A semana chegou ao fim sem que o governo federal conseguisse debelar a crise dos caminhoeiros, iniciada no fim da semana passada.
A rodada de negociações, que parecia bem sucedida, não conseguiu prescindir de uma boa dose de violência policial para desbloquear alguns trechos onde os ânimos estavam mais exaltados.
Resultado: apesar da repressão e das ameaças com pesadas multas, no início da noite de sexta-feira, restavam ainda muitos focos do movimento.
Segundo o Jornal Nacional ainda restavam 55 pontos bloqueados em estradas de cinco Estados.
Segundo a Zero Hora eram 68 pontos de bloqueio só no Rio Grande do Sul.
A diferença talvez se explique porque o jornal nacional considerou só as rodovias federais. No Rio Grande do Sul, a região mais conflagrada, as estaduais tinham 51 pontos de bloqueio.
O mais inquietante é que uma semana depois não se consegue ter clareza sobre esse movimento. Apesar da cobertura ampla e sensacionalista, a mídia não conseguiu esclarecer, nem fez questão.
Há muitos sinais de que ele transcende a uma reivindicação setorial de caminhoneiros onerados pelo aumento do combustível e o achatamento do preço dos fretes.
Alguns vídeos divulgados nos blogs independentes e nas redes sociais sugerem um lock out, de empresários do transporte, não uma greve de trabalhadores – empregados ou autônomos.
A adesão de CDLs, Sindicato Rural e até o Rotary Club, como aconteceu em cidades gaúchas, revela uma estranha solidariedade de estamentos empresariais com trabalhadores em greve, bloqueando estradas, ameaçando o abastecimento e causando enormes prejuízos.
Resta saber se estes focos de incêndio remanescentes terão oxigênio para sustentar o movimento até o início da semana que vem quando, aí sim, a situação poderá ficar insustentável.
Em todo caso, esse “movimento de caminhoneiros” já funcionou como um aquecimento para o dia 15 de março, quando o anti-petismo pretende ir às ruas para pedir o impeachment de Dilma. (EB)
Bloqueio de estradas: greve ou lock out?
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Comentários
Uma resposta para “Bloqueio de estradas: greve ou lock out?”
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O que se vê em Brasília é que se iniciou a campanha eleitoral de 2018. Tudo gira neste sentido, o que confunde os observadores que a olho nu não conseguem identificar todas as peças no tabuleiro.
Primeiro: é preciso tirar da frente as eleições municipais de 2016, pois, curiosamente, o processo que vai desembocar em 2018 não passa pelos comícios intermediários. Os atores e as forças que se defrontam neste momento estão operando em outra frequência de onda, que capta apenas os sinais da sucessão presidencial.
Segundo: Dilma Rousseff é inelegível. Portanto, não é alvo. Há interesse, sim, de enfraquecer seu governo para evitar que tanto ela quanto sua administração sejam eleitores poderosos em 2018. Só isto.
Terceiro: Lava Jato terá dois efeitos eleitorais negativos, um deles geral, que é o estreitamento das ofertas de dinheiro público-privado para os partidos; o segundo é que pode abater eventuais candidatos. Afeta duramente a os esquemas de arrecadação e redistribuição desses recursos entre as forças aliadas a governos, tanto estaduais como federal.
Embora o grito de “fora Dilma” seja ouvido nas ruas, não há interesse efetivo em mover processo político contra ela. Neste sentido, as cartas estão dadas: ela deve ficar até o final do mandato presidindo as eleições. Uma alteração desse quadro é negativo devido ao tumulto político e à crise econômica que um processo de impeachment provocaria. A oposição (leia-se PSDB) tem estados importantes para governar. Patrocinar essa crise econômica seria uma espécie de Jim Jones político, uma guerra nuclear sem vencedores. Não interessa aos partidos.
O Palácio do Planalto está absorvendo muito mal o surgimento de uma oposição no cenário político. O governo e seu pessoal de comunicação estavam acostumados à moleza que foi a oposição do primeiro governo. Com isto, a culpada de sempre é a imprensa, que dá voz às oposições. A pedra da mídia neste xadrez ainda não se moveu.
Estas são apenas algumas partes do cenário. Só a primeira linha do tabuleiro. Depois poderia aprofundar os demais pontos, como o papel do judiciário, a luta interna entre Justiça e Procuradoria, etc. etc.

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