GERALDO HASSE
Em artigo na Carta Capital, o economista Delfim Netto anotou os problemas enfrentados pela Petrobras, que atravessa um período complicado. Para o ex-ministro do milagre econômico da ditadura militar, são estes os problemas da Petrobras:
1 – Corrupção administrativa de altos funcionários, especialmente no superfaturamento de encomendas em conluio com grandes empreiteiras
2 – Problemas com investidores norte-americanos que se consideram lesados por “propaganda enganosa” no lançamento de ações da BR na Bolsa de Nova York
3 – Queda de 30% nas cotações internacionais do petróleo (de US$ 100 para US$ 70), o que a obrigará a frear investimentos no pré-sal
4 –Dívida equivalente à sua receita anual (cerca de R$ 300 bilhões)
5 – Lucratividade reduzida por ter sido obrigada pelo governo a manter baixos os preços dos derivados do petróleo em nome do controle da inflação
6 – Obrigada pelo governo a priorizar encomendas (barcos e plataformas de prospecção de petróleo) à indústria nacional
7 – Imagem pública destruída
Depois de mostrar as sete pragas da nossa estatal do petróleo, Delfim elogia a Petrobras por já estar produzindo 500 mil barris diários de petróleo do pré-sal (jazida descoberta em 2006) e ter ampliado sua capacidade de refino, o que significa aumento das receitas e redução das importações.
Ou, seja, tirando a roubalheira praticada por funcionários mancomunados com empreiteiras e políticos, a Petrobras continua admirável, inclusive por ter reabilitado a indústria naval brasileira, o que só configura problema para quem vive da importação de equipamentos e de operações financeiras com o exterior.
O problema associado a essas pragas/conquistas é que o custo operacional e financeiro de tudo pode ter passado dos limites do razoável, mas é bom lembrar que a Petrobras não pode ser encarada como uma empresa qualquer. Ela tem uma missão constitucional – zelar pelo cumprimento do monopólio estatal do petróleo. Desde sua fundação em 1953 tem sido usada como instrumento de gestão da economia. Felizes os brasileiros por possuírem uma empresa tão poderosa.
É aí que os liberais como Delfim Netto torcem os bigodes. Estão contrariados. Perderam a eleição presidencial e querem a revanche. Se a Vale do Rio Doce foi privatizada, por que não a Petrobras? É o que pensam, deixando o traseiro à mostra.
Em muitos casos, privatização e prevaricação são a mesma coisa.
LEMBRETE DE OCASIÃO
A Refinaria Abreu Lima, mais conhecida como Refinaria do Nordeste, que foi projetada para ser uma “joint venture” entre a Petrobras e a PDVSA, está começando a operar — sem a participação da Venezuela — e seu custo final ficou em R$ 18 bilhões, 80% acima do maior valor admitido pela Petrobras no momento da aprovação do orçamento da obra em 2009. Os números são da própria estatal, que não deu qualquer explicação para tamanha discrepância orçamentária. Aí tem
Campanha subliminar pela privatização da Petrobras
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Comentários
2 respostas para “Campanha subliminar pela privatização da Petrobras”
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# MAS qual é o problema em privatizar a Petrobrás? Não vejo campanha sub-liminar mas acho que deve haver campanha bem aberta, bem liminar Estão faltando políticos e empresários para dizerem as coisas certas. Não é função do Estado cuidar de nenhum negócio ou empreendimento, muito menos de petróleo.
Não há mais nenhuma empresa petrolífera estatal no mundo, a não ser no mundo sub-desenvolvido que não valoriza o real investimento estatal onde ele deve estar. A função do Estado é cuidar de direitos sociais e ter agências para isto, garantindo a igualdade de oportunidades e de condições sociais.
O Estado-empresário é algo dos anos 40 e 50, uma visão ultra-retrógrada do nazismo, do comunismo e do desenvolvimentismo conservador latino-americano e da Europa dos bálcãs… -
Não vejo problema algum na privatização da Petrobrás. Sou completamente a favor. Quando a Vale e a Embraer foram privatizadas, estas empresas simplesmente decolaram. O estado não deve se meter onde não tem competência (bem, atualmente os nossos governantes não têm competência para se meter em nada, até mesmo no que é essencial para um país): saúde, educação, segurança. Nestas três áreas, que deveriam ser de competência exclusiva do Estado Brasileiro, é onde o Brasil mais patina. Imaginem então um Estado querendo ser empresário. Não dá certo.
No Rio Grande do Sul tínhamos a CRT, que detinha o monopólio da venda de telefones. Na época o produto era para poucos e caríssimo (eu comprei o meu através de contato com a diretoria da empresa e pelo preço exorbitante precisei pagar em 48 vezes).
Hoje os telefones são centenas de vezes mais baratos e mesmo a pessoa mais simples, mais humilde, consegue ter telefone. Na época da CRT era sinônimo de status social ter um telefone em casa.
O governo tem mais é que privatizar a Petrobrás e fazer o que sabe fazer melhor: cobrar impostos estratoféricos.
As maiores economias do mundo não tem empresas de petróleo. Tudo é privatizado. O Estado entra apenas com a fiscalização e o recolhimentos de impostos.
O Estado é tão burro que certa vez, aqui no sul, resolveram fiscalizar todas as padarias para ver se tinha algum tipo de sonegação. (no Estado tínhamos mais de 5 mil padarias. Ou seja, impossível a fiscalização. Não seria mais razoável fiscalizar apenas os moinhos, que eram poucos?
Mas é tudo como diz o ditado: criar dificuldades para vender facilidades.
Dias desses li um comentário interessante: alguns americanos não conseguem entender como se paga um jee no Brasil quase 200 mil reais e o mesmo carro nos EUA 56 mil reais.
O governo tem que privatizar tudo o que for possível e manter agências reguladoras fortes (longe, bem longe dos políticos), assim como fazer parcerias público privadas.
O sistema atual está esgotado. O Estado paizão já era.
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