Campanha nacional contra a sífilis enfrenta falta de penicilina

O Brasil tem uma epidemia de sífilis, quem diria. A tal ponto que o Ministério da Saúde lançou nesta quinta-feira uma campanha nacional para redução dos índices, principalmente da chamada “sífilis congênita” transmitida pela mãe ao bebê, durante a gravidez.
Infecção sexualmente transmissível a sífilis é causada por uma bactéria e desenvolve-se em três fases: a primeira com o aparecimento de uma úlcera na região genital. Na segunda fase surgem erupções na pele, com pequenas manchas cor de rosa e sintomas relacionados a infecções do fígado e dos rins.
Na terceira fase surgem tumores na pele e nos ossos,problemas cardíacos e neurológicos,com convulsões, paralisia, alterações de comportamento e demência. Em bebês, a sífilis transmitida pela mãe é também causa da microcefalia.
As ações do Ministério da Saúde, que incluem uma campanha publicitária, vão se estender por um ano.
Estão previstos o incentivo à realização do pré-natal precoce, ainda no primeiro trimestre da gestação; ampliação do diagnóstico (por meio de teste rápido); tratamento para a gestante e seu parceiro; incentivo à administração de penicilina benzatina, considerada o único medicamento seguro e eficaz na prevenção da sífilis congênita.
Também haverá ações de educação permanente para qualificação de gestores e profissionais de saúde.
A detecção da sífilis é feita por meio de testes rápidos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).
Por isso, o Ministério da Saúde aumentou em mais de quatro vezes a quantidade de testes distribuídos a estados e municípios, passando de 1,1 milhão em 2001 para 6,1 milhões de testes em 2015.
“Um grande desafio é o início precoce do pré-natal, já que as mulheres tendem a procurar o médico apenas quando a barriga aparece, o que diminui as chances de cura da sífilis para a mãe e facilita a transmissão da doença para o bebê”, explicou a diretora do Departamento de HIV, aids e hepatites virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken.
Um Manual Técnico para o Diagnóstico da Sífilis, foi apresentado durante o lançamento da campanha, em Brasilia.  Segundo dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde entre os anos de 2014 e 2015, a sífilis adquirida teve um aumento de 32,7%, a sífilis em gestantes 20,9% e a congênita, de 19%.
Em 2015, foram notificados 65.878 casos de sífilis adquirida no país, sendo a maioria (60%) em homens. No período de 2010 a junho de 2016, foi registrado um total de 227.663 casos de sífilis adquirida.
Em gestantes, no ano de 2015, a taxa de detecção da sífilis foi de 11,2 casos de sífilis em gestantes a cada 1.000 nascidos vivos, considerando o total de 33.365 casos da doença. Já de janeiro de 2005 a junho de 2016, foram notificados 169.546 casos.
Com relação à sífilis congênita, em bebês, em 2015, foi notificado 19.228 casos da doença, uma taxa de incidência de 6,5 por 1.000 nascidos vivos. De 1998 a junho de 2016, foram notificados 142.961 casos em menores de um ano. O incremento entre os anos de 2013 e 2014 foi de 26,77% e entre os anos de 2014 e 2015 foi de 20,91% no número absoluto de casos novos diagnosticados.
Uma dificuldade no combate à doença é a falta  de penicilina, devido à falta de matéria-prima para a sua produção.
Neste ano, o governo brasileiro, em caráter emergencial, adquiriu 2,7 milhões de frascos de penicilina benzatina, com prioridade na prescrição para grávidas e seus parceiros. Além disso, o ministério já iniciou a compra de 230 mil ampolas de penicilina cristalina.
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, admitiu que o país vive uma epidemia de sífilis. “Os casos subiram em número significativo. Estamos tratando o problema como epidemia até para que resultados da redução sejam mais expressivos possíveis”, disse o ministro, durante o anúncio das ações para combater a doença.
Há falta do medicamento
O governo brasileiro deve anunciar ainda na próxima semana o aumento do preço do antibiótico usado para o tratamento de sífilis e sífilis congênita, a penicilina. A intenção é  incentivar a indústria a farmacêutica a produzir o medicamento, que está em falta no mercado há pelo menos dois anos.
Uma compra emergencial foi feita, mas o governo sabe que a solução é temporária. Sem remédio, não há como o Ministério da Saúde levar adiante a campanha. Segundo médicos e pesquisadores, aumento do números da doença são em parte reflexo do desabastecimento do mercado.
O antibiótico penicilina usado para combater a doença é considerado barato demais pela indústria farmacêutica. Por considerar pouco interessante, muitos fabricantes interromperam a produção, causando um desabastecimento. Diante da falta do antibiótico, que durou quase dois anos, o governo importou há alguns meses matéria-prima para o preparo do remédio em laboratórios credenciados.
O problema aumenta porque, além de a indústria não ter interesse na fabricação do remédio, laboratórios oficiais não têm tecnologia para preparar a matéria-prima. Eles dependem da substância – preparada pelas empresas farmacêuticas – para produzir o medicamento.
A saída encontrada pelo governo foi atender ao apelo da indústria e aumentar o preço de R$ 6 para R$ 9. O aumento  valerá para o consumidor. A ideia é de tornar o preço para as vendas ao governo mais baixo.
A saída já desperta críticas. Embora o argumento de urgência para encontrar soluções seja muito convincente, há quem defenda ainda uma estratégia para que laboratórios públicos se tornassem capazes de produzir a matéria-prima. O simples aumento de preço seria apenas para atender uma reivindicação da indústria farmacêutica.
A falta de penicilina na rede pública levou a secretaria de Saúde do Estado de São Paulo a indicar o uso de Ceftriaxona, um medicamento sem eficácia comprovada para o tratamento de gestantes com sífilis.  “É de conhecimento geral a falta de penicilina G cristalina em nível nacional e os serviços de saúde do estado de São Paulo também têm encontrado dificuldades na sua aquisição”, explica o texto oficial..
Falta do medicamento em vários países
Desde 2015, tanto a penicilina benzatina, que trata as mães para evitar a transmissão ao bebê, quanto a cristalina, para tratar as crianças, entraram na lista de remédios em falta no país. E isso não aconteceu apenas no Brasil.
O problema é que a produção da penicilina cristalina está nas mãos de empresas da China e da Índia, que fornecem a matéria-prima para laboratórios no mundo todo fabricarem a penicilina, segundo o Ministério da Saúde.
Até junho, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) barrava a compra de alguns fornecedores por falta de registro de matéria-prima. Agora, a agência decidiu dispensar esse registro até dezembro de 2016 por conta do aumento de casos da doença no país.
Em junho, o ministério fez uma distribuição emergencial de 500 mil frascos de penicilina benzatina para tentar “assegurar o abastecimento do medicamento para o tratamento da sífilis gestacional”.
A microcefalia é uma das consequências pouco lembradas da infecção bacteriana geralmente transmitida por contato sexual. Em seis anos, a taxa de incidência da sífilis em bebês com menos de um ano quase triplicou. Passou de 2 a cada mil nascidos vivos, em 2008, para 5,6 a cada mil nascidos vivos, segundo dados preliminares do Ministério da Saúde. Foram 16.266 casos registrados em 2014.
Nesse mesmo período, a taxa de sífilis em gestantes passou de 2,7 para 9,7 casos a cada mil nascidos vivos.
A sífilis causa morte de cerca de 30% dos bebês infectados e sem tratamento durante a gravidez, além de gerar vários problemas de desenvolvimento nas crianças nascidas com a doença, como má-formação, surdez, cegueira, pneumonia, feridas no corpo, dentes deformados e problemas ósseos.
Os anos de 2014 e 2015 foram desafiadores para o tratamento da sífilis no Brasil. Além do aumento de casos por falta de prevenção sexual, houve falta de dois tipos de penicilina –remédio essencial no tratamento.
Tanto a penicilina benzatina, que trata as mães para evitar a transmissão ao bebê, quanto a cristalina, para tratar as crianças, entraram na lista de remédios em falta na rede pública. E isso não aconteceu apenas no Brasil.
O problema é que a produção da penicilina cristalina está nas mãos de empresas da China e da Índia, que fornecem a matéria-prima para laboratórios no mundo todo fabricarem a penicilina.
E até junho, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) barrava a compra de alguns fornecedores por falta de registro de matéria-prima. No entanto, a agência decidiu dispensar esse registro até dezembro de 2016 por conta do aumento de casos da doença no país.
De transmissão sexual, como o HIV, a infecção é menos conhecida e menos temida pela população. Assim, doentes deixam de se tratar e a doença, que deveria ser de cura simples, entra em um círculo vicioso.
O tratamento dura três semanas e não precisa de internação, mas é necessário que ambos os parceiros tomem a penicilina.
(Com informações da assessoria de imprensa e dos jornais)

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