Camelódromo aéreo é apresentado oficialmente

Naira Hofmeister
O prefeito José Fogaça lançou na manhã dessa segunda-feira (31/10) o projeto que pretende retirar os ambulantes das ruas centrais de Porto Alegre. O Centro Popular de Compras – chamado de Camelódromo aéreo – vai ocupar toda a área acima dos corredores de ônibus da Praça Ruy Barbosa, entre a Mauá e a Voluntários da Pátria.
O valor estimado do investimento será de R$ 12 milhões, poderão ser captados por meio das Parcerias Público-Privadas, mas o projeto depende de aprovação na Câmara de Vereadores. “Há também a possibilidade de usarmos o sistema de concessões, então não dependeríamos da votação das PPPs”, explicou o Secretário de Indústria e Comércio, Idenir Cecchim. Nesse caso, apenas uma licitação seria necessária para que as obras iniciassem.
A burocracia parece ser o principal entrave para o andamento do projeto. Além do projeto das PPPs, precisa ser criada uma lei garantindo a exclusividade do comércio ambulante apenas dentro do camelódromo, estabelecimento de  regras de transição, licitações e o licenciamento urbano e ambiental para a obra. Só então será possível iniciar sua construção.
Fogaça  alerta: “Não estamos às vésperas do dia em que os camelôs serão realocados”. Cecchim explica: “Não trabalhamos com prazos, mas sabemos que todos estão com pressa e nós também. O Prefeito pediu calma na elaboração para que tudo dê certo”. A previsão é que, a partir da aprovação das licitações, – com ou sem PPPs – em 30 dias o prédio comece a ser construído. Em seis meses, prevêem as autoridades, a obra estará concluída.
O Centro Popular de Compras vai abrigar cerca de 750 ambulantes e também vai oferecer serviços bancários, farmácia, praça de alimentação e banheiros públicos. Vai contar com um local para treinamento dos expositores, ensinando gestão e qualificando os camelôs. “Queremos que não só o dono da banca, mas sua mulher e filhos, se desejarem, possam também crescer na vida”, disse Fogaça.
Preocupação é que os ambulantes irregulares tomem conta das ruas
Dona Laurita afirma que sai de ponto, que freqüenta há 28 anos na Praça 15, sem causar problemas. “Desde que eles ‘limpem’ toda a rua, né?”. A sua opinião é também da maioria dos ambulantes regulares que usam o sistema de bancas. Ou seja, irem para  o Camelódromo e os ambulantes ilegais tomarem seus pontos na rua.
Para evitar essa possibilidade, Fogaça já assinou um convênio com a Brigada Militar que vai ampliar de três para 35 policias na fiscalização. O próprio Sindicato dos Ambulantes está confiante: “Acreditamos que a promessa será cumprida, do contrário, não apoiaríamos a iniciativa”, argumentou Moacir Gutierres, presidente do Sombulante.
Ainda assim não vai ser fácil. Álisson há três anos vende CDs e DVDs na praça, por um preço médio de R$ 10,00. Fatura bruto cerca de R$ 200,00 por dia e pretende manter a atividade irregular, mesmo depois da implantação do Centro Popular de Compras: “A gente vai ter que correr dos hôme”, ele ri.
Já Sidney prefere confiar no conhecimento que adquiriu ao longo dos 15 anos vendendo mercadoria ilegal no centro de Porto Alegre: “A gente vai ter que diminuir a quantidade, vender na mão”, explica. A idéia é abolir a banquinha e carregar os óculos no bolso: “Se eles apertam aqui, a gente vai para outra rua, quando apertarem lá, voltamos”, completa. Ele ainda resume, em tom de brincadeira: “É isso ou começar a roubar. Tenho uma família que depende desse dinheiro.”

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