conta bancária para este fim. Portanto, uma quebra de sigilo bancário ou telefônico poderia agilizar esta investigação”, destacou.
O parlamentar disse que a ex-secretária de Elesbão, Ana Gomes, também falaria à CPI. O terceiro nome é de Juliana Bernardes Elesbão, irmã da esposa do deputado José Otávio Germano e dona de uma agência de viagens em sociedade com a mulher do advogado Carlos Rosa, um dos indiciados pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público Federal. As outras duas pessoas que estariam dispostas a falar, segundo o ex-secretário, é o delegado Weber, ex-corregedor do Detran, e o deputado federal Wilson Cignachi (PMDB), ex-presidente da CEEE.
Por volta das 17h15, o deputado Pedro Pereira (PSDB) fez perguntas a Bacci fora do contexto da CPI. Quis ligar o ex-secretário à máfia dos caça-níqueis. Ele se recusou a responder. Os ânimos se exaltaram, os deputados trocaram insultos e só não chegaram às vias de fato porque foram contidos pelos seguranças do Legislativo. Cinco minutos depois, o ex-secretário voltou à carga. Disse que a fraude no Detran é apenas parte da ação de uma quadrilha. “Se houver uma auditoria, se chegará à conclusão de que mais da metade dos contratos apresentam problemas, como ausência de licitação e superfaturamento”. Ele relatou suspeitas sobre os contratos nas áreas de limpeza, segurança, correios e locação de veículos.
Ele estranhou, por exemplo, a forma como uma empresa (Santos e Alves) que até então prestava serviços de limpeza ao Detran foi selecionada para limpar delegacias em todo o Estado. “A empresa que quisesse ser aprovada para limpar delegacia teria que ter um comprovante de que conhecia todas as delegacias do Estado, em torno de 700. Só a Santos e Alves conseguiu essas declarações, de 700 delegados”, frisou. O ex-secretário avaliou que muitos contratos poderiam ter sido cancelados, como o da empresa de segurança Pedroso, que fazia a vigilância dos prédios da secretaria.
Bacci disse que a empresa que prestava este serviço anteriormente (MD Segurança) era ligada ao empresário Lair Ferst, indiciado na Operação Rodin e apontado como mentor da fraude.
Também disparou contra outras instituições, como a Corsan, a CEEE, a CGTEE, o Banrisul e até a Assembléia, na fraude dos selos. “Há grandes indícios de que a mesma prática tenha se estendido a outras. O modus operandi (em todos esses casos) é o mesmo”.

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