Brigada e comunidade unidas pela segurança no Bom Fim

Naira Hofmeister
A unanimidade está instaurada: segurança deixou de ser assunto apenas da policia para ser tratada pela sociedade em geral. No Bom Fim, partiu da própria Brigada Militar, representada pelo 9º Batalhão, a proposta de criar um Conselho de Segurança para o bairro. A comunidade aderiu de imediato. Tanto que num sábado ensolarado, cerca de 50 pessoas se reuniram na Sociedade Hebraica para discutir alternativas de proteção e ouvir as dicas do Major Jairo para não se expor aos perigos criados pela sociedade excludente em que vivemos.

Auditório da Hebraica estava movimentado para um sábado ensolarado (Fotos: Naira Hofmeister)

Segundo o comandante, a principal questão é a união entre habitantes e a policia: “Vivemos uma situação de guerrilha, ou seja, uma guerra irregular, que exige táticas diferentes das usuais”, defendeu. Um dos pontos fortes de ação comum entre ambas é a troca de informações. Para isso, estão disponíveis canais de interatividade, como e-mail e telefones – inclusive celulares –, que agilizam as ações da Brigada (veja lista abaixo), além, é claro, do 190.
A Brigada Militar tem um déficit de cerca de 60 homens para o patrulhamento da área em que se inclui o Bom Fim. Pela lei, deveriam ser 152 policiais atendendo a 3ª Companhia, que cuida dos bairros Moinhos de Vento, Bom Fim, Rio Branco, santa Cecília, Farroupilha, Santana e Independência, porém, na prática, apenas 95 homens atuam na região. Eles são auxiliados por 5 motos e entre 2 e 5 automóveis – dependendo de quantos estiverem em condições de uso.
A falta de policiamento, no entanto, pode ser relativa. Segundo o major Jairo, “muitos dos problemas com segurança não dependem de solução da Brigada”. Ele explica: antes da atuação da corporação, o cidadão deve estar atento à possíveis assaltos. Primeiro, o larápio escolhe sua vítima, em geral, as mais frágeis e distraídas e identifica suas características. O segundo passo é a vigilância, onde a situação de ataque e estudada e avaliada. O planejamento se dá logo após, onde será escolhido o plano de ação mais adequado e, por último, ocorre o ataque.
Major Jairo garantiu que esses passos acontecem sempre, tanto numa batida de carteira, quanto em situações mais complexas, como os seqüestros, por exemplo. “A ação da Brigada vai se dar a partir do terceiro passo, onde podemos perceber que uma vítima está sendo avaliada”, explicou. Ainda segundo o comandante, no caso de ataque, menos de 5% das intervenções da Brigada têm êxito. Ainda assim, ele alerta: “Reagir é uma atitude de altíssimo risco”.

Major Jairo falou por mais de uma hora sobre segurança

O perigo acontece porque o criminoso está sempre nervoso ou com medo durante um assalto. Também pode estar sob efeito de tóxicos: “Ninguém comete um crime de ‘cara limpa’. Ou está drogado, ou desesperado para comprar”, garantiu o Major.
Para uma pessoa se defender, e necessário atentar para dicas de segurança bastante simples. Utilizar os sentidos, principalmente o olhar, pode ser a solução. “Estar atento é diferente de estar apavorado”, disse. O Jornal JÁ reproduz logo abaixo uma lista de dicas para quem quer se proteger melhor.
Em caso de assalto, a melhor solução é entregar o que o ladrão pede, por bem. Não se deixar levar para locais menos movimentados também é importante: “As mulheres podem simular um desmaio e os homens, um ataque cardíaco, por exemplo”, instrui o Major. Outro ponto importante é avisar todos os movimentos que você fará, para que o assaltante não pense que irá reagir. Por fim, observe todas as características da pessoa, se tem cicatrizes, usa brincos ou tem tatuagens, suas características físicas, a maneira de falar e até a roupa que está usando.
Para os condomínios que pretendem contratar um empresa de segurança privada, Major Jairo alerta para a qualidade dos serviços prestados: “Desconfie de alguém que cobra R$ 300,00 para manter funcionários em todos os turnos”, diz. Verificar a idoneidade da prestadora de serviços e essencial e pode ser feito com relativa facilidade. Verificar se o pagamento dos salários está sendo feito corretamente, se há a possibilidade de substituição quando o contratado vai faltar ao serviço e, principalmente, se os empregados utilizam um uniforme. A rotatividade de seguranças não deve ser exagerada, para que o funcionário e os moradores possam se conhecer bem e se a empresa realiza uma ronda de automóvel, que dá suporte ao funcionário especializado.
O Major também aconselha que se verifique a legalidade da empresa contratada atarves do número do Grupamento de Supervisão de Vigilância e Guarda (GSVG), que cobra taxas e realiza fiscalização nesse tipo de serviço.
Com as dicas, Neiva de Matos e Carlos da Silva Goulart vão poder realizar melhor se trabalho. Os dois são zeladores de prédios na João Telles e prometem mudar algumas atitudes que facilitam a atuação de criminosos: “Mas não adianta a gente se antenar e os moradores continuarem deixando as portas abertas”, lembra Neiva.

Neiva e Carlos vão seguir as dicas do Major Jairo

O Conselho de Segurança anunciou ainda que esta preparando uma serie de ações para incrementar o combate à insegurança. Um dos projetos é o Vizinho Solidário, onde os moradores de um mesmo prédio ou rua se ajudam mutuamente na vigilância do local. Outro passo importante será a caminhada de conscientização “Polícia e comunidade unidas contra a violência”, que  começará a ser divulgada em breve. Por fim, há um plano de atuar junto com a ACM e a FASE que propõem um trabalho social junto aos moradores de rua, uma das fontes de insegurança. A idéia é evitar o ajuda na forma de doação direta à essas pessoas, organizando locais de coleta e uma logística capaz de realizar a distribuição mais adequada das doações.
Dicas de segurança do Major Jairo de Oliveira Martins, comandante do 9º BPM
1. Para o condomínio
· Instalar sistemas de interfone, vídeo fone e portas enclausuradas
· Ter uma iluminação eficiente e, preferencialmente com sensor de presença e fotocélula
· O sistema de circuito interno de TV será mais seguro se houver gravação das imagens e não apenas monitoramento
· Sistemas de garagens automatizadas e portas com fechamento automático
· Colocar quadro de avisos com nome dos funcionários na ativa e daqueles que já não trabalham no prédio para que todos estejam atentos aos frequentadores diários do local
2. Para o porteiro, zelador ou segurança
· Só abrir a porta após a identificação do visitante e autorização do morador
· Tele-entregas devem ser recebidas na portaria – a técnica de se fantasiar têm sido usada largamente para cometer assaltos à condomínios
· A identificação de veículos e anotação das placas deve ser feita rigorosamente
· Jamais deixar seu posto para conversar com terceiros nem distrair-se com atividades que não sejam sua obrigação
· Possuir uma agenda com descrição das vistas e prestadores de serviços autorizados à entrar no prédio
· Ter um cadastro com telefones para consulta e confirmação de prestadores de serviço e também com telefones de emergência, como a Brigada e o Corpo de Bombeiros
3. Para o morador
· Avisar a portaria sobre visitas e prestação de serviços, para a montagem da agenda
· Utilizar o olho mágico
· Fechar todas as portas ao passar
· Evitar passar muito tempo exposto à horários e locais impróprios
· Avisar o sindico quando houver o extravio de chaves
· Não deixar a porta aberta durante a carga e descarga – por exemplo, quando retorna do supermercado
· Ter uma listagem com informações completas sobre ex-funcionários e buscar sempre referências antes de novas contratações
As dicas do Major estão disponíveis para utilização publica, num arquivo de Power Point que pode ser obtido junto ao Conselho de Segurança, através do telefone 33327825.
Telefones importantes
Emergência – 190
9º Batalhão da brigada Militar – 3288.3200 / 3210.5550
Posto BM Bom Fim – 3321.3233
Celulares das viaturas da 9ª cia – 9113.8979 / 9658.6604
GSVG – 3231.4355 / 3231.1312

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