A médica Rosa Hartzen do ambulatório da Câmara de Porto Alegre confirmou ao JÁ que “mais de trinta pessoas foram atendidas” na quarta-feira, 11, quando uma tropa de choque usou bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta contra manifestantes dentro do legislativo municipal.
O número não é exato porque não houve condições operacionais para fazer o registro dos atendimentos, segundo a médica. “De repente, isso aqui encheu de gente, um espaço pequeno, as pessoas bem desesperadas”.
A maioria precisava apenas respirar ar puro e um copo dágua. Mas alguns precisaram medicação e em dois casos, de pessoas asmática, a crise de insuficiência respiratória foi severa. “Foi uma coisa bem grave”, diz a médica.
Ela contou três estouros de bombas. Era um dia frio, portas e janelas estavam fechadas. Muitos dos atingidos foram funcionários do legislativo. “Eles jogaram no térreo, o gás subiu e desceu pelas escadas, inundando o prédio”.
A porta de vidro do corredor que leva ao ambulatório estava fechada, por isso ali foi um dos poucos pontos os aonde o gás não chegou. “Jogar bombas de gás em ambiente fechado é um perigo enorme. Pessoas que tem doenças respiratórias, bronquite ou asma, podem ter um choque fatal”. A médica define o episódio como “lamentável para a história da democracia em Porto Alegre”.
Um outro episódio ilustra a violência. Um grupo de manifestantes que ficou encurralado. Sairam do plenário, não conseguiram descer, porque o choque vinha subindo, se refugiaram no banheiro. “Eram 15 mulheres e um homem, ficamos trancados, sem ventilação.. Quando a gente abria a porta para sair, eles jogavam spray de pimenta”, conta Marilia dos Santos Iglesias, funcionária do HPS, que estava no grupo.
Ela e outras oito pessoas que estavam no grupo fizeram um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil, por cárcere privado, constrangimento ilegal e lesão corporal. Ela disse que levou uma coronhada na cabeça.
Violência sem precedentes
Foi a inversão da pauta de votações, urdida às 11 horas da manhã, que naquela quarta-feira acirrou os ânimos dos funcionários municipais, que resistem aos projetos do prefeito.
Quando a sessão começou às 14 horas o clima já era tenso. Em votação o projeto que retira benefícios que o Plano de Carreira garante aos municipários.
O presidente da Câmara mandou trancar os portões e distribuir senhas para acesso ao plenário. Havia mais de mil funcionários na frente, foram distribuidas 115 senhas. Em pouco tempo a situação foi saindo do controle, até que, temendo que a Guarda Municipal não conseguisse dar conta, o presidente da Câmara, Valter Nagelstein pediu reforço do Pelotão de Operações Especiais, o pelotão de choque da Brigada Militar.
O POE entrou pela garagem por volta das 15 horas. As 17 horas e pouco, a situação se descontrolou no plenário e Nagelstein suspendeu a sessão por falta de segurança.
O choque, que estava na garagem entrou pelo térreo e o tumulto se generalizou. Segundo os vereadores mais experientes “nem no tempo da ditadura havia acontecido uma coisa dessas”.
O episódio completou uma semana nesta quarta-feira, sob silêncio total embora os fatos não tenham sido minimamente esclarecidos.
Bombas de gás na Câmara de Vereadores levaram mais de 30 intoxicados ao ambulatório
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